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Apologia de Raymond Sebond

Por:   •  10/7/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.793 Palavras (16 Páginas)  •  197 Visualizações

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RESUMO:

O presente trabalho visa realizar uma leitura e analise referente aos dois capítulos da obra de Michel Montaigne, estes são: “Dos Canibais”, Livro I, cap.31, e posteriormente “Apologia de Raymond Sebond”, Livro II, cap. 12. Trata-se de apresentar uma perspectiva sobre o que o levou Montaigne a construir sua crítica da razão o que é dita como a principal problemática em suas reflexões construídas em seus ensaios. Com o pretexto de compreender o que estava certo e errado na conduta humana, o autor busca através de suas reflexões explicar o que levava os homens á se sentirem mal consigo mesmos e inadequados. Vai sustentar a tese de que a razão não tem um valor de absoluta superioridade, conturbando desta forma, toda a tradição filosófica que depositava toda a confiança na razão, sobretudo como instrumento do conhecimento. Esta analise é desenvolvida em quatro etapas. A primeira abordará brevemente a concepção antropológica abordada nos ensaios; em segundo lugar, pretende-se perceber com maior clarividência os motivos que levaram Montaigne a criticar a razão que é instrumentalizada na tarefa de justificação das chamadas verdades religiosas; em terceiro lugar, trata-se da crítica da ciência que é abordada no ensaio, onde o autor quer derrubar a tola vaidade e sacudir os fundamentos sobre os quais se constroem as falsas ideias produzidas pela ciência; na quarta e última etapa, pretende-se abordar a questão da impossibilidade de se formular, a partir da razão, um conjunto de normas, regras e leis com validade objetiva a qualquer grupo humano.

PALAVRAS-CHAVE: Montaigne, Analise, Critica Razão.

Introdução:

        Tendo como perspectiva que o tema da razão é algo central na obra de Michel Montaigne, vamos aborda-lo a partir da “Dos Canibais” e da “Apologia de Raymond Sebond” ambos fazem parte dos Ensaios, Tratando-se de ensaios, os quais são reconhecidos como sendo referências para quem pretende compreender profundamente os mais relevantes aspectos abordados em sua critica cética á razão humana desenvolvida por Montaigne, o filosofo sempre se mostrou muito critico ao poder atribuído á razão a qual comenta Floriano Ferreira:

“Montaigne questiona de uma forma muito incisiva o poder da razão e “põe em xeque” este suposto poder. A crítica por ele desenvolvida não se limitou a rebaixar a filosofia “profissional”, a suspeitar de todo o conhecimento produzido pela ciência, mas atacou também duramente a pretensão humana de tudo querer conhecer através da razão, pretensão que se estende inclusivamente a Deus, através das grandes construções racionais da teologia.” (Introdução, pág. 6).

                Michel Eyquem foi jurista, político, filósofo, escritor e humanista. Nasceu em dia não sabido em 1533, no Castelo de Montaigne, de propriedade de seu pai, na Dordonha (França). Adotou o nome da propriedade ao herdá-la em 1568. Michel de Montaigne foi educado em latim e sempre dedicou interesse às letras, história e poesia. Também se interessava pelos relatos de viagem, é considerado o inventor do estilo literário do ensaio e sua principal obra tem por título precisamente o nome “Ensaios”, onde o autor escreve sobre vários assuntos relevantes da época e onde demonstra com grande eficácia sua crítica aos preconceitos, ao etnocentrismo e à intolerância religiosa (em plena época da guerra das religiões).

Montaigne foi um filosofo atípico ao seu tempo, podemos o considerar como um livre pensador, alguém que se dedicava á pensar sobre as questões humanas, suas características, inconsistências e diversidades. O filosofo não pertencia á um sistema definido, não era um moralista tão pouco doutrinador, porém isso não o impede de ser um pensador ético.

O pensador buscava compreender o que estava certo e errado na conduta humana e assim através de suas reflexões e introspecção o que levava os homens á se sentirem mal consigo mesmos e inadequados sobre questões que vão desde o próprio corpo aos princípios morais e o medo de ser julgado de forma negativa pelos os outros.

        Enquanto a maioria dos filósofos afirma que a racionalização, uma mente pensante, pode nós levar á felicidade. Como nós diz Kant ao falar que a racionalização e a lógica nós encaminhará para o bem comum, Montaigne reverte isso ao constatar de que nossos problemas sociais e inadequações se dão justamente por essa busca excessiva pela racionalidade.  

Montaigne relata que a racionalidade nós deixa arrogante ao ponto de acharmos que a nossa perspectiva do que é certo e errado é aplicável para os outros como uma norma. E um exemplo muito claro disso nós é fornecido em seus ensaios ao falar sobre a descoberta do novo mundo pelos espanhóis e com os massacres dos nativos.

Em Os Ensaios: Dos Canibais, o autor nós oferece um testemunho real, segundo ele de um homem “simples e rude” que vivera na França Ártica, sem a intenção de se promover. Iniciando os relatos sobre o “Novo Mundo”, nos fornecendo algumas características daquela sociedade, no caso os índios Tupinambás brasileiros, falava sobre o aspecto paradisíaco do lugar, sobre a fartura e a beleza que se mostrava para ele daquele lugar, seus hábitos e costumes, sua forma de interagirem entre si, sua religiosidade. E principalmente sobre a questão mais polêmica de sua obra que se encontra na realização do costume da Antropofagia realizada pelos Tupinambás, tal costume consistia nos vencedores matar e degustar o corpo do inimigo capturado durante a guerra. Nesse ritual “para os Tupinambás, ser morto e ter as partes degustadas pelo inimigo eram ato de maior coragem e virtude. O capturado sentia orgulho de descansar no estômago do inimigo, pois assim, poderia alcançar a terra do além vida. Aos que degustavam o inimigo, não se tratava ali de uma refeição, mas sim de uma vingança completa”

Analisando os costumes do povo Tupinambá, Montaigne desenvolve a sua reflexão sobre “barbárie” e “civilização”, ao questionar quem estaria com a razão no confronto entre Europeus e Indígenas, que em nome de uma suposta civilização cometiam atrocidades com extrema violência contra os Tupinambás.

“Montaigne afirma que não pretende tirar o peso da brutalidade do ato de “canibalismo” dos indígenas, mas que os europeus condenavam aquele ato brutal e ao mesmo tempo não olhavam para sua própria barbárie. Diz ele ver mais barbárie em matar seus vizinhos e concidadãos em nome da religião, do que matar o mais antigo inimigo”.

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