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Resenha Manicômios, Prisões E Conventos

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Por:   •  19/5/2013  •  1.702 Palavras (7 Páginas)  •  3.683 Visualizações

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Resenha: Manicômios, prisões e conventos

Uma instituição total pode ser definida como um local de residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por um longo período, levam um vida fechada e formalmente administrada.

As características das instituições totais

As instituições totais podem ser, a grosso modo, enumeradas em cinco agrupamentos, conforme descrito a seguir:

i. Há instituições criadas para cuidar de pessoas que, segundo se pensa, são incapazes e inofensivas; nesse caso estão as casas para cegos, velhos, órfãos e indigentes;

ii. Há locais estabelecidos para cuidar de pessoas consideradas incapazes de cuidar de si mesmas e que são também uma ameaça à comunidade, embora de maneira não-intencional; sanatórios para tuberculosos, hospitais para doentes mentais e leprosários;

iii. Há aquelas organizadas para proteger a comunidade contra perigos intencionais, e o bem-estar das pessoas assim isoladas não constitui o problema imediato: cadeias, penitenciárias, campos de prisioneiros de guerra, campos de concentração;

iv. Há instituições estabelecidas com a intenção de realizar de modo mais adequado alguma tarefa de trabalho, e que se justificam apenas através de tais fundamentos instrumentais: quartéis, navios, escolas internas, campos de trabalho; e

v. Há os estabelecimentos destinados a servir de refúgio do mundo, embora muitas vezes sirvam também como locais de instrução para religiosos, tais como abadias, mosteiros.

Nas instituições totais todos os aspectos da vida são realizados no mesmo local e sob uma única autoridade. Ainda, cada fase da atividade diária do participante é realizada na companhia imediata de um grupo relativamente grande de outras pessoas, todas elas tratadas da mesma forma e obrigadas a fazer as mesmas coisas em conjunto.

Afora tais características, há o fato de todas as atividades diárias serem rigorasamente estabelecidas em horários – conduzidas por um sistema de regras formais explícitas e um grupo de funcionários. E, finalmente, as várias atividades obrigatórias são reunidas num plano racional único, supostamente planejado para atender aos objetivos oficiais da instituição.

Nas instituições totais existe uma divisão básica entre um grande grupo controlado, que são os internados, e uma pequena equipe de supervisão. Geralmente, os internados vivem na instituição e têm contato restrito com o mundo existente fora de suas paredes; a equipe dirigente muitas vezes trabalha num sistema de oito horas por dia e está integrada no mundo externo.

Cada grupamento tende a conceber o outro através de estereótipos limitados e hostis – a equipe dirigente muitas vezes vê os internados como amargos, reservados e não merecedores de confiança; os internados muitas vezes veem os dirigentes como condescendentes, arbitrários e mesquinhos. Os primeiros tendem a sentir-se superiores e corretos; os segundos tendem, pelo menos sob alguns aspectos, a sentir-se inferiores, fracos.

O mundo do internado

É característico dos internados que cheguem à instituição com uma “cultura aparente” derivada de um “mundo da familía” – uma forma de vida e um conjunto de atividades aceitas sem discussão até o momento de admissão à instituição.

O novato chega ao estabelecimento com uma concepção de si mesmo que se tornou possível por algumas disposições sociais estáveis no seu mundo doméstico. Ao entrar, é imediatamente despido do apoio dado por tais disposições. A partir de então começa uma série de rebaixamentos, degradações, humilhações – processo conhecido como mortificação do eu. O internado começa a passar por algumas mudanças radicais em sua carreira moral, composta pelas progressivas mudanças que ocorrem nas crenças que tem a respeito de si e dos outros.

Uma fonte de mortificação menos direta em seu efeito é a perturbação na relação usual entre o ator individual e seus atos. Como exemplo de perturbação há o “circuito”: uma agência que cria uma resposta defensiva do internado e que, depois, aceita essa resposta como alvo para seu ataque seguinte.

Dito isso acerca do processo de mortificação, é preciso apresentar três problemas gerais:

i. As instituições totais perturbam exatamente as ações que na sociedade civil têm o papel de atestar, ao ator e aos que estão em sua presença, que tem certa autonomia no seu mundo. A impossibilidade de manter esse tipo de competência executiva adulta pode provocar no internado o horror de sentir-se radicalmente rebaixado no sistema de graduação de idade;

ii. Em segundo lugar, há a questão das justificativas para os ataques ao eu. O problema tende a colocar as instituições totais e seus internados em três agrupamentos distintos: entidades religiosas; campos de concentração; e as demais;

iii. O terceiro problema diz respeito à relação entre esse esquema simbólico de interação para a consideração do destino do eu e o esquema convencional, psicofisiológico, centralizado no conceito de tensão. A relação entre os processos cognitivos e outros processos psicológicos é muito variável; segundo a linguagem expressiva e geral de nossa sociedade, o fato de nosso cabeça ser raspada é facilmente percebido como uma mutilação do eu, mas, se essa mortificação pode enfurecer um doente mental, pode agradar a um monge.

Ao mesmo tempo em que o processo de mortificação se desenvolve, o internado começa a receber instrução forma e informal a respeito do que, segundo o autor, é denominado sistema de privilégios – responsável pelo esquema que propicia a reorganização pessoal. São três os elementos básicos do sistema:

i. Há as “regras da casa”, um conjunto de prescrições e proibições que expõe as exigências quanto à conduta do internado;

ii. Em contraste com o ambiente rígido das instituições totais, há um pequeno número de prêmios ou privilégios obtidos em troca de obediência à equipe dirigente;

iii. O terceiro elemento está ligado aos castigos, definidos como consequências de desobediência às regras.

O sistema de privilégios e os processos de mortificação constituem as condições a que o internado precisa adaptar-se. Tais condições permitem diferentes maneiras individuais de adaptação, além de qualquer esforço de ação

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