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Henrique cunha tecnologia africana na formação brasileira

Por:   •  17/9/2017  •  Resenha  •  1.762 Palavras (8 Páginas)  •  1.464 Visualizações

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Resenha Crítica Consolidada 2

Rubens Marcellino Lyra

Essa resenha trata de uma análise da publicação “Tecnologia Africana na Formação Brasileira” do prof. Dr. Henrique Cunha, e um posterior diálogo com os textos das aulas passadas de Feenberg, Bazzo e Harding. A publicação de Cunha é um caderno componente da série CEAP, parte integrante do Projeto Camélia da Liberdade, que busca contribuições de forma a consolidar a Lei da obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afrodescendente no ensino médio de todo o país.

Com um currículo diversificado, Cunha é graduado em Engenharia Elétrica e Sociologia, mestre em História e doutorado em Engenharia, além de experiência na área de Educação com ênfase em tópicos específicos da realidade negra no Brasil tem profunda experiência em pesquisas que relacionam a formação da população brasileira, base tecnológica africana expropriada, etnia negra educação, africanidades e afrodescendência.

Em a “Tecnologia Africana na Formação Brasileira” Cunha faz um importante levamento histórico da tecnologia nas sociedades africanas e sua expropriação no período colonial escravista no Brasil com o intuito de fazer contraponto a visão que consideravam a ciência eurocêntrica como a unica válida e mais desenvolvida.

Os entre os aspectos do racismo em que ele toma como base para argumentar a necessidade desse levantamento histórico podemos salientar o reconhecimento que racismo se trata de um problema de mercado de trabalho, um problema da posições dos grupos sociais, e as hierarquias e imposições sociais nas relações entre eles, assim o racismo é uma forma de controle social e manutenção das estruturas sociais.  A desqualificação do pensar racional negro tem como consequência a despolitização da população negra, a fragilização das suas identidades e  historicamente o apagamento das constribuições intelectuais e técnicas africanas.

Diante disso, Cunha vê ,na recuperação da história da tecnologia na africana brasileira, bem como a própria história da base técnica, e filosofica, sobre a qual se assentava os territórios envolvidos nesse processo, um meio para a recolocação dos africanos e afrodescendentes como um sujeito histórico.

“A compreensão do fio da história africana é necessária para entendimento do desenvolvimento de conhecimentos técnicos, profissionais e científicos nas diversas regiões africanas, que constituíram um capital cultural significativo e fundamental para a colonização do Brasil, sob o domínio português na forma do escravismo criminoso da mão de obra africana.”(Cunha, 2010)

        A conjuntura da base técnica pré-colonial pode ser caracterizada por um superior desenvolvimento técnico africano, como bastante intercâmbio com as culturas árabes, India e China, além de uma influência sobre o desenvolvimento técnico no Sul europeu por meio da relação dos mouros, Africa islâmica. O continente africano tinha aprofundado conhecimento em matemática, geometria, sistemas dinâmicos, astronomia, medicina, alem de mais aprofundamento técnico em fundição de ferro, tecelagem e cultivos tropicais.

O colonialismo extrativista foi marcado pela necessidade da expropriação de todo um acervo de conhecimentos técnicos africanos e com isso os ciclos econômicos brasileiros tem profunda relação com a matriz técnica africana.

O Brasil tem muitas semelhanças com o continente africano, clima tropical, disposições e características geográficas semelhantes, partindo do entendimento que o conhecimento europeu tem relação com um ambiente bem diferenciado, a viabilização da exploração europeia se deu pelo apropriamento, por meio do sistema escravista, do reconhecimento africano nas similaridades que encontrou no continente americano. Dentres elas podemos destacar, a agricultura extrativista de produtos tropicais e extração de minérios - ciclos da cana de açucar, mineração de ouro, algodõ e café - bem como o cultivo de espécies de origem africana, milho, inhame, boldo, coco. Tanto as técnicas de cultivo e manejo extrativista, bem como as técnicas de beneficiamento desses produtos tem base conhecimento africano o trazido no período colonial.

        Dentre outras contribuições estão tecnologias em tecelagem – tecelagem de panos, redes de dormir, velas para barcos e sacaria, conhecimentos químicos em tinturaria -, utilização de madeira – engenhos de açucar, teares, construção civil, mobiliário, acabamento, transporte, artes. Conhecimento e usos mais aprofudados do que os europeus -, pesca artesanal – construção especifica de barcos –, construção civil – técnicas de adobe, taipa de pilão e de mão, base estrutural com utilização de madeiras, obras específicas como galerias e minas - , produção intelectual e artística.

 

Diálogo e Considerações

 

Entre os textos estudados Feenberg aborda a reconceituação do socialismo considerando uma perspectiva da influência da base tecnologia e do seu formato de desenvolvimento, e uma perspectiva da teoria crítica, a transgressão do particular sobre o universal, ou seja, a supressão do indivíduo pelo “universal”, alem de uma abordagem sobre a teoria das redes sob o desenvolvimento tecnológico.

Bazzo aborda o histórico e os conceitos dos estudos CTS “...reação acadêmica contra a tradicional concepção essencialista e triunfalista da ciência e da tecnologia, subjacente aos modelos clássicos de gestão política”(Bazzo), crítica com base interdisciplinar que foca tanto nos antecedentes ou consequências de uma mudança técnica, caracterizando socialmente os fatores responsáveis por ela, considerando que convenções humanas regulam as regras que estruturam a ciência, assim sendo necessário estruturas que considerem uma intervenção democrática nesse processo, e o desenvolvimento de formações educacionais voltadas para esse paradigma.

Harding discute a necessidade de generização dos estudos técnico científicos, e a consideração das relações de intersecção entre as diferentes opressões sociais, dados as formas sociais opressoras de reconhecimento de gênero, pontuadas por ela – divisão sexual do trabalho, partição sexista de comportamentos sociais específicos, associação de sexo a entes sem correlação com gêneros. Crítica o conceito de objetividade  relacionado a neutralidade da ciência hegemonica, apresentando o conceito de “objetividade forte”, relacionando a eficácia da objetividade dada a uma contextualização clara das questões sociais envolvidas tanto na definição do problema, quanto na construção das hipóteses, alem de explanar sobre a proposição de uma epistemologia feminista dentro de um contexto pós-modernista.

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