ESPAÇO URBANO E O TERRITÓRIO DA VIOLÊNCIA: UMA LEITURA GEOGRÁFICA DOS ÍNDICES DE HOMÍCIDIOS NO BAIRRO DO PAAR EM ANANINDEUA- PARÁ, NOS ANOS DE 2014 E 2015.

ESPAÇO URBANO E O TERRITÓRIO DA VIOLÊNCIA: UMA LEITURA GEOGRÁFICA DOS ÍNDICES DE HOMÍCIDIOS NO BAIRRO DO PAAR EM ANANINDEUA- PARÁ, NOS ANOS DE 2014 E 2015.

Rafael Henrique Maia Borges

rafaelmaiageo@gmail.com

Denise Carla Melo Vieira

denisecarla2000@hotmail.com

Clay Anderson NunesChagas

claychagas@hotmail.com

Carlos Jorge Nogueira de Castro

carlosjorge319@gmail.com

Rafael Henrique Maia Borges - Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da Universidade do Estado do Pará, Participante do grupo de pesquisas “Produção do espaço, dinâmicas territoriais e geoinformação: geografia e violência na região metropolitana de Belém”, coordenado pelo profª Drª Clay Anderson Nunes de Chagas.

Denise Carla de Melo Vieira - Graduanda do curso de Bacharelado e Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Pará. Integrante do Grupo Acadêmico de Produção Territorial e Meio Ambiente na Amazônia.

Clay Anderson Nunes Chagas – Doutor em desenvolvimento Sócio Ambiental (NAEA/UFPA), professor do Programa de Pós Graduação em Geografia (PPGEO/UFPA), da Universidade Federal do Pará e da Universidade do Estado do Pará.

Carlos Jorge Nogueira de Castro– Geógrafo Mestre pelo programa de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO/UFPA), professor efetivo da Universidade do Estado do Pará (UEPA).

RESUMO: Nas grandes cidades brasileiras, observa-se a presença de áreas marcadas por desigualdades sociais e espaciais, além do crescimento da violência e da criminalidade, o que tem gerado medo e insegurança na população brasileira. Neste sentido a geografia, a partir de conceitos como o território e o espaço, tem buscado a compreensão dessa problemática. Como parte disso, este artigo busca analisar de maneira sucinta, a partir dos conceitos citados anteriormente, como se dá produção do espaço urbano e a sua relação com os elevados índices de criminalidade, além do estudo das relações de poder que se estabelecem na formação de territórios da violência. O recorte espacial deste artigo é o bairro do Paar, em Ananindeua- Pará.

Palavras-chave: Espaço Urbano, Território, Criminalidade.  

ABSTRACT: On the big brazilian cities, it is remarkable the presence of areas characterized by spatial and social inequalities, besides the growth of the violence and criminality, which has generated fear and insecurity in brazilian population. Thus, geography, based on concepts such as territory and space, has searched the comprehension of that problematic. As a part of that tendency, this article aims to analyze briefly, based on the concepts previously mentioned, how the production of urban space happens and its relations with the high rates of criminality, besides the study of power relations established on the formation of the territories of the violence. The spatial area of this article is the neighborhood of Paar, in Ananindeua- Pará.

Keywords: Urban space, Territory, Criminality.

1. INTRODUÇÃO

Historicamente, a ciência geográfica, desempenha um importante papel no estudo das sociedades e de suas relações sociais. Como parte disso, a violência e a criminalidade, enquanto resultado de algumas dessas relações, constituem um objeto de estudo da geografia. Neste sentido, tal ciência tem realizado estudos, com o objetivo de entendê-los a partir de sua realidade espacial, ou seja, a forma com que eles se distribuem sob o espaço. Contudo, é necessário ir além e a partir da análise das relações sociais, que também são relações de poder, se buscar a compreensão dessa problemática.

Os altos índices de violência e criminalidade estão presentes no Brasil, principalmente, nos espaços urbanos. Isso tem assustado diariamente a população brasileira e acarretado em grandes indagações sobre a real eficácia do sistema público. Nesse contexto, o Município de Ananindeua mostra-se marcado por um cenário de medo e a insegurança, o que tem interferido diretamente no cotidiano da população local, primordialmente, por apresentar diversos tipos de crimes como roubos, furtos e o mais extremo, o crime contra a vida – o homicídio.

Dessa forma, o presente artigo, busca analisar de maneira sucinta, como se dá a produção espacial do bairro do Paar em Ananindeua-Pará e a forma com que ela se relaciona com a violência e a criminalidade, em especial os homicídios. Como objetivo especifico, busca-se entender, as relações de poder que se estabelecem sob esses espaços, que em sua maioria são marcados por desigualdades socioespaciais.

Quanto à metodologia, utilizou-se fundamentalmente de levantamentos bibliográficos, utilização da cartografia, informações coletadas em pesquisas de campo e uso de dados junto a órgãos oficiais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e a Secretaria Adjunto de Inteligência e Análise Criminal – SIAC/SEGUP.

Com isso, o presente trabalho se divide em três momentos. No primeiro se refletirá acerca da produção do espaço urbano e mais especificamente do bairro do Paar. Em um segundo momento será feita a discussão da violência urbana, criminalidade e o território. Posteriormente, se analisará a categoria território e a sua relação com a criminalidade e mais especificamente o crescimento do crime de homicídio no bairro em questão.

1. PRODUÇÃO DO ESPAÇO URBANO E AS AREAS DE DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS

A compreensão das realidades vividas nas grandes cidades brasileiras se dá, essencialmente, a partir do estudo da produção do espaço urbano, ou seja, das relações sociais que se estabelecem sob um determinado espaço. Nesse sentido, entende-se, que esta produção, ocorre de maneira dialética entre o espaço e a sociedade, onde “o espaço afirma-se como condição, meio e produto da reprodução social” (LEFEBVRE, 1968, CARLOS, 2012, SILVA, 2016).

Segundo Corrêa (2012), entende-se que a produção do espaço é o resultado da ação de agentes sociais concretos e históricos, que possuem estratégias e interesses não rigidamente definidos, como os proprietários de meios de produção, promotores imobiliários, proprietários fundiários, o Estado e os grupos sociais excluídos, onde suas ações se materializam na forma de um ambiente construído. Além disso, admite-se que o espaço urbano é fruto das diferentes formas de uso das terras urbanas, as diferentes funcionalidades que se atribuem a elas, sendo