Resumo Do Filme Pro Dia Nascer Feliz

A instituição escola é o cenário do filme "Pro dia nascer feliz". Seus personagens são jovens estudantes das regiões nordeste e sudeste do país. O texto coloca em evidência as diferentes realidades que permeiam as escolas nos grandes centros urbanos do Brasil. No filme, jovens e professores de instituições públicas e privadas, são entrevistados e observados nas salas de aulas, nos corredores, nos conselhos de classe, no pátio, etc.

O filme caracteriza-se como um documentário e, em função disso, contou com pesquisa de campo prévia e entrevistas com profissionais da área da educação e da psicologia. Isso, com o intuito de facilitar uma aproximação com o contexto escolar e com as questões teóricas, sociais e culturais que perpassam este espaço como: violência, fracasso, exclusão, avaliação, questões raciais, desigualdades sociais, etc.

O filme indica que há muitos discursos que atravessam e constituem o espaço escolar, para além do discurso pedagógico. É o discurso político, econômico, do mundo do trabalho, familiar, das drogas e da violência, entre outros. Se a educação estivesse ligada apenas a questões como planejamento e didática, não seria necessário que professoras discutissem em conselho de classe sobre os efeitos da avaliação na vida futura dos alunos. Este é um dos impasses do sistema educacional, visibilizado de modo indiscutível e esclarecedor quando o filme mostra a reunião do conselho de professoras de uma escola na periferia do Rio de Janeiro. Nele discutem se passam ou não por conselho um aluno considerado difícil, pois a preocupação reside mais na possibilidade de que o aluno caia na marginalidade do que em determinar que ele aprenda o conteúdo ensinado.

Assim entendo que, comportamentos, relacionamentos, emoções e humanidade, estão tão presentes na escola quanto em qualquer outro lugar da esfera social, afinal, "a escola não é diferente do mundo", afirma Suzana, uma das professoras entrevistadas do filme.

Uma das cenas mais belas e, ao mesmo tempo angustiantes do filme, fica por conta de Valéria. Estudante da periferia de Pernambuco, dona de uma inteligência criativa e consciente de sua realidade social, vai mostrando ao espectador a dificuldade e a precariedade de ser jovem e estudante no local onde vive. Escreve poemas lindamente, mas lamenta a dúvida das professoras quanto a sua capacidade de autoria. Parece-me que há uma recíproca descrença: o professor não acredita no aluno e por conseqüência não espera muito dele; os alunos não acreditam na escola e também não esperam muito dela. Entretanto, este é um local de passagem ainda considerado socialmente importante e necessário.

A fala de alguns jovens do filme pode parecer emblemática, na sociedade atual, de uma juventude que se vê sem perspectivas ou sem rumo, dentro daquilo que, enquanto classe média, se convencionou chamar projeto de vida.

Um projeto de vida pode não estar, necessariamente, implicado com um planejamento prévio, complexo das coisas, em longo prazo. Pode, simplesmente, envolver em uma escolha qualquer, a realização de uma tarefa simples, cotidiana, esperanças e desejos mais imediatos. No meu ponto de vista, os depoimentos chegam a seu ápice com a narrativa de uma jovem que assassinou a facadas uma colega dentro do colégio, por motivos que parecem banais (se é que há motivos que justifiquem o extermínio da vida de alguém). A voz da jovem é colocada em off, e sua imagem é ocultada da câmera, colocando em destaque apenas os pingos de chuva que caem no pátio da escola. A adolescente conta o feito e refaz a cena de forma orgulhosa, quase heróica entre os risos dos colegas. Finaliza dizendo que não há problema em matar, porque