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Os usos sociais da ciência

Por:   •  30/11/2019  •  Resenha  •  542 Palavras (3 Páginas)  •  636 Visualizações

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Resumo Crítico

BOURDIEU. Pierre. Os usos sociais da ciência: por uma sociologia clínica do campo científico. São Paulo: Ed. Unesp, 2004.

O livro é a edição de uma conferência dada por Bourdieu, seguida de debate, organizada pelo grupo Sciences en Question, no Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica (INRA), em Paris, em março de 1997.

A finalidade do texto é fazer uma análise sociológica crítica da produção e reprodução do conhecimento científico em geral e fazer um debate específico sobre a realidade do INRA, de forma a auxiliar os pesquisadores a fazer uma “autoanálise coletiva” a respeito de suas atividades e da própria instituição.

O conceito mais trabalhado na conferência é o de campo, que logo na primeira parte do texto, após a introdução, já é inserido no texto, como uma forma de resolver o antagonismo entre interpretações “internalistas” e “externalistas”, ou seja, entre as que tentam compreender as produções a partir de seu próprio texto ou produto, e as que interpretam colocando as obras em relação com o mundo social e econômico. Bourdieu trata o campo científico como um plano intermediário entre o texto e o contexto, e esse campo é um universo onde estão inseridos os agentes, as instituições que produzem, reproduzem e difundem a ciência. É um microcosmo com suas próprias leis e certa autonomia.

        O grau de autonomia é uma das diferenças entre os diversos campos científicos e, quanto mais autonomia de um campo, mais eles escapam às leis sociais externas e mais dominação pode exercer sobre os demais. No entanto, o autor afirma que a economia e a política podem influenciar quem vai ter mais autonomia.

         Bourdieu afirma que os campos científicos são o espaço de confronto entre duas espécies de poder que correspondem a dois tipos de capital científico. Um poder temporal ou político, ligado à ocupação de posições importantes nas instituições científicas e ao poder sobre os meios de produção e de reprodução. O outro é um poder específico, que é o reconhecimento pelos pares. Dessa forma, existe uma dualidade de poderes dentro dos campos científicos, onde quem obtém mais poder com frequência não é quem tem mais prestígio científico, mas aquele que possui mais tempo para agir politicamente, estrategicamente, dentro das estruturas institucionais. Então, o autor apresenta o argumento em defesa da autonomia dos campos como sendo o modo mais eficaz de diminuir as contradições entre os diferentes tipos de capital, evitando a utilização excessiva de mecanismos alheios à lógica científica.

        Dentro de um determinado campo, é comum que se encontrem diferentes pontos de vista. A utilização de um conceito como campo permite justamente compreender estas diferentes posições, estabelecer suas verdades e seus limites, apontando a sua função de instrumentos nas lutas internas do microcosmo.

No caso específico do INRA, que Bourdieu se propõe a analisar coletivamente com os seus membros, observa-se um dilema sobre a prioridade das pesquisas de base ou pesquisas aplicadas. No entanto, existe um interesse comum entre eles, que é o a manutenção da autonomia do mesmo, a integração dos diferentes agentes, sem eliminar as suas diferentes funções, mas sem hierarquias. Dessa forma, o autor propõe uma autoanálise e uma conversão coletiva.

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