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Resenha bordieu - os usos sociais da ciência

Por:   •  25/7/2019  •  Resenha  •  946 Palavras (4 Páginas)  •  1.519 Visualizações

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RESENHA:

BOURDIEU, P. Os Usos Sociais da Ciência. Editora Unesp: 2003. 17-40

Raimara Gonçalves Pereira

Bourdieu (2003), inicia seu texto ressaltando o interesse em contribuir na reflexão acerca da lógica própria do mundo científico e a forma particular que a lógica assume objetivando desencadear o processo de auto - análise coletiva.

Assim, para o autor, faz-se necessário a elaboração de questionamentos a respeito da produção de verdades sobre si próprio, sendo, pois,  uma organização coletiva da reflexão. Não bastando, de acordo com o autor, a produção de reflexões cientificas, fazendo-se necessário a instauração de estruturas de troca que tragam em si mesmo o princípio de sua própria regulação. O que permite, nesse sentido, formas de reflexões  que vão além das especulações de especialistas e de todas as recomendações  de comitês e de comissões. Ressalta-se que Bourdieu (2003), considera em seu texto o  INRA como objeto, havendo a intenção de fornecer “instrumentos de conhecimento”  que  pareçam indispensáveis para a construção de uma representação verdadeira,  e útil da ação.

Bourdieu (2003), aponta que as produções culturais, a filosofia, a história, a ciência , a arte e a literatura, são objetos de análises com pretensões cientificas. Há uma história de literatura, uma história da filosofia, uma história das ciências, assim em todos esses campos encontra-se a mesma oposição, o mesmo antagonismo, frequentemente considerados como irredutíveis, sendo o domínio da arte, certamente, um dos lugares onde essa oposição é mais forte,  entre as interpretações que podem ser internalistas ou internas.

No uso das ciências, deparamo-nos com as mesmas oposições em relação a história da filosofia. O que demonstra a perpetuação da ciência, desse modo, a ciência se engendra a si mesma fora do mundo social. O autor ainda aponta, que para escapar dessas alternativas elaborou-se a noção de campo, apontando que  trata-se uma ideia extremamente simples, cuja função negativa é bastante evidente. Assim para compreensão da produção cultural não basta referir-se ao conteúdo textual da produção, nem ao contexto social desta.

No universo do campo literário, artístico, jurídico ou científico há presença de um mundo social como os outros, mas que obedece a leis sociais mais ou menos específicas. Assim a noção de campo se faz presente para designar esse espaço autônomo dotado de leis próprias. Cabe ressaltar o grau de autonomia que os campos possuem, sendo um dos problemas conexos o de saber qual é a natureza das pressões externas , a forma pela qual elas manifestam e as resistências que caracterizam sua autonomia, ou seja, os mecanismos  que o microcosmo aciona para se descoberta das imposições externas.

É preciso, segundo Bourdieu (2003), fugir dos modos de ciência pura que sujeita a todas as demandas politico- econômicas, haja vista que o campo cientifico , considerando-se assim, o mundo social , independe das pressões do mundo social global que o envolve, sendo a capacidade de refratar a forma mais específica de traduzir as demandas externas e internas.

De acordo com Bourdieu (2003), quanto mais autônomo for um campo maior será seu poder de refração,  ao passo que  o poder de refração evidencia o  grau de autonomia no que tange o poder de refração e de  retradução. Todo campo cientifico emana um campo de forças, onde as lutas que ali ocorrem  conservam ou transformam esse campo de forças. Segundo o autor, faz-se necessário, para reflexões práticas, analisarmos “o que comanda os pontos de vista o que comanda as intervenções cientificas , os lugares de publicação, os temas que escolhemos, os objetos pelos quais nos interessamos etc. (BOURDIEU, 2003, p.  23 )”. Haja vista que, a estrutura das relações objetivas entre os agentes, incide diretamente sobre o que se pode e não pode fazer, ao passo que a estrutura das relações incide diretamente na distribuição do capital científico num dado momento. Cabe ressaltar, que o que define a estrutura de um campo é o modo de distribuição do capital cientifico entre os diferentes agentes que permeiam este campo. Sendo o capital científico uma espécie simbólica do capital simbólico que consiste no reconhecimento atribuído pelo conjunto de pares concorrentes no interior do campo científico.

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