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PRÁTICAS EDUCATIVAS NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA E OS DESAFIOS PARA UMA EDUCAÇÃO HUMANA INTEGRAL

Por:   •  29/10/2018  •  Artigo  •  3.499 Palavras (14 Páginas)  •  295 Visualizações

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PRÁTICAS EDUCATIVAS NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TECNOLÓGICA E OS DESAFIOS PARA UMA EDUCAÇÃO HUMANA INTEGRAL

Midian Freitas de Souza

Estudante do Mestrado Profissional de Educação Tecnológica do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Amazonas

E-mail: midianfreitas@gmail.com

Resumo

Este trabalho, apresentado sob o caráter de pesquisa bibliográfica, objetiva uma reflexão sobre as práticas educativas no âmbito da educação profissional tecnológica, partindo de um de seus pilares conceituais, a educação humana integral. Para tanto, necessário se faz pinçar da história alguns fatos que marcaram a EPT e suas transformações ao longo do tempo. Também não se pode esquecer de considerar os aspectos conceituais relativos à formação humana integral para que se possa , à luz de teóricos como Ramos, Moura, Saviani, dentre outros, considerar os desafios que envolvem uma prática educativa que se integre à concepção de educação que promova uma educação libertária.

Palavras-chave: Formação humana. Prática educativa. Formação de professores. Educação profissional tecnológica.

INTRODUÇÃO

A formação e a prática docente têm sido um dos temas mais recorrentes nas pautas de discussões da Educação Profissional Tecnológica (EPT), talvez em função da tão desejada e necessária obtenção de melhorias no processo de ensino e aprendizagem. Como diz Saviani (2009) “ na necessidade de retomar um discurso crítico, que considere as relações entre a educação e os condicionamentos sociais, de tal forma que a prática social seja indissolúvel da prática educativa. E nesse sentido, a prática educativa tem por finalidade a compreensão do aluno relativa ao saber historicamente produzido pelo homem. Desse modo, desmistifica um saber distanciado da existência do ser social para um saber construído a partir das relações sociais, políticas, culturais, econômicas, que vão se acumulando de gerações a gerações”.

Frente a essas considerações, entende-se que:

“[...] O homem não se faz homem naturalmente; ele não nasce sabendo ser homem, vale dizer, ele não nasce sabendo sentir, pensar, avaliar, agir. Para saber pensar e agir; para saber querer, agir ou avaliar é preciso aprender, o que implica o trabalho educativo” (SAVIANI, 2005, p. 7).

Considera-se essa discussão de fundamental importância nos cursos da educação profissional, posto que, esta modalidade de ensino forma para o mundo do trabalho, na perspectiva de uma formação integral que unifique a formação humana com a formação técnica. Assim, educação e ensino interagem numa organicidade tal que o ato de ensinar requer simultaneamente a (co)participação de professores e alunos que, de forma sistemática, organizada e planejada, (re)constroem os conhecimentos numa constante relação com o meio social local, regional e global. É por meio das relações sociais orgânicas que o processo ensino-aprendizagem vai se consolidando e neste sentido, “[...] o ato de dar aula é inseparável da produção desse ato e de seu consumo” (SAVIANI, 2005 p. 12-13).

Zabala (1998) em suas considerações sobre a função social do ensino e o processo de ensino aprendizagem afirma:

[...] ter o conhecimento rigoroso da tarefa do educador implica também saber identificar os fatores que incidem sobre o crescimento dos alunos. O segundo passo consistirá em aceitar ou não o papel que podemos ter nesse crescimento e avaliar se ,nossa intervenção é coerente com a ideia que temos da função da escola e , portanto da nossa função social como educadores. (ZABALA,1998 p. 2).

Para estabelecer as conexões entre esses entendimentos sobre as práticas educativas e a EPT, faz-se necessário compreender o contexto em que isso se dá e é a história que se recorre. Não somente o recorte histórico fa-se necessário, mas uma elucidação sobre um dos grandes pilares da EPT, a Formaçã Humana Integral.

Os pontos elencados objetivam corroborar com o que pretende esse trabalho: promover uma reflexão sobre os desafios de uma formação humana integral para a prática educativa na EPT, no contexto da contemporaneidade onde observamos a inserção de um modelo de racionalidade que evoca dos seres humanos a coisificação do seu pensar e do seu fazer, podendo, portanto, atingir as subjetividades e as práticas docentes.

Considerando-se esse cenário, a reflexão proposta seguirá a linha da pedagogia histórico-crítica. Com efeito, essa pedagogia é: tributária da concepção dialética, especificamente na versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades, no que se refere às suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural desenvolvida pela “Escola de Vygotsky”.

2 O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

A educação profissional tem em sua historicidade inicial, a marca da Revolução Industrial: a produção artesanal deu lugar para a produção por máquinas. Surgiram, assim, os teares gigantes e as locomotivas a vapor (“Maria fumaça”). Não somente se produzia com maior rapidez como também se transportava mercadorias e pessoas num tempo mais curto, com custos mais baixos. Essas alterações das relações de produção e capital, exigiam também uma nova conformidade na difusão das técnicas, preparando gerações futuras para a continuidade dos ofícios. “A mão-de-obra precisava ser capaz de atender à demanda emergente, ou seja, de servir à maior produção de bens para o consumo” (MANACORDA, 1995, p. 287). Já não se podia aprender por ensaio e erro, com qualquer pessoa da comunidade. O trabalhador necessitava de conhecimento técnico, dominar seu ofício. Disseminaram-se, então, as escolas de artes e ofícios.

Pode-se considerar que, no Brasil, a Educação Profissional e Tecnológica teve seu início oficial com o Decreto n.º 7.566, de 23 de setembro de 1909, sancionado pelo Presidente Nilo Peçanha, que havia assumido o cargo após o falecimento de Afonso Pena, em julho de Foram criadas, então, 19 Escolas de Aprendizes Artífices, em cada uma das capitais dos estados da República, com o objetivo de formar operários e contramestres, ministrando-se o ensino prático e os conhecimentos técnicos necessários aos menores que pretendessem aprender um ofício. Como destaca Moura (2007, p. 27), essas escolas, contextualizadas em um período em que o desenvolvimento industrial praticamente

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