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REDES SOCIAIS, A ÁGORA MODERNA SOCIAL MEDIA, THE MODERN ÁGORA

Por:   •  3/11/2021  •  Dissertação  •  2.041 Palavras (9 Páginas)  •  157 Visualizações

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REDES SOCIAIS, A ÁGORA MODERNA.

SOCIAL MEDIA, THE MODERN ÁGORA.

Resumo: Bom número dos teóricos atuais do regime democrático sente forte admiração por Atenas. Basta que aprofundem um pouco a análise, que deixem a mera descrição do funcionamento dos governos democráticos e entrem na teoria, para que comecem a elogiar os atenienses. O que é mais positivo na memória política que temos dessa cidade é a ágora. Não importa tanto que mulheres, escravos e metecos não pudessem votar. O importante é que nunca mais haverá essa experiencia de todos os homens livres discutindo, várias vezes por anos os assuntos públicos. Com a popularização das redes sociais nos sentimos mais próximos, mais confiantes de compartilhar experiencias. A internet, através das redes sociais, caminha para formação de uma ágora, onde o povo expõe e compartilha todo tipo de informação.

Abstract:A good number of the current theoreticians of the democratic regime feel strong admiration for Athens. All they need to do is deepen their analysis a little, leave the mere description of how democratic governments work, and enter into theory, and start praising the Athenians. What is most positive in our political memory of this city is the agora. It doesn't matter so much that women, slaves, and meteos couldn't vote. The important thing is that there will never again be this experience of all free men discussing public affairs several times over the years. With the popularization of social medias we feel closer, more confident of sharing experiences. The Internet, through the social medias, is moving towards the formation of an agora, where the people expose and share all kinds of information

Palavra-chave: redes sociais, informação.

Keyword: social media, information.

Elogiamos Atenas pela ágora, aquela praça em que se reuniam todos os cidadãos para as decisões política e que não existe mais, que jamais existiu na modernidade, porque somos numerosos e afastados demais para podermos estar presentes uns em relação aos outros. As coisas mudaram, porém, com a internet, que aproxima os distantes, que torna todos potencialmente presentes. Estará a internet, estarão as redes sociais, anunciando uma nova ágora?

Se a história hipervalorizou os debates sobre as guerras e a organização do Estado, ou ainda os discursos de Péricles sobre a forma de governo, é possível que a grande maioria das assembleias se ocupasse de outros temas. O vivido na democracia ateniense ficava longe do nosso, seja o das eleições a cada dois ou quatro anos, seja reunião de nossas assembleias representativas.

É possível que nossa admiração por Atenas repouse, em parte, num equívoco sobre como era praticada a política. Acreditamos que as poucas dezenas de milhares de cidadãos, que durante cerca de um século parecem ter estado à testa do que um dia se chamaria civilização ocidental, sentiam uma dedicação constante à coisa pública. Mas essa crença bem pode ser uma miragem, uma construção a posteriori tornando-a um modelo que jamais conseguirmos atingir.

Dois eram os problemas técnicos que impediam a democracia direta num espaço maior que a cidade de pequeno para médio porte (o tamanho de Atenas): um, a dimensão do território, que tornaria inviável o deslocamento de todos os cidadãos, seu alojamento na capital, o desguarnecimento militar das fronteiras, o esvaziamento econômico do território; dois, o número de cidadãos, que jamais caberiam na praça de decisões entre presença e representação perde muito de seu sentindo.

Porque a representação era incompatível com a democracia direta, a verdadeira e única democracia para Rousseau, e a presença era impossível na modernidade. Surge assim uma solução terceira, que é á presença a distância. Desde a televisão, aliás, algo dessa ordem já se descortina, no entanto, a TV é unilateral: a grande maioria é passiva, poucos são ativos. A internet, porém, tem duas direções, todos podem falar, todos podem ser ouvidos. Tecnicamente, a ágora volta a ser possível. Por que, então, não funcionou até hoje?

Esse descompasso entre as potencialidades tecnológicas e seu preenchimento por valores humanos retrógrados é uma marca de nosso tempo. Talvez tenha sido de todo tempo, mas, quando o avanço era a descoberta ou a invenção da pedra lascada, o instrumento e seu uso não estavam em descompasso: era uma arma, empregada como arma. Porém, quando as invenções passam a exibir um teor cada vez maior de inteligência, é chocante que esta pareça restringir-se sobretudo ao caráter instrumental, técnico, sem colocar em cena as possibilidades ricas de expansão da consciência e, por que não dizer, pensando nos ensinamentos de Freud, do inconsciente humanos. Um exemplo conhecido desse uso da alta tecnologia para fins baixos, para além das armas em geral, está na utilização, em países da Ásia, do teste de ultrassom para detectar o sexo do feto, levando ao abortamento dos de sexo feminino. Ou seja, se a sociedade continua machista, a tecnologia serve ao machismo.

Voltemos à ágora. Quando a internet já era uma realidade, muitos esperaram que fosse um espaço como o grego. Nada melhor para trocar ideias, debater, formular propostas, validá-las. Contudo, o resultado é pífio. Debates são resumidos á argumentos rasos, e, o máximo que se consegue são seguidores. Parca é a discussão. O determinante não é o momento da decisão, é o momento que essa se formula, para que isso dê certo, a grande condição são debates ou pelo menos troca de ideias. Estes, entretanto, não ocorrem. Por isso, na França de Napoleão o tribunado, que debatia, era mais importante do que o corpo legislativo, que apenas votava.

Nas redes sociais, os comentários a notícias de jornal são lamentáveis. Umberto Eco tinha razão ao dizer que a internet liberou uma legião de imbecis. Ela é o espaço da plebe  e não do populus, das paixões mais toscas e não de sua elaboração e refinamento. O ódio é um dos seus grandes motores. Pode ser que isso se deva ao crescimento do ódio na política brasileira, mas também pode ser que o modo de uso das redes sociais favoreça a junção dos que odeiam.

Rousseau propôs uma relação entre a democracia, da qual ele fala no contrato social, e a piedade ou compaixão, que aparece em seu discurso sobre a desigualdade no regime democrático, seriamos mais solidários com a dor alheia. A democracia é o regime dos pobres, o regime do desejo de ter e ser mais, portanto, propicio para discursos extremistas e polarizados.

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