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Resenha - O Ramo de Ouro

Por:   •  2/10/2018  •  Resenha  •  4.183 Palavras (17 Páginas)  •  1.792 Visualizações

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Universidade Federa de Alagoas

Programa de Pós Graduação em Antropologia Social

Disciplina – Teoria Antropológica I

Resenha - O Ramo de Ouro - James Frazer

Clarice Maia F. de Amorim

  1. Apresentação

Antes de qualquer coisa, é importante situar a obra de James Frazer, o Ramo Dourado, no tempo cronológico em que foi escrita, vez que se trata de um estudo realizado no século XIX, precedendo autores, pensamentos, comportamentos e interpretações do século XX. Para ler a obra é fundamental localizar a mesma em seu tempo para não recaírem de modo demasiado intenso as críticas, pertinentes a certo modo, sobre a superficialidade da obra e a fragilidade nas intensas comparações buscadas para justificar similaridade entre as manifestações de determinados costumes.

A primeira edição do livro O Ramo de Ouro (The Golden Bough) foi publicada em dois volumes em maio de 1890. A segunda foi publicada em 1900 com três volumes. No prefácio a essa segunda edição, Frazer insinua que outros volumes sobre o assunto poderiam ser esperados e fala do "plano que tracei para mim mesmo". Em 1906 houve a publicação da primeira edição de Adônis, num volume, seguida da publicação de uma edição revista em 1907. A terceira edição, definitiva, foi publicada em doze volumes entre 1911 e 1914.

Frazer lecionou inicialmente os clássicos em Cambridge, e relata-se que há uma estreita ligação entre The Golden Bough e sua contribuição para os estudos clássicos. Destes últimos, os mais importantes são a sua tradução comentada de Pausânias (1898) e sua edição dos Fasli, de Ovídio, um dos autores clássicos que registraram o costume do acesso ao sacerdócio de Nemi, que é o ponto de partida de The golden bough.

O único acréscimo significativo foi feito na segunda edição, onde Frazer incluiu um novo capítulo sobre as Saturnais. Até 1936 continuou acrescentando mais e mais exemplos ao trabalho já existente. Em 1936, Frazer publicou o volume suplementar, intitulado Aftermath, no qual apresentou novo material para esclarecer e ampliar os principais temas que desenvolvera em sua obra. Em 1922, Frazer, em resposta ao interesse generalizado e ao pedido de seus editores, preparou um resumo em um volume que foi publicado. O resumo deu origem a críticas que tenderam a reduzir a obra a um catálogo de práticas supersticiosas.

Segundo os editores, essa versão ilustrada é também extraída da terceira edição, mas inclui o Aftermath, e preserva quase literalmente as palavras do original. “A edição em treze volumes tem cerca de 1300000 palavras, em sua maioria dedicadas à ilustração do método comparativo”.

A versão em português – Livro Ilustrado – O Ramo de Ouro, foi publicado pela Zahar Editores em 1982, com a tradução de Waltensir Dutra e prefácio do Professor Darcy Ribeiro, com a permissão de The Council, Trinity College, Cambridge.

Outra questão que se deve levar em consideração é que Frazer era um exímio colecionador de histórias e fazedor de comparações, mas sempre de exemplos coletados em livros, não do trabalho realizado em campo. Não visitou nenhum dos lugares que descreveu e, por isso, recebeu muitas críticas. O campo de Frazer eram relatos, livros e histórias contadas. Como na passagem que trata dos ‘mitos manii em arícia’ quando cita: “um correspondente me informou que costume semelhante ainda é observado todos os anos em Frascati, nos montes Albanos, não muito longe de Arícia. Escreve ele: Durante a Quaresma, os padeiros de Frascati vendem bolos especiais de forma humana, com três longos chifres, grãos de pimenta como olhos e uma fita vermelha em torno do pescoço. Segundo me informaram, eles representam o Demônio e são comidos como uma renúncia simbólica a ele e a todas as suas obras. O costume, porém, poderia ser anterior ao cristianismo, e a explicação, um acréscimo feito posteriormente".

