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Atividade de Introdução às Ciências Sociais

Por:   •  9/8/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.825 Palavras (8 Páginas)  •  154 Visualizações

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AVALIÇÃO DA III UNIDADE EM 02/06/2016

Questões da prova

1. Com base nas leituras de Mariano Grondona considere, com reflexão própria, qual a importância da cultura no processo de desenvolvimento econômico sustentável?

        A cultura é de extrema importância para o processo de desenvolvimento econômico sustentável de um país, pois fatores culturais encontrados em países progressistas, tais como confiança, controle sobre o próprio destino e respeito pelos outros, são uma fonte de explicação do porquê determinados países tradicionais não conseguem escapar do subdesenvolvimento. A partir do momento em que países com cultura tradicional passarem a investir em uma mudança cultural no qual haja foco em valores intrínsecos, ou seja, em valores que não irão mudar mesmo que o objetivo, de sair do subdesenvolvimento, por exemplo, seja alcançado. A partir do momento em que países tradicionais passaram a investir em educação com o objetivo de formar pessoas que pensem “fora da caixa” e apoiar esses indivíduos, através do sistema legal, ao proporcionar liberdade para o processo criativo, vai começar-se a ter uma mudança, para melhor, na cultura desses países. Deixar-se de lado a cultura imediatista, por exemplo, seria um grande passo para culturas que resistem ao desenvolvimento econômico, pois o progresso não é feito no curto prazo e sim, no longo prazo, através de vários pequenos passos. Incentivar e fornecer a ferramentas necessárias para que os indivíduos percebam que eles são os comandantes das suas próprias vidas seria outra necessidade. Portanto, sim, a cultura é um fator de influência no que se refere ao desenvolvimento econômico e pode ser através dela que um país pode passar a ser progressista.

2. O autor estudado monta dois tipos de modelos valorativos tipos ideais. Com qual deles o Brasil se aproxima mais? Considere sua resposta tomando e argumentando cada um dos valores com a realidade brasileira, para fundamentar sua resposta.

        De acordo com que é apresentado no texto de Grondona, o Brasil se aproxima do sistema de valores ideais que resistem ao desenvolvimento econômico, ou seja, é um país mais tradicional. Podemos perceber isso ao se comparar a realidade brasileira com os vintes fatores culturais contrastantes apresentado pelo autor. Vejamos as comparações:

  • Religião: nos países modernos não se tem impedimentos de ordem religiosa contra as atividades que visam o lucro, inclusive, tais atividades são incentivadas, já que o sucesso financeiro seria prova da benção divina. No Brasil, o que se observa é uma preferência pelos pobres, característica vinda da maioria “publicana” existente no país, no qual o pobre se sente justificado pela sua pobreza e o rico se sente desconfortável pela sua riqueza. Portanto, os hábitos e crenças religiosas mais tradicionais ainda são obstáculos ao desenvolvimento econômico.

