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A Primeira Sociedade da Afluência Resenha

Por:   •  19/8/2019  •  Resenha  •  859 Palavras (4 Páginas)  •  494 Visualizações

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A PRIMEIRA SOCIEDADE DA AFLUÊNCIA

        A partir da leitura do texto "A primeira sociedade da afluência", do antropólogo contemporâneo Marshall Sahlins, é possível identificar algumas ideias gerais para o entendimento da tese do autor. Nesse sentido, primeiramente, é importante observar o seu caráter determinista cultural e suas influências teóricas, tais como Karl Polanyi, Julian Steward e Claude Lévi-Strauss. Embora também se note um marxismo em sua obra, esse se encontra restrito ao sentido comunitário e crítico do capitalismo, pois o autor se opõe teoricamente a Marx, o qual tinha concepções evolucionistas. Além disso, Sahlins se utiliza de uma linguagem simples, de metodologia comparativa e de crítica à sociedade moderna para proporcionar uma leitura reflexiva e questionadora.

        É com base em todas essas características que o antropólogo rompe com a ideia amplamente difundida de que os povos que viveram no paleolítico tiveram uma organização econômica primitiva, baseada meramente na subsistência, além de uma vida muito difícil que acarretava num trabalho árduo pela busca de suprimentos pois acreditavam que seus recursos naturais eram escassos e, em função disso, o prejuízo no desenvolvimento de suas culturas, já que o tempo seria restrito ao trabalho. Essa concepção é considerada como uma "posição tradicional", difundida principalmente pelos teóricos evolucionistas que consideram o "salto neolítico" como muito importante para o desenvolvimento humano. É a partir de métodos ultrapassados, através de comparações particulares com economias neolíticas que esses teóricos chegaram a essas conclusões. Dessa maneira, são totalmente contestáveis suas afirmações, pois, além de uma análise baseada em concepções etnocêntricas, esses observadores podem estar falando de economias já destruídas ou abaladas pela colonização, segundo Sahlins.

        Em contrapartida a essa perspectiva tradicional, o autor define as sociedades da caça e coleta como "sociedades de afluência", com abundância de recursos, e traça, ao longo do texto, provas etnográficas, como gráfico de trabalho e de nutrientes consumidos em diversas sociedades, os quais mostram que os caçadores e coletores trabalham menos do que um trabalhador moderno, a coleta de alimentos é intermitente, o descanso abundante, há maior quantidade de sono no tempo diário do que em qualquer outra condição social e a quantidade de nutrientes e calorias consumidas por um indivíduo adulto é equivalente a da modernidade. Assim, essa economia não exigia grandes esforços físicos e era costume, inclusive, fazer do trabalho um ato prazeroso, como "caminhar colhendo comida vagarosamente, como se estivesse passeando", como afirma George Grey (1941, apud SAHLINS, 1978, p. 31). Nessa ótica, Sahlins também traça uma comparação crítica com a economia capitalista: "livres da obsessão de escassez do mercado, a economia dos caçadores talvez se funda mais constantemente na abundância do que as de nossa economia" (p. 8). Dessa maneira, a percepção de que as sociedades capitalistas são mais evoluídas economicamente não faz sentido, pois essas se consagram através da escassez de recursos e do intenso trabalho. Outro ponto importante é o de que esses povos não têm noção de posse e desejo de acumulação. Na verdade, a acumulação para eles é um fardo, já que estão sempre se deslocando devido às condições climáticas, assim "mobilidade e propriedade são contraditórios" (p. 17). No entanto, não se pode negar algumas dificuldades dos coletores e caçadores. De modo geral, alguns lugares poderiam ter deficiência de alimentos em determinadas estações do ano, mas quando isso acontecia, a comunidade procurava outros locais com mais recursos. Assim, é impossível um viajante afirmar que um ambiente não proporciona alimentos em abundância para os nativos, pois mesmo que não seja favorável, o nativo conhece a terra e sabe quais meios são mais fáceis na obtenção de alimentos.

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