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O Contexto Histórico do RAP

Por:   •  9/7/2022  •  Resenha  •  552 Palavras (3 Páginas)  •  99 Visualizações

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Breve contexto histórico

Para entender como se deu a construção da língua falada e escrita no Brasil faz-se necessário uma contextualização do processo linguístico brasileiro.

No ano de 1892 com a primeira Constituição da República foi possível notar que a gramática apresentada era totalmente o oposto da língua falada no brasil e mais se parecia com o português europeu. Importante destacar que no mesmo período Portugal passou por processo de mudança linguística onde a norma culta se aproximou das características do português falado em Portugal. A literatura foi um importante instrumento nessa consolidação de uma nova norma culta, pois a literatura que antes era restrita a nobreza começou a se popularizar.

No entanto, no Brasil não houve essa mudança, apesar do movimento literário apresentar novos autores, como Jose de Alencar, que deu características próprias a seus textos, trazendo elementos típicos da fala brasileira, essa inovação não foi recebida com bons olhos pela elite brasileira, que apesar de desejar o rompimento com o passado colonial tentava se aproximar ao máximo da cultura europeia e, dessa forma, afastar as classes menos favorecidas da população.

Dessa forma, a população elitizada brasileira da época buscava consolidar a língua a partir de uma base europeia afastando as outras línguas que ajudaram a construir o português no brasil, como a indígena e africana. Logo, estabelecer e priorizar essa norma linguística como norma padrão foi um mecanismo de controle e dominação diante da maioria da população que não tinha acesso a essa educação formal.

A partir desse contexto, foi se criando uma visão normativista onde tudo que variasse a essa norma era considerado errado, o que gerou consequências de exclusão que perpetuam-se até os dias atuais.

Nesse sentido, os sujeitos socialmente excluídos se motivaram a resistir a esse padrão eurocêntrico e formar sua própria identidade. Surge então a identidade do RAP(rithym and poetry), que busca resinificar as estruturas de poder no país, onde buscam resistir as práticas discursivas a sua volta motivando a uma variedade linguística.

Diante dessa variação linguística, os integrantes dessa nova identidade utilizam-se de gírias ou do dialeto “favelês”.

Nesse estilo, a linguagem das ruas, e o favelês, com suas gírias e maneiras próprias de falar, é incorporada à música e os distingue de outros estilos. Ao mesmo tempo, cantando com esta forma de linguagem, procuram falar a mesma “língua” das pessoas que estão nos espaços de onde buscam inspiração para suas composições. (SOUZA, 2016, p. 114)

Mesmo nos casos onde os artistas que compõe as poesias do RAP, os rappers, possuirem uma escolaridade avançada, eles se apropriam da variação linguística com características típicas do favelês, apropriando-se de sua identidade do movimento hip hop. Como é o caso do rapper Renan Inquérito que é doutor em geografia pela Unesp/Rio.

Essa é pros economista e pros banqueiro
E pra toda essa raça que come dinheiro
Que não contente com os número e com as cifras que tem
Tão se metendo a besta com as letra também
Adoram dividir a gente em classe, é só ver
Classe A, Classe B, Classe C, Classe D

[...]

18 Quilates de sorrisos - Renan

Importante destacar que a identidade do RAP é um processo mais complexo do que a manifestação apenas pela língua, mas é através da linguagem do RAP que se encontra a memória dos oprimidos e seu material poético torna-se, dentro das literaturas contemporâneas, instrumento de preservação e propagação desse resgate das experiências desses povos.

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