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SEMINÁRIO SOBRE O CAPÍTULO SEIS DO LIVRO O SHOW DO EU – A INTIMIDADE COMO ESPETÁCULO

Por:   •  9/6/2017  •  Resenha  •  1.915 Palavras (8 Páginas)  •  610 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO PUBLICIDADE E PROPAGANDA

O SHOW DO EU – A INTIMIDADE COMO ESPETÁCULO:

EU AUTOR E O CULTO À PERSONALIDADE

SEMINÁRIO SOBRE O CAPÍTULO SEIS DO LIVRO O SHOW DO EU – A INTIMIDADE COMO ESPETÁCULO

Nathaly Engel

Santa Maria, RS, Brasil

2013

O SHOW DO EU – A INTIMIDADE COMO ESPETÁCULO:

EU AUTOR E O CULTO À PERSONALIDADE

        

Nathaly Engel

Seminário sobre o capítulo seis do livro “O show do eu – A intimidade como espetáculo” na aula de Sociologia da comunicação do Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda da Universidade Federal de Santa Maria

Professora: Ana Cássia Flores

Santa Maria, RS, Brasil

2013

INTRODUÇÃO

Neste relatório será apresentado um resumo do capítulo seis do livro “O show do eu – A intimidade como espetáculo”, em que o assunto abordado é a atual espetacularização da literatura e da arte. Hoje em dia é fato a necessidade da assinatura de obras por parte dos artistas que a produziram, para mostrar que eles são os autores, pois a maioria das pessoas as adquire por causa deles, desconsiderando o conteúdo da obra, o que é uma tendência visível que caracteriza a sociedade do espetáculo em que vivemos hoje.

  1. EU AUTOR E O CULTO À PERSONALIDADE

Logo no início do capítulo 6 do livro “O show do eu – A intimidade como espetáculo”, escrito por Paula Sibila, a autora faz a seguinte indagação: “O que é um autor?”. Para responder à pergunta, ela fala sobre a ”função de autor”. Tal função rege os modos de existência, circulação e funcionamento dos discursos no interior de uma sociedade, podendo ou não estar presente neles.

A função-autor é uma das formas de função-sujeito e vem mudando historicamente, de forma que nos anos seguintes ela possa inclusive desaparecer, dando lugar ao total anonimato nas obras, como era antigamente, o que hoje em dia é visto como um acontecimento distante.

No gênero textual autobiográfico, a função-autor aparece de forma singular. Nele, o autor é o narrador e o protagonista da história. Porém, essa prática vem sendo reconfigurada, e dessa forma a autora indaga de que modo está acontecendo essa mudança e como ela afeta a construção do eu na atualidade, e responde tal pergunta durante o desenvolvimento do capítulo.

Walter Benjamin, filósofo muito citado, promoveu um ensaio sobre a “morte” do narrador, em que este é diretamente comparado a um artesão: para ele, narrar seria uma forma artesanal de comunicação, pois o contador de histórias também utiliza de suas mãos para escrever o relato. Assim, o narrador benjaminiano não é um artista e sim um artesão. Para ele o artesão é visto como aquele que faz alguma coisa, aplicando uma técnica para exercer um ofício, e o resultado desse trabalho é a produção de algo. Já o artista não é necessariamente quem faz algo, e sim é alguém. Só o fato de uma pessoa possuir uma personalidade artística, faz dela um artista, ou seja, não precisa produzir algo e muito menos assinar o que produz.

Para entender melhor, um contexto histórico é construído, em que a Idade Média é citada como a época em que os artistas não eram importantes para a apreciação de uma obra de arte. O que importava era a realidade reproduzida perfeitamente em forma de pintura, a obra, o resultado final. Por isso a maioria das obras da época eram produzidas no anonimato. A função do artista era basicamente copiar a realidade da forma mais fiel possível e ninguém precisava saber quem a tinha feito.

No fim da Idade Média, esse quadro começou a mudar, de forma que as obras de arte eram resultado de um impulso subjetivo do artista, o que ainda era muito diferente da atualidade, pois o artista daquele período não considerava suas obras como produtos diretamente emanados do seu modo de ser. Cada uma era resultado de sua vontade consciente e sua habilidade prática, feitas da maneira mais impessoal possível.

Com o Romantismo, essa objetividade foi rompida. O artista, nessa época, era considerado como alguém especial, dotado de raros dons, diferente dos demais, dono de uma agitada vida interior, característica a qual constituía a fonte de sua arte. Nesse caso, se um traço da obra fosse diferente, ela não seria a mesma, pois representaria outros sentimentos.

 A partir daí, começou a ser instaurada uma relação direta entre a personalidade do artista e sua obra, e a figura do autor se consolida, o que traz a ideia de propriedade legal sobre ela. Nesse contexto, toda obra se torna uma mercadoria, o que é característica dos dias atuais. A função-autor foi totalmente transformada, passando de desnecessária a essencial, pelo menos nas obras consagradas pela mídia e pelo mercado.

Uma prova de que a figura do autor está hoje mais exaltada do que em quaisquer outros períodos, é o tipo de evento que surgiu nesse século: festas literárias que combinam os interesses culturais, midiáticos e turísticos, como a Festa Literária Internacional de Paraty. Douglas Kellner, sociólogo, fala sobre o tema em seu ensaio “A cultura da mídia e o triunfo do espetáculo” sobre a tendência de fazer com que tudo se torne motivo de espetáculo hoje em dia, a necessidade de que algo seja reconhecido e de que cause impacto na mídia, o que transforma a sociedade atual em uma sociedade do espetáculo, conceituada por Guy Debord como “uma sociedade de mídia e de consumo organizada em função da produção e consumo de imagens, mercadorias e eventos culturais.”

Em detrimento dessas novidades, a criação artística é afetada. “A produção de arte gira em torno da produção de exposições”, aponta Peter Sloterdijk. As obras se tornam um meio de autopromoção do autor.

A romancista Rosa Monteiro faz um observação interessante quando fala que “os escritores são pessoas que escrevem para se esconder, porém, cada vez mais são obrigados a aparecer, falar, estar na televisão e nos festivais”. A “crise” é tanta que nas exposições, os principais produtos à venda são os próprios festivais – que muitas vezes contam com diferentes atrações de grande valor midiático - e os autores, e não as obras. Dessa forma, o principal atrativo não é a obra, mas sim, o livro como mercadoria, com a assinatura do autor na capa.

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