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Resenha do texto "A filosofia latina-americana como filosofia da libertação" de Leopoldo zea

Por:   •  29/4/2019  •  Resenha  •  1.150 Palavras (5 Páginas)  •  223 Visualizações

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Universidade de Brasília

Camila Souza Alves da Costa

15/0120869

Resenha do texto:

“A filosofia Latino-americana como filosofia da libertação” – Leopoldo Zea

Para o autor Leopoldo Zea o problema da dependência latino americana faz referência a diversas expressões humanas, que vão do político, econômico e social ao que chamamos de cultural. Para os povos que formam a América latina, que haviam se emancipado de suas metrópoles, já lhes foi colocado o problema de “emancipação mental”, eles também tinham que se libertar dos costumes, hábitos e modos de pensar impostos pelas metrópoles, isto é, de uma certa concepção do mundo e da vida, de uma certa cultura para adotar, livremente a outra. Para ele ai esta o miolo do problema em “adotar” e não criar, e isso devido a uma suposta urgência de tempo. E nesta ruptura, sem tempo para criar o futuro, a civilização que deveriam ser, se adotou os modelos estrangeiros, isto é, modelos tomados de outras culturas. Com isso para libertarmos do domínio cultural das metrópoles ibéricas adotamos os modelos da cultura chamada ocidental, para isso adotamos a filosofia positivista e práticas dos homens que haviam feito do progresso uma meta sempre aberta. Com essa adoção de novos modelos de cultura, de uma suposta filosofia que não havíamos criado, adotamos também formas de submissão a interesses que não eram os nossos, substituímos o colonialismo ibérico pelo neocolonialismo dos nossos dias. O autor cita a postura de Juan Bautista Alberti, o qual falou de uma seleção, esta na adoção de filosofias que servissem para abrir a possibilidade de uma cultura não dependente, nossa, americana. Tínhamos que selecionar para adotar, porém também era necessário selecionar para negar, nem tudo devia ser adotado ou negado, e nesta seleção entre o que havíamos sido e o que queríamos ser estava expresso o que tanto desejávamos: a liberdade, esta que nos permitia adotar uma forma do passado e uma determinada forma do futuro.

O autor coloca que o problema do nosso pensamento, da nossa filosofia, se originou do fato de tratarmos de nos mantermos entre duas abstrações: a de um passado não considerado o nosso, e a abstração de um futuro que nos é estranho. E por causa disso, de querer escapar de uma dominação que caímos em outra, nós eliminamos algumas correntes e nos colocamos outras.  É por isso que entre nossos primeiros emancipadores mentais se colocou também a questão a respeito do que deveria ser adotado ou imitado, era principal adotar não só os frutos de uma cultura que nos servia de modelo, mas também o espírito que havia tornado possível, imitar não um determinado sistema filosófico, mas o espírito  que o havia realizado. Este sendo o espírito crítico, próprios de todos os homens e povos, a capacidade de selecionar, em função de nosso próprio modo de ser, sem duvidar dessa capacidade, um modo de ser que naturalmente sofre mudanças, como toda expressão do desenvolvimento natural do homem, da humanidade. “Deixar de ser algo, não porque se decida que este já não nos é próprio, mas porque se deixou de sê-lo, por haver se tronado algo naturalmente distinto, porém sempre sendo algo no que se está sendo”. Não devemos negar o que fomos, pois este é parte natural do desenvolvimento humano, com isso não devemos iniciar tudo a partir do zero, porque seria algo praticamente impossível.

“Adotar modelos que surgissem do nosso autêntico modo de ser, negar-nos como ser para adotar o que foi expresso de um ato de afirmação de outros homens em outras circunstâncias, que acabam não sendo as próprias, é o que deu origem a esta nossa permanente subordinação, não só a povos estrangeiros, mas ao próprio espírito dos homens que lhe deram origem, fazendo de nossa aceitação, instrumentos para sua própria afirmação e desenvolvimento”. E foi devido a essa ideia de adotar uma cultura que vão e inutilmente tratamos de imitar, que impediu que nos apoiássemos em nós mesmos, em nosso próprio passado. Pois junto com os frutos do liberalismo ocidental com o qual pretendemos apagar nosso ser colonial, adotamos novas formas de subordinação, que são próprias de uma filosofia que fazia da liberdade dos outros instrumentos de sua própria liberdade. Isto é liberdade como instrumento de dominação, como justificação daqueles que em seu nome afirmaram e afirmam seus interesses, justificando assim seus crimes na Ásia e na América. O liberalismo como filosofia de dominação, e com esta filosofia toda uma concepção de mundo e todo um sistema para justificar que muitos povos continuem submetidos. Então é posto o problema do que fazer com uma cultura de dominação, e a filosofia que a justifica, para realizar a própria liberdade, para afirmar uma filosofia de libertação.  E foi esta mesma preocupação que deu origem a filosofia de libertação dos emancipadores mentais latino americanos do século XIX, que questionava a herança cultural da colônia e para não sofrermos com a sua influência dominadora, se viu a necessidade de começar do zero, como se não tivéssemos passado. “Adotando, como tal e para transformá-lo em presente, a cultura e a filosofia de um mundo engendrado, na Europa, como réplica ao mundo do qual ainda éramos dependentes”. Esta foi a nossa primeira filosofia libertária, inautêntica, e por isso longe de por fim à situação de domínio. A partir disso a filosofia moderna e europeia, na qual nos formamos, assim como a que surgiu da adaptação feita pelos latinos-americanos desta filosofia, pensando que encontraria uma solução para os nossos problemas, é uma filosofia inautêntica porque não nasce das nossas necessidades, são alheias a nós, sendo assim inúteis para a libertação que desejamos. Outro ponto colocado pelo autor é sobre a liberdade, pois quando  esta é alcançada parece repousar sobre a possibilidade de dominação de outros, onde uma espécie de homens se libertam para impor, por sua vez, sua dominação a outra espécie de homens, até que eles adquiram consciência e se libertem, porém para impor novas subordinações. A liberdade não pode continuar repousando na libertação de um domínio para impô-lo a outros. “Nossa filosofia e nossa libertação não podem ser só uma etapa a mais da libertação do homem, mas usa etapa final. O homem a libertar não é só um homem da América e do terceiro mundo, mas o homem em qualquer lugar que este ser se encontre, incluindo o próprio dominador, é esta espécie que deve desaparecer, não o homem, não o ser, mas um determinado modo de ser”.  Um homem novo que não tenha nem a pele do dominador e nem a pele do dominado, e para conseguir isso terá que assimilar a experiência que esta dominação significou na história do homem, para que tal experiência não volte a se repetir. “Já não imitar, mas assimilar experiências para uma tarefa que há de ser comum a todos os homens, e, abra a possibilidade de um homem novo: novo por sua capacidade para fazer de seu longo passado material de sua novidade”.      

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