TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Fichamento Do Filme Cabra Marcado Para Morre

Monografias: Fichamento Do Filme Cabra Marcado Para Morre. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  26/11/2014  •  2.436 Palavras (10 Páginas)  •  521 Visualizações

Página 1 de 10

FICHAMENTO

DOCUMENTÁRIO: “CABRA MARCADO PARA MORRER”

O documentário retrata a trajetória da luta da liga camponesa de Sapé na Paraíba e dos habitantes de Galileia em Pernambuco, narrando assim, a história do Líder João Pedro Teixeira e sua família de forma a mostrar a luta deste povo tão sofrido.

Eduardo de Oliveira Coutinho, cineasta considerado um dos mais importantes documentaristas da atualidade foi quem dirigiu este documentário, um dos mais relevantes do cinema brasileiro denominado “Cabra marcado para morrer”. Seu trabalho relata de forma clara e objetiva as emoções e ideais dos camponeses, metalúrgicos, entre outros que fazem parte deste contexto.

Então, com um filme baseado em fatos reais Coutinho reconstituiu o assassinato do líder da liga camponesa João Pedro Teixeira, interpretado pelos próprios camponeses do engenho da Galileia.

Em Abril de 1962 começaram gravar essa produção, o filme iniciado com uma música mostrando um país subdesenvolvido, na temática fílmica mostra a população suburbana e crianças trabalhando o que não é muito diferente de hoje, retratando o poder apenas nas mãos de poucos e também a história política do líder da liga camponesa de Sapé (Paraíba), João Pedro Teixeira, assassinado aos quarenta e quatro anos de idade, em 1962, antes do início do filme.

No enterro de João Pedro Teixeira, Elisabeth Teixeira sua esposa, compareceu com seis dos seus nove filhos, os trabalhadores se reuniram em frente à liga camponesa de Sapé, sendo na época a maior do nordeste, com mais de sete mil sócios.

Dois anos depois em janeiro de 64, houve um conflito entre policiais, trabalhadores de uma usina e camponeses no povoado de Sapé, onde foram mortas onze pessoas e os policiais ocuparam a região, impossibilitando as filmagens.

Desta forma, toda a equipe se deslocou para o engenho de Galileia em Pernambuco, aonde havia nascido à primeira liga camponesa em 1955, para continuar as filmagens. Em 26 de fevereiro de 1964, foi iniciada a primeira tomada do filme com camponeses que acabara de conseguir suas terras após quatro anos de luta. João Mariano se destacou por fazer o papel de João Pedro Teixeira, apesar de não ser de Galileia, pois do projeto de filmagem com os participantes originais, só restaram Elisabeth e seus filhos.

Em 01 de Abril de 1964, o trabalho foi interrompido mais uma vez, pois Galileia foi invadida pelo exército da Paraíba, que procuravam os principais lideres camponeses: João Virgíneo, Zezé e Rosário, e também alguns membros da equipe de filmagem que acabaram presos, confundidos com estrangeiros revolucionários que apoiavam os camponeses, mas alguns conseguiram fugir para Recife, nesse mesmo período, alguns dos materiais da filmagem foram aprendidos, mas a maior parte delas foi salva por terem sido enviadas antes para o laboratório no Rio de Janeiro.

Em depoimento, um dos moradores de Galileia falou aos policiais que o que eles tinham era fome, doenças e precisavam apenas de terras para trabalhar e não armas para brigar e matar. Mostrando assim, que os trabalhadores que ali lutavam, lutavam apenas com as mãos e com a voz, mas como são fracos ficam sempre sem serem ouvidos, e no mesmo depoimento ele apontava aos policiais quem tenha armas na região, que eram os dois fazendeiros da cidade, dizendo para os policiais irem lá buscar, pois estes fazendeiros sim tinham muitas armas e eram cangaceiros, e os policiais os contraporão dizendo essas armas que eles têm eram deles, queremos as tuas, nos contaram que vocês têm mais de cinco mil armas para fazer a revolução.

Somente em Fevereiro de 1981, foi possível o retorno as filmagem, apenas dois camponeses que iniciaram o filme estavam vivos: José Hortêncio da Cruz e João Virgíneo Silva. Em entrevista com estes sobreviventes, eles relembram o que os motivou a fundar as ligas camponesas, o dilema de enterrar os seus parentes mortos, aonde só tinha um caixão na prefeitura para servir a comunidade, o caixão servia apenas para levar o corpo ao cemitério e logo teria que devolvê-lo à prefeitura, o famoso “Nono” e o forro que tinha que pagar anualmente ao dono do engenho cada ano mais caro para poder usar a terra.

Desta forma, se organizaram não só para decidir questões sobre votação ou plantio como pensava os donos dos engenhos, mas para lutar e fazer valer o seus direitos. Ao saber disso os latifundiários donos dos engenhos decidiu expulsar todos os moradores de Galileia, mas os mesmos se organizaram e contrataram um advogado para defender sua causa, em dezembro de 59 tiveram que desapropriar a terras, mas conseguiram uma indenização, porém até hoje ainda não conseguiram as escrituras de suas terras.

O documentário trás também, um pouco dos anos obscuros na história do Brasil ocasionados pela Ditadura Militar, sendo nestes 21 anos promovido uma violenta onda de repressão sobre os movimentos de oposição, incluindo as ligas camponesas, além de ter gerado uma menor concentração de renda, agravando as questões sociais, produzindo mais fome e miséria.

O contexto em que se deu essa ditatura foi a partir do momento em que Jango reassumiu a plenitude de seus poderes e lançou as reformas de base apoiadas por grupos nacionalistas e de esquerda. Elas incluíam a reforma agrária, a reforma do sistema bancário, a reforma tributária e a reforma eleitoral. Muitos comícios foram organizados em apoio a essas reformas, destacando-se um comício-gigante realizado na Central do Brasil do Rio de Janeiro em 13 de março. Essas mobilizações populares nos comícios assustavam as elites que articuladas com as forças armadas e apoiadas pelos setores mais conservadores da Igreja desferiram um golpe de Estado em 31 de março de 1964.

Dezessete anos depois destes acontecidos, o direto Eduardo Coutinho volta á região e consegue reencontra a viúva Elisabeth Teixeira e os outros camponeses que haviam atuado no filme, que até então viviam na clandestinidade. Este reencontro foi marcado por muita emoção. A equipe do filme organizou todo o material disponível que havia restado das filmagens de 62 e 64 e mostraram para os moradores de Galileia e os ex-atores do filme eram convidados especiais para essa projeção, o que mais interessava a esses atores era se identificar dezessete anos mais novos.

É destacado também deste reencontro, um dos ex-participantes do filme chamado Cicero, que se encontrava em outro estado trabalhando em uma fábrica, com sendo um dos únicos que sabia ler, que na época morava em Galileia e tinha ajudado como assistente de produção do filme.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (14.7 Kb)  
Continuar por mais 9 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com