A edição ilustrada está dividida em sete partes:

  • Parte 1 - A arte da magia e a evolução dos reis: 1.O rei do bosque, Diana e Vírbio, Ártemis e Hipólito, Recapitulação; 2. Os reis sacerdotes; 3. A magia simpática, Os princípios da magia (Magia homeopática ou imitativa, Magia contagiosa, A evolução do mago); 4.O controle mágico das condições atmosféricas (O controle mágico da chuva, Os magos como reis);  5.Os reis divinos (Deuses humanos encarnados, Reis de setores da natureza);  6.O culto das árvores (Os espíritos das árvores, Poderes benéficos dos espíritos das árvores, Resquícios do culto das árvores na Europa moderna); 7. A influência dos sexos sobre a vegetação; 8. O casamento sagrado (Os reis de Roma); 9.O culto do carvalho.  
  • Parte 2 - O tabu e os perigos da alma: 1. O peso da realeza; 2. Os perigos da alma; 3. Atos e pessoas que são tabu; 4. Nossa dívida para com o selvagem.
  • Parte 3 - O deus que morre: 1. A mortalidade dos deuses; 2. A eliminação do rei divino (Reis que são mortos quando sua força decai, Reis que são mortos ao fim de um prazo determinado); 3.Alternativas à eliminação do rei (Reis temporários, O sacrifício do filho do rei); 4.A eliminação do espírito da árvore (Os mascarados de Pentecostes, Sacrifícios humanos simulados, O Enterro do Carnaval, a Expulsão da Morte e o Advento do Verão).
  • Parte 4. Adônis: 1. O mito de Adônis; 2. Adônis na Síria; 3. Adônis, ontem e hoje (O ritual de Adônis, Os jardins de Adônis).
  • Parte 5 - Os espíritos dos grãos:  1. Demetér e Perséfone; 2. A mãe dos grãos e a virgem dos grãos, na Europa e em outros lugares (A mãe dos grãos na Europa, A mãe dos grãos em várias terras); 3. Litierses; 4. Devorar o deus; 5. O sacramento dos primeiros frutos; 6. Devorar o deus; 7. Mitos "manii" em Arícia.
  • Parte 6 - O bode expiatório: 1. A transferência do mal; 2. Sobre bodes expiatórios; 3. Bodes expiatórios humanos na Antiguidade clássica (O bode expiatório humano na Roma antiga, O bode expiatório humano na Grécia antiga); 4. A eliminação do deus no México; 5. As Saturnais e festas congêneres (As Saturnais romanas, O rei do feijão e a Festa dos Tolos, As Saturnais na Ásia ocidental); Conclusão.
  • Parte 7 - Balder, o belo: 1. Entre o céu e a terra (Não tocar a terra, não ver o sol; A reclusão das meninas na puberdade); 2. O mito de Bálder; 3. As festas dos fogos da Europa; 4. A interpretação das festas dos fogos; 5. A queima de seres humanos nas fogueiras; 6. As flores mágicas da véspera do solsticio de verão; 7. Bálder e o visco; 8. Alma externa (A alma externa nos cantos folclóricos, A alma externa nos costumes populares); 9. O ramo de ouro; 10. Adeus a Nemi.

  1. Introdução e prefácio

Na versão ilustrada, a história vem precedida por:

- Prefácio escrito por Darcy Ribeiro: ressalta o caráter artístico da retratação feita pelo autor; sobre a edição (versão ilustrada) fala que se trata de nova leitura feita por Sabine MacCormack; faz a comparação com Levi-Buhl; fala da progressão das imolações (rituais canibalescos – antropofagia – sacrifício de animais – cerimoniais simbólicos).

Afirma que “o ramo de ouro é uma ficção erudita sobre o passado humano que se lê sentindo o forte sabor de verdade revelada das antecipações que ousam pensar racionalmente o que é impensável cientificamente”. Ressalta que “uma de suas idéias brilhantes é a concepção da magia, da religião e da ciência como uma seqüência evolutiva em marcha”, mas, mesmo assim ainda diz que “com ela a humanidade entraria no carreirão sombrio e sangrento do sacrifício que só pouco a pouco, lentissimamente, se apura e espiritualiza. A solução final viria com a ascensão às concepções e às práticas fundadas na ciência. Na verdade, não há aqui sucessão evolutiva nenhuma. Ontem como hoje, é a conduta mágica que guia o selvagem australiano ou o feiticeiro londrino. Religião e magia, se é que são distinguíveis, coexistem desde sempre”.

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