Curso de Engenharia de Controle e Automação

Ócio Criativo, por Domenico De Masi

CAMARGO, Tatiane 1, STIEGELMAIER, Claudinei 2

1, 2 FAHOR, Curso de Engenharia de Controle e Automação, Faculdade Horizontina, Campus Arnoldo Schneider, Avenida dos Ipês, 565, Horizontina, RS, Brasil.

RESUMO

Neste artigo está sendo abordado o tema ócio criativo desenvolvido pelo sociólogo italiano Domenico de Masi. Trazendo sua visão sobre o assunto dentro do atual cenário vivido no mercado de trabalho e de acontecimentos passados onde apresenta teorias para a fundamentação de seus conceitos. A análise destes conceitos nos remete a pensar o quanto nossa criatividade está sendo banida do dia-a-dia em nossos trabalhos, espera-se que o artigo sirva como uma ferramenta para reflexão e aplicação.  

Palavras chave: Ócio Criativo, Criatividade, Mercado de Trabalho.

Creative Leisure, by Domenico De Masi

ABSTRACT

In this article is being approached the creative leisure theme developed by the Italian sociologist Domenico de Masi. Bringing his vision on the subject within the current scenario lived in the labor market and past events where he presents theories for the foundation of his concepts. The analysis of these concepts leads us to think how much our creativity is being banished from our daily work, it is expected that the article serve as a tool for reflection and application.

Keywords: Creative Leisure, Creativity, Job Market.

1 INTRODUÇÃO

Domenico de Masi, cientista e sociólogo italiano, cidadão honorário do Rio de Janeiro – RJ, autor do conceito de ócio criativo, que foi defendido em sua obra. A ideia de ócio criativo foi proposta no meio da década de 90 como uma maneira inovadora de definir a relação entre trabalho, lazer e estudo.

2 DESENVOLVIMENTO

No livro O Ócio Criativo, Domenico demonstra como a alegria e satisfação pessoal no dia a dia aumentam a criatividade, que por sua vez faz crescer o potencial de imaginação necessário a um melhor desempenho produtivo no trabalho. Ele introduz um novo conceito de criatividade através do conceito elaborado por Silvano Arieti:

(...) a criatividade é um momento de síntese entre o consciente e o inconsciente, entre o nível primário - onde, segundo Freud, os materiais primitivos da nossa existência se sedimentam - e o nível secundário, lógico e consciente. (De Masi, 2000, pag. 187)

Através deste pensamento, o autor deu-se conta de que não era uma fórmula suficientemente completa, adicionando então na síntese entre os níveis consciente e inconsciente as esferas racional e emotiva. Entende-se esfera racional o conjunto dos conhecimentos e habilidades, e por esfera emotiva o conjunto das opiniões, comportamentos, emoções e sentimentos. Na opinião do autor a criatividade surge dessas duas sínteses.

A conceito de criatividade que surgiu então, defendido por De Masi, não se trata de simples fantasia, nem de simples concretude: trata-se de uma síntese entre estas duas habilidades. Onde não é só ter ideias, mas saber realizá-las: é unir fantasia e concretude.

Agora falando sobre o conceito de ócio, para a maioria das pessoas, o conceito de ócio pode ser confundido com preguiça. Porém, o ócio pode gerar produtividade e ter alguma significância, já a preguiça é insignificante por si só. Entendendo-se assim que o ócio criativo não está ligado a preguiça.

Ao contrário do que muitos acreditam, ócio criativo não significa não fazer nada. Por ócio criativo entende-se a união entre trabalho, estudo e lazer, de forma que alguém possa experimentar a riqueza gerada pelo trabalho, o conhecimento ocasionado pelo estudo e a alegria proporcionada pelo lazer.

O ócio criativo pode ser gerado de qualquer lugar. Trabalhamos hoje, muito mais com o cérebro (do que com as mãos, com a força bruta) do que há anos atrás, o que permite mais facilmente, por exemplo, o trabalho fora de locais padrão, como escritórios, sendo assim a atividade criativa pode ser gerada de qualquer local.

        O autor sugere com confiança que “a experiência de mudança estimula por sua vez a criatividade” (De Masi, 2000, p.104), onde, nesta obra, ele cita duas situações, uma sobre Mozart, muito famoso por suas composições sinfônicas que, desde a sua infância, girava pelo mundo dando concertos, visitando cortes, encontrando aqueles que lhe encomendavam obras, onde se diz que uma grande parte de suas composições tenham sido escritas dentro de carruagens durante os deslocamentos que fazia de um lado para outro. Neste fato descrito, podemos perceber que cada viagem contribuiu para enriquecer e refinar o seu espírito musical fazendo dele o grande gênio que todos conhecemos.

O autor diz ainda que “Mudar de lugar estimula a criatividade, até mesmo quando os lugares visitados não são muito diferentes daqueles com que estamos acostumados” (De Masi, 2000, p.104).

Com estas palavras o autor cita a outra situação que ocorreu há muito tempo com um príncipe, que fez uma promessa de ir a pé até Jerusalém caso recobrasse a saúde, a promessa feita quando se encontrava em uma grave enfermidade e notoriamente aterrorizado por sua morte iminente, mas quando curado arrependeu-se pela promessa feita pensando que era exagerada demais, na época, o bispo concedeu a permissão de trocar a viagem até Jerusalém em uma quantidade de voltas a ser dada no perímetro do próprio palácio, mas a soma deveria ser equivalente à distância entre a Sicília e a Palestina.

Durante esta “viagem” ao redor do próprio palácio, o príncipe, enquanto caminhava, escrevia em um diário, de onde sua criatividade ficou muito mais notória em relação as escritas feitas em outros períodos, demonstrando assim, que até uma viagem, um deslocamento fictício, como o citado, pode tornar muito mais imaginativo e mais sábio aquele que o realiza.

Domenico acredita que as pessoas viciam em ficar em seu trabalho após o horário de expediente regular, mesmo não tendo o que ser feito e provavelmente ficam matando o tempo e inventando novos procedimentos e regulamentos inúteis para impor aos outros, gerando assim muitos empecilhos à eficiência, produtividade e criatividade.