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APSEN

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Por:   •  19/9/2013  •  Projeto de pesquisa  •  2.367 Palavras (10 Páginas)  •  260 Visualizações

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1-INTRODUÇÃO

Em 1º de outubro de 2006, aos 53 anos de idade, Tatu pôde exercer seu direito de cidadão brasileiro e votou pela 1ª vez em sua vida.

A história de Tatu se confunde com a de milhares de brasileiros que passam sua vida sem poder usufruir os direitos básicos garantidos pela Constituição Brasileira. São brasileiros anônimos, sem documento nem identidade, que vivem à margem da sociedade que nega sua existência e tolera sua miséria com indiferença, única alternativa para suportar os deprimentes cenários produzidos pela desigualdade social tão gritante em nosso país.

Tatu, o protagonista anônimo de uma dessas milhares de histórias, nasceu José Joaquim Conceição. Solteiro, 53 anos, passou a vida toda lutando para sobreviver. Ajudar o Brasil a escolher seu Presidente, desenvolver o sentido de cidadania ou mesmo pertencer a um grupo, nunca foi sua principal preocupação. Antes, sua maior preocupação era garantir seu próprio sustento. Analfabeto e sem documentos, Tatu trabalhou nos últimos 17 anos como “catador“ de papelão.

Tatu passava o dia juntando papelão pela região de Santo Amaro, empurrando um carrinho, seu único patrimônio, em companhia de um cão tão indigente quanto ele.

Grande parte dos papelões era recolhida nas várias empresas que atuam na região. Dentre elas, uma das principais “fornecedoras” de Tatu era a APSEN FARMACÊUTICA, uma empresa com vocação para ser diferente.

Em 2004, a APSEN que estava passando por uma grande transformação em seu modelo de Gestão, implantou o PAR (Programa APSEN Recicla), que tem como um dos objetivos a reciclagem de papelões. Preocupado com o prejuízo que o programa causaria para o Tatu, Renato Spallicci, Presidente da APSEN, argumentou que, a esta altura, o Tatu já fazia parte da história da APSEN há tanto tempo que estava na hora de contratá-lo como funcionário.

Não foi tarefa fácil convencer o Tatu que valeria a pena trocar a vida nas ruas pela rotina da empresa. Foram necessárias muitas conversas, inclusive com parentes de Tatu, para convencê-lo a fazer uma experiência. Depois que ele aceitou a proposta de emprego a primeira dificuldade que a empresa encontrou foi a de ajudar o Tatu a alcançar as condições mínimas para viabilizar a contratação. Tatu não tinha documentos, não sabia ler, não conhecia números, nunca tinha consultado um médico. Para contornar as dificuldades burocráticas, a empresa disponibilizou um dos colaboradores da área de RH para ajudar o Tatu com os trâmites burocráticos para a admissão.

Primeiramente, Carolina Alves Lopes, Analista de RH, acompanhou o Tatu até um Poupa-Tempo para tirar a documentação. O segundo passo foi acompanhá-lo no exame médico admissional. Em virtude das péssimas condições de vida em que ele vivia, Tatu foi reprovado no exame médico. Ao invés de desistir diante das dificuldades, Carolina o levou ao Departamento de Pesquisa & Desenvolvimento da APSEN, onde ele foi examinado pelo Dr. Carlos Paris, Superintendente, o qual fez uma série de orientações médicas. Foram realizados vários exames e todas as providências necessárias foram tomadas para que Tatu conseguisse ser aprovado no exame médico. Com esse esforço, as condições de saúde de Tatu melhoraram muito.

Outra dificuldade que Carolina teve que enfrentar foi encontrar uma maneira de fazer o pagamento do salário de Tatu. Como a idéia de realizar o pagamento do salário em dinheiro traria dificuldades operacionais para a empresa, Tatu não sabia usar cartão eletrônico e nunca havia entrado em um Banco anteriormente, Carolina se dispôs a realizar um treinamento com Tatu para ensiná-lo não só utilizar o cartão eletrônico, mas também tomar os cuidados básicos para não ser enganado ou assaltado. Foram inúmeras idas ao Banco com Tatu até poder vê-lo realizar, sozinho, tal tarefa. Hoje Tatu relata orgulhoso que já foi ao Banco sozinho duas vezes.

Além, dessas questões burocráticas, Tatu também teve muita dificuldade no começo para se aculturar a nova realidade. Floriano Serra, Diretor de RH e Qualidade de Vida da APSEN, relata que uma das partes mais interessantes da história do Tatu foi o conflito que ele vivenciou no primeiro mês de trabalho na APSEN, porque foi uma mudança cultural muito grande no estilo de vida dele. Antes ele tinha liberdade e flexibilidade e passou a ter um chefe, um horário para cumprir, uma tarefa definida. Tatu trabalha na faxina.

www.espm.br/publicações

A tarefa dele é fazer com que as áreas externas da APSEN, incluindo as ruas, fiquem bonitas. A APSEN tem planos de construir um jardim, e quando isso acontecer, Tatu será o responsável por cuidar do jardim. Serra explica e Tatu concorda: “a missão dele é tornar essa rua bonita e essa missão é importante!”.

Apesar de todas as dificuldades que tiveram que enfrentar para contratar o Tatu, a APSEN jamais deixou de respeitar os direitos dele. Em momento algum ele foi pressionado ou obrigado a fazer qualquer coisa. Eles apenas conversavam com ele, mostravam as vantagens e o incentivavam a tentar se adaptar.

Tatu está na empresa há cinco meses. O carrinho de coleta de papelão está guardado no ferro-velho de um conhecido. O cão, seu companheiro, passa o dia rondando a APSEN, esperando Tatu sair do trabalho.

Rosangela, a Ouvidora da APSEN, que é pedagoga pediu a autorização de Serra para alfabetizar o Tatu depois do expediente. Tatu afirma que está melhor agora, que é melhor cuidar da faxina do que ficar na rua “pegando” papelão. Ele conta que no início sentia falta da liberdade, mas que se antes tinha liberdade, tinha também muita solidão. Hoje ele tem muitos amigos na APSEN.

Tatu diz que está feliz que hoje tem trabalho fixo, salário garantido, que almoça no refeitório da empresa onde a comida é muito boa. Quando questionado sobre o que melhorou em sua vida depois que começou a trabalhar na APSEN, ele responde orgulhoso: “Eu virei cidadão. Domingo eu votei para Presidente pela 1ª vez na minha vida”.

2. APSEN, UMA EMPRESA DIFERENTE

A história de Tatu não é uma exceção na APSEN. Muitas outras histórias se somam a do Tatu. Um outro bom exemplo é o caso de Manoel Vaz Monteiro, o Neco, 37 anos, portador de Síndrome de Down. Neco está na empresa há quase três anos. Como possui alguns problemas motores que dificultam sua locomoção, quando chegou, ficava sentado e as pessoas passavam pequenas atividades para ele realizar na mesa. Aos poucos começou a se movimentar. No início, ele praticamente se arrastava, pouco a pouco foi se desenvolvendo e ganhando autonomia. Suas tarefas foram se tornando mais complexas, sua locomoção foi

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