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O Pensamento filosófico em bases existenciais

Por:   •  13/6/2018  •  Resenha  •  1.834 Palavras (8 Páginas)  •  1.187 Visualizações

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BORNHEIM, A. Gerd. INTRODUÇÃO AO FILOSOFAR: o pensamento filosófico em bases existenciais.

SÃO PAULO: Globo, 2009, pg 25-63

                                                        Alan Marcos Rodrigues de Souza¹

Este livro de Bornheim, tem como finalidade principal, questionar o fator causal do surgimento do ato de filosofar. O comportamento originante do filosofar e a possibilidade de esclarecer a problemática que tal comportamento coloca, constituem o objeto do presente estudo. Baseado na convicção de que não se trata de um problema que possa ser descartado como simplesmente secundário ou de menor importância, o autor parte, assim, do pressuposto de que a coloração fundamental de uma filosofia já se determina, em certo sentido, a partir mesmo da atitude inicial assumida por todo filósofo. Trata-se, portanto, da problemática implicada no ponto de partida do filosofar. No início do primeiro capítulo o autor nos faz uma distinção prévia. A conclusão filosófica de todo filósofo surge desde do primeiro ato de filosofar. O autor expõe claramente qual o seu intuito com este livro, visualizar o problema exposto no começo desta resenha por um viés filosófico-existencial.

O autor exibe, de maneira mais abrangente, o movimento dialético que ele cursa durante o ensaio, descrevendo cada momento do mesmo: a estupefação ingênua que é o engendramento do filosofar, seguida de um comportamento doutrinário, a cessação desse primeiro momento, por meio da experiência insatisfatória, que pode se revelar de diversas formas e é frisada pelo questionamento e pela crítica e, então, a chamada “conversão filosófica”, súmula do movimento dialético, que seria, exatamente, o ato de filosofar. [1]

No decorrer do livro, cada um desses momentos é elucidado e caracterizado. Recriando o curso de Bornheim, programamos ilustrar a magnitude dessa “conversão filosófica” para todo filósofo.

Prosseguindo no primeiro capítulo, o autor nos faz uma pequena explanação, refazendo os viés filosóficos de Platão e Aristóteles, do tema fundamental dos próximos dois capítulos, aquele que ele considera uma atitude essencial para o ato de filosofar: o deslumbramento. Com a sua posição de abertura ao mundo, o deslumbramento estabelece um movimento benéfico do homem, movimento que concede razão à existência e coloca no homem no princípio do ato de filosofar. [2]

Entretanto, anexado a essa estupefação, Bornheim identifica dilemas, que de maneira alguma a faz, excepcionalmente, a resolução para o impasse presente no livro. A pura admiração é inocente, isto é, quando estamos admirados, a princípio, também estamos em um estado de inocência, isso produz no homem que está estupefato uma conduta doutrinária, pré-crítica e, dessa forma, prossegue incapaz de manifestar o ato de filosofar.

Com a estupefação o homem se possibilita a enxergar sentido no mundo. No entanto, continua com uma percepção imensamente determinada e positiva, nessa essência, abstém-se do homem, diminui o seu campo de visão, fazendo com que o mesmo se aprisione em um sentido uniforme e inalterável, em um olhar de mundo concluso e fechada. A postura doutrinária, sobre tudo, objetiva a proporcionar sempre um ponto de vista pragmático e, porque não, utilitarista, estagnando-se sempre em uma forma fundamentalmente segura, em um viés que garanta o restante.

Não sem motivo que Bornheim chega na conclusão, que, o homem apenas retira-se da atitude doutrinária no momento que passa julgar, por razões suficientemente radicais, que a realidade, basicamente, deixou vacilar ou perdeu o seu sentido

Para chegar a esse ponto e, posteriormente, conseguir transcendê-lo, o homem necessita de uma experiência de ruptura, que pode se expressar de várias formas e é notadamente marcada pela crítica e pela negatividade.

É a chamada experiência negativa, segundo momento do grande movimento dialético proposto na obra, tema principal dos capítulos quatro, cinco e seis.

No capítulo quatro, o autor nos situa no problema da experiência negativa. E através dela e, somente através dela, que o homem consegue transpor as amarras da dogmaticidade e chegar a um outro momento. Embora a experiência negativa tenha sido pensada e ponderada durante toda a história da filosofia, é no pensamento do século XX que ela terá de fato uma importância quase que central:

A valorização da experiência da negatividade invadiu o pensamento contemporâneo. A conseqüência [sic] são análises extremamente lúcidas e penetrantes, que põem [sic] à disposição do pesquisador um material imenso. Às vezes, contudo, o valor da experiência da negatividade é exacerbado, passando a valer, com maior ou menor intensidade, como um absoluto, advindo daí o problema do niilismo, uma das questões centrais da tão discutida crise contemporânea.[4]

Disso decorre que, a característica básica da experiência negativa, antes de tudo, é o seu caráter egocêntrico, pois, ao contrário da admiração, onde o homem vê no mundo algo que lhe dê sentido, a experiência da negatividade leva o homem para dentro de si mesmo.

O autor então divide, no capítulo cinco, sem a pretensão de nenhuma exatidão, mas de ilustração, quatro diferentes posturas assumidas dentro da experiência da negatividade, a saber: a postura de passividade intelectual, de atividade intelectual e, da mesma forma, de passividade existencial e atividade existencial.

A consciência da ignorância e a dúvida (seja ela cética ou metódica) configuram os dois tipos de experiência negativa intelectual, sendo aquela passiva e esta ativa. Para explicá-las melhor o autor utiliza exemplos como os de Husserl e Descartes.

Já as experiências negativas existenciais são ilustradas pela angústia e pela revolta. A primeira, passiva, é explicada através da personagem Antoine Roquentin, protagonista do romance A Náusea, de Jean-Paul Sartre. A segunda, ativa, é explicada através da revolta metafísica, de Albert Camus.

Esses tipos de experiências negativas citados possuem certas nuances e particularidades, que foram devidamente exploradas pelo autor no decorrer do texto. Como nosso objetivo na presente resenha é uma visão panorâmica da obra e foca no movimento dialético como um todo, que é o fio condutor do livro, não entraremos nas nuances e particularidades de cada experiência negativa.

O que se faz necessário para o nosso propósito é o seguinte: qual é a importância da experiência negativa para o ato de filosofar? Por que a experiência negativa se coloca como o passo seguinte, após a admiração ingênua e o comportamento dogmático do homem?

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