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Fichamento acerca de textos

Por:   •  23/6/2019  •  Artigo  •  982 Palavras (4 Páginas)  •  153 Visualizações

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O presente fichamento está baseado no prefácio da primeira edição do livro As Regras do Método Sociológico de Émile Durkheim. Essa obra é reconhecida como resultado direto do projeto do autor de estabelecer a sociologia como uma nova ciência no universo cientificista.

A ciência das sociedades não se consiste em uma simples paráfrase dos preconceitos tradicionais e sim na diferenciação e na descoberta de novas definições para os pressupostos contidos no senso comum.

O objeto de toda ciência é fazer descobertas, e toda descoberta desconcerta mais ou menos as opiniões aceitas. (DURKHEIM, 1999, p. X)

Assim, na sociologia há uma autoridade atribuída ao sociólogo que não se atribui aos cientistas de outras áreas. Tal autoridade permite que o autor das pesquisas sociológicas não se prenda ao resultado das mesmas se essas estiverem sido feitas através das metodologias corretas. Aquele que foge do paradoxo não crê na ciência. Entretanto, tal regra é mais fácil de ser aplicada à teoria.

Durkheim, em minha visão, ao advertir que as constatações sociológicas diferem do senso comum, busca estabelecer um comportamento para os sociólogos. Um comportamento que se caracteriza por desconsiderar os preconceitos encontrados no senso comum visando obter uma perspectiva sociológica dos acontecimentos da sociedade.

Ainda estamos por demais acostumados a resolver essas questões com base nas sugestões do senso comum para que possamos facilmente mantê-lo a distância das discussões sociológicas. Quando nos vemos livres dele, ele nos impõe seus julgamentos sem que o percebamos. (DURKHEIM, 1999, p. XII)

A discussão da imposição dos julgamentos do senso comum é precedida pela conceituação do que é senso comum para Durkheim.

O conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema determinado que tem vida própria; podemos chamá-lo de consciência coletiva ou comum. Sem dúvida, ela não tem por substrato um órgão único; ela é, por definição, difusa em toda a extensão da sociedade, mas tem, ainda assim, características específicas que fazem dela uma realidade distinta. De fato ela é independente das condições particulares em que os indivíduos se encontram: eles passam, ela permanece. (...) Ela é, pois, bem diferente das consciências particulares, conquanto só seja realizada nos indivíduos. Ela é o tipo psíquico da sociedade, tipo que tem suas propriedades, suas condições de existência, seu modo de desenvolvimento, do mesmo modo que os tipos individuais, muito embora de outra maneira. (DURKHEIM, 2010, p. 50)

        Partindo dessa definição o senso comum é algo enraizado no pensamento coletivo da sociedade, sendo assim algo que vai além do indivíduo e, portanto, mais difícil de se desconstruir. A presença desse pensamento em diversos indivíduos que compõe a sociedade, dá respaldo para que aqueles que compartilham do senso comum sintam estranhamento ao entrar em contato com o pensamento sociológico e também segurança para questioná-los.

        Durkheim então afirma que para o entendimento do pensamento sociológico seja possível, o indivíduo deve abdicar de suas primeiras impressões. Os pensamentos comuns são contrários aos pensamentos científicos. Por isso, se as formas de pensamento mais costumeiras não forem abandonadas corre-se o risco de julgar os sociólogos sem os ter compreendido. Para exemplificar, uma passagem de Durkheim:

Assim, pode acontecer que nos acuse de ter querido absolver o crime, sob pretexto de fazermos dele um fenômeno de sociologia normal. No entanto, a objeção seria pueril. Pois, se é normal que em toda sociedade haja crimes, não é menos normal que sejam punidos. (...). Para que não houvesse crimes, seria preciso um nivelamento das consciências individuas que, por razões que veremos mais adiante não é possível nem desejável; mas, para que não houvesse repressão seria preciso uma ausência de homogeneidade moral que é inconciliável com a existência de uma sociedade. (DURKHEIM, 1999, p. XII)  

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