  • Fé no indivíduo: sendo o trabalho e a criatividade dos indivíduos os principais motores do desenvolvimento econômico, podemos observar que em sociedades desenvolvidas, os indivíduos têm liberdade de desenvolver sua criatividade sem impedimentos, apoiados pelo sistema legal, que fornece confiança e fé para que o sujeito determine seu próprio destino sem ter que esperar por instruções de outros. No Brasil, a realidade é outra, já que a maior parte dos indivíduos espera instruções/soluções dadas por outros, o que faz com que haja perda de motivação e criatividade e surja ambientes de inação e submissão.
  • O imperativo moral: em culturas favoráveis ao desenvolvimento, a lei moral e a realidade social praticamente coincidem, enquanto que nas culturas resistentes ao desenvolvimento, tais aspectos não convergem, já que a lei é um ideal remoto e utópico do que o povo poderia, em tese, preferir e o mundo real funciona de acordo com a lei do mais esperto. No Brasil, podemos observar claramente as características das culturas tradicionais, o famoso “jeitinho brasileiro” é um exemplo claro disso, onde na malandragem se consegue obter coisas que vão contra o que é expresso pela lei moral.
  • Os conceitos de riqueza: nas sociedades resistentes ao desenvolvimento, a riqueza consiste, acima de tudo, no que existe, no que a natureza oferece como dádiva divina. Nas sociedades favoráveis, a riqueza consiste acima de tudo naquilo que ainda não existe, ou seja, naquilo que pode ser criado, inventado e construído pelo esforço humano através dos promissores processos de inovação. Sendo símbolo de status e riqueza no Brasil, a terra é considerada por muitos brasileiros como o melhor investimento. No Brasil, ainda é pouco observado o foco em processos de inovação, já que além da terra, muitos brasileiros ainda têm como grande aspiração a vaga em um cargo público, o que mata ainda mais o processo de criatividade e criação de tecnologia inovadora.
  • Duas visões da competição: nas sociedades modernas, a competição é extremamente importante para se alcançar a riqueza e a perfeição, é fundamental para o sucesso das empresas, dos políticos, dos intelectuais e dos profissionais. Nas sociedades tradicionais, a competição é vista como algo negativo, sendo condenada e podendo ser considerada como uma forma de agressão. Tendo uma cultura tradicional, não seria diferente a visão que a maioria dos brasileiros tem da competição, sendo ela considerada aceitável apenas em competições esportivas, onde ela é, inclusive, incentivada.
  • Duas noções de justiça: em culturas resistentes ao desenvolvimento, a justiça distributiva se preocupa com aqueles que estão vivos, o que se reflete numa tendência de se consumir mais e poupar menos. Enquanto que em culturas favoráveis ao desenvolvimento, a justiça distributiva se envolve com os interesses das gerações futuras. Pode-se observar no Brasil as características do primeiro tipo de cultura, uma cultura mais imediatista, em que o momento presente é mais importante que o futuro, no qual não se tem uma cultura forte de poupar dinheiro e pensar no futuro.
  • O valor do trabalho: nas sociedades tradicionais, o trabalho não é muito valorizado, onde se tem uma tendência à desvalorização do trabalhador manual e do empresário. No topo da escala do prestígio estão os artistas, os religiosos, as autoridades públicas e militares. Já nas sociedades modernas, empresários e cientistas tendem a ser mais valorizados. No Brasil é bem fácil de se observar a tendência de desvalorização do trabalho por parte da população, onde ficar rico e parar de trabalhar é a aspiração de muitos.
  • O papel da heresia: sendo a mente indagadora a responsável por criar a inovação, e sendo a inovação o motor de desenvolvimento econômico, o incentivo dado ao pensar “fora da caixa” pelos países modernos faz com que eles sejam berços dos processos inovadores. Nos países tradicionais, incluindo o Brasil, não se há incentivo para pensar além dos dogmas pregados.
  • Educar não é fazer lavagem cerebral: sendo a educação o principal instrumento de indivíduos inovadores e heréticos, nas sociedades favoráveis ao desenvolvimento, o processo educacional está direcionado à formação de sujeitos autônomos, que pensem por si mesmo, que questionem os dogmas impostos. Já nas sociedades resistentes ao desenvolvimento, a educação é um processo de transmissão de dogmas, o que faz com que se produza sujeitos seguidores e conformistas. A “cultura” do concurso público no Brasil é um exemplo, onde pessoas desde pequenas são incentivadas a seguir carreira no setor público, se submetendo a estabilidade dada por tal emprego e se conformando apenas com isso, desestimulando a potência desse sujeito para outras áreas.
  • A importância da utilidade: nas sociedades desenvolvidas, prefere-se buscar teorias que podem ser verificadas, e úteis, na prática. No Brasil e na América Latina em geral, as tradições intelectuais se concentram mais nas grandes cosmovisões, que colocam a região em desvantagem no que diz respeito ao desenvolvimento.
  • As virtudes menores: sendo apreciadas em sociedades avançadas, as virtudes menores, tais como asseio, pontualidade, cortesia e um trabalho bem executado, não têm tanta importância em culturas tradicionais. Os brasileiros, por exemplo, não são vistos com um povo pontual.
  • Foco temporal: em culturas favoráveis ao desenvolvimento, o futuro alcançável é o foco temporal, pois é a única estrutura de tempo que pode ser gerenciada. Enquanto que em sociedades tradicionais, é a exaltação do passado o foco temporal.
  • Racionalidade: nos países modernos, a ênfase se encontra na racionalidade, onde o progresso é feito através de pequenas realizações. Já nos países tradicionais, a ênfase está em projetos grandiosos, onde o progresso está na construção de grandes monumentos. O Brasil, por exemplo, está cheio de grandes projetos que ficam pelo caminho e mesmo quando esses projetos se tornam realidade, muitas vezes acabam se tornando grandes elefantes brancos, vide a maioria dos estádios construídos para a Copa do Mundo de 2014.
  • Autoridade: nas sociedades racionais, a lei é a fonte de poder e a sociedade funciona de acordo com a racionalidade atribuída a lei natural. Nas sociedades resistentes, o Estado é comparado à um deus, irascível e imprevisível.
  • Visão de mundo: em sociedades favoráveis ao desenvolvimento, o mundo é visto como cenário para ação, onde a pessoa pode fazer algo para mudá-lo. Já em países resistentes, o mundo é percebido como uma vasta entidade, na qual forças irresistíveis se manifestam.
  • Visão da vida: nas culturas modernas, o indivíduo é protagonista da sua vida, onde as coisas acontecem devido as suas decisões. Enquanto que nas culturas tradicionais, o indivíduo é uma marionete da vida, onde ele precisa se resignar a decisões tomadas por outros. No Brasil, é forte a síndrome do “coitadismo”, onde as pessoas se vitimam e se resignam a viver uma vida que não queriam, sem fazer nada para mudar a situação.
  • Salvação do ou no mundo: em sociedades avançadas, a salvação no outro mundo depende do sucesso dos esforços do indivíduo para transformar esse mundo, enquanto que para as sociedades resistentes, o objetivo é apenas salvar a si próprio do mundo, resistindo as tentações. Por ser um país de maioria cristã, o povo brasileiro pensa muito na salvação com uma resistência as tentações desse mundo e que o ensino desse dogma seria a forma de ajudar o mundo.
  • Duas utopias: na cultura resistente, tem-se uma cultura mais imediatista, na qual se busca uma utopia de curto prazo, que geralmente se encontra fora de alcance dos indivíduos. Já na cultura progressista, o foco está mais a longo prazo e o mundo progride mais lentamente para uma distante utopia por meio da criatividade e do esforço dos indivíduos.
  • A natureza do otimismo: para as culturas resistentes ao desenvolvimento, um otimista é o sujeito que espera ser agraciado com a sorte, enquanto que para as culturas modernas, otimista é aquela pessoa que toma as rédeas da sua vida e está decidida a fazer o necessário para conseguir um destino satisfatório. Muitos brasileiros veem o sucesso dos outros como sorte e não fruto do esforço diário e pra maioria a maior sorte possível seria ganhar na loteria, ou seja, nada de trabalho para se alcançar o objetivo.
  • Duas visões da democracia: na cultura resistente não se admite limites legais ou controles institucionais, o poder absoluto viria do Estado. Na cultura progressista, a democracia é liberal e constitucional e o poder político é disperso por diferentes setores e a lei é suprema.

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