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ANALISE SOCIOLÓGICA DO FILME ALÉM DAS MONTANHAS

Por:   •  11/9/2019  •  Relatório de pesquisa  •  1.234 Palavras (5 Páginas)  •  149 Visualizações

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ANÁLISE SOCIOLÓGICA DO FILME "ALÉM DAS MONTANHAS" SOB O OLHAR BIBLIOGRÁFIO DE BECKER E DURKHEIM

Esta análise é feita levando em consideração os textos abordados na Unidade 1, sendo estes: - As Regras do Método Sociológico - Émile Durkheim. Capítulo 3 - Regras relativas à distinção entre o normal e patológico. - Outsiders - Howard S. Becker. Capítulo 1 - Outsiders; Capítulo 2 - Tipos de desvio: um modelo sequencial; Capítulo 7 - As regras e sua imposição; Capítulo 8 - Empreendedores morais. Acerca das regras relativas à distinção entre o normal e patológico, Durkheim estabelece um objeto de investigação da sociologia - os fatos sociais, e a cria um método positivista para estudo da sociedade, método este que se baseia na explicação e comparação. Ele elucida acerca da neutralidade científica, a ciência nada ensinaria sobre o que devemos querer, e que esta apenas observa e explica os nossos interesses, sem fazer julgamento. Com isso, podemos saber como as causas geram os efeitos, mas não os fins que devem ser seguidos. Sendo assim, ao estudar os fatos sociais, deve-se desconsiderar todo sentimento, juízos pessoais, opiniões formadas em relação ao objeto estudado. Durkheim vê a sociedade como organismos vivos, em evolução e adaptação por si mesmos, o que acarreta na imposição do social sobre os indivíduos. Partindo do ponto que as sociedades evoluem, é possível então analisá-las. Ao tratar do normal e patológico, e considerando as sociedades como organismos vivos, essa podem apresentar estados de saúde (normalidade, consenso) e estados patológicos (doenças, conflitos). Os fatos sociais normais são os que apresentam formas mais gerais, é aceito por todos e contribui para a evolução e adaptação do organismo social, os outros seriam os fatos patológicos, ou mórbidos. Na bibliografia de Becker, vemos acerca da relativização das regras sociais que definem como certo ou errados as situações e comportamentos de indivíduos. Segundo o autor, regras, desvios e rótulos são sempre construídos em processos políticos, nos quais alguns grupos conseguem impor seus pontos de vista como mais legítimos que outros. Trata o desvio como um resultado de um todo e não só ao ato infringido ou a quem o pratica, devido a complexidade da sociedade, em ser composta por diversos grupos, pela imposição das regras e rotulações. temos então grupos dominantes e grupos desviantes. Mais a frente, Becker expõe sobre as regras, de como estas precisam ser impostas, uma vez que não funcionam de forma automática. A imposição destas, é um empreendimento dependente de interesses e de iniciativas de autores para torná-las públicas. Vemos então sobre os empreendedores morais, que se trata das pessoas que criam e apresentam iniciativas de criar aas regras, e acarretando na criação de outsiders. Em relação ao filme Além das Montanhas, de Cristian Mungiu, a história se inicia com o reencontro de duas amigas, Alina e Voichita, que cresceram juntas num orfanato na Romênia mas que seguiram caminhos diferentes. Voichita foi para um monastério ortodoxo, enquanto Alina foi para a Alemanha trabalhar. O reencontro se dá com a chegada de Alina ao monastério em que Voichita se encontra. Neste momento cada uma tem sua expectativa acerca do encontro: Alina pretende que Voichita vá com ela viver e trabalhar na Alemanha, enquanto Voichita espera que sua amiga fique no monastério e aceite as doutrinas do lugar. Alina pede ao padre para que Voichita passe um tempo no monastério, este concede o pedido e Alina começa a viver a rotina do lugar. Já é possível daqui enxergar Voichita como uma outsider, uma vez que seu dia-a-dia e modo de vestir difere da vida das irmãs do monastério, ela foge da regra geral do lugar. Noto também como o padre detém a responsabilidade do lugar e como este toma todas as decisões do lugar. Para Alina ficar no monastério, é dada a condição de que ela passe por dogmas estabelecidos, como a confissão e tomar a hóstia. Neste ponto, vemos a respeito das regras e suas imposições. Alina é condicionada com o modo de vida do lugar, e seus atos podem não ser vistos da mesma forma que era visto na Alemanha. Em certo ponto Alina tem um surto e é levada ao médico, onde é diagnosticado com problemas psiquiátricos e febre. Os médicos receitam remédios para a menina e conseguem estabilizá-la, sugerem que ela seja levada para o monastério, por ser um lugar calmo e harmonioso. O padre tenta relutar com a decisão mas acaba aceitando que a menina volte para lá. O filme volta a acontecer no monastério abordando a rotina do local. Percebo então como o monastério é estruturado de uma forma muito severa, as freiras estão sempre condicionadas a obedecer as ordens impostas e não questionam sobre a origem das ordens e das verdades que lhes são ditas. Alina por outro lado tem interesse em saber os por ques do que lhe é ordenado e dito. Por parte do padre e das freiras, Alina é vista como um fato patológico, foge as regras do lugar, e também outsider, por não seguir as regras do ambiente, estas coisas começam a acarretar também na forma como Alina enxerga os mesmos. O padre então diz que para Alina ficar no monastério essa precisa vir de forma integral, para isso é necessário que a mesma dê para o monastério o dinheiro e bens que possuem, Alina se prontifica a fazer tudo o que é pedido a ela, e passa a morar no monastério. Aqui vejo o esforço de uma outsider para pertencer a um grupo, ela toma de atitudes que a faça pertencer ao monastério. Os surtos de Alina continuam a acontecer e não demora muito para que relacionem o fato com a menina estar possuída por demônios. Uma vez que a mesma já era vista como diferente por ser taxada como infratora de inúmeros itens referente a livro do pecado. Interessante notar como a fé influencia no modo de pensar do indivíduo. Por ser relacionada à possessão de demônios, Alina começa a ser tratada de uma forma mais brutal, e passar por situações de maus tratos. A menina é amarrada em diversos momentos por causa de seu surto, mas todos do monastério acreditam que seja manifestação do demônio. Neste contexto, vejo como o laudo médico é totalmente ignorado e como a doutrina se sobrepõe, as regras do monastério se sobressaltam as regras sociais. No auge do seu surto, Alina entra no Santuário da igreja, local onde somente o padre poderia entrar, e começa a debater com a padre quando este chega no local, ao confrontar o padre, mais uma vez é vista como possessa por demônios. Nisso, pessoas estão chegando até o monastério, e a missa já está para começar. Por isso as freiras prendem Alina em pedaços de madeira, usam de correntes para amarrá-la e é levada para um cômodo para que não atrapalhe a ordem da missa, a menina então começa a passar por um processo denominado jejum negro, onde não se pode comer e nem beber nada. O padre dá a ordem para que se inicie o jejum negro, um processo em que não se pode comer e nem beber coisa alguma. Alina não consegue passar por tudo o que foi submetida e é levada ao hospital, quando chega lá a menina já está sem vida. Os funcionários do local começam a indagar as freiras sobre a forma como Alina foi tratada no monastério e que isso acarretou na morte da mesma.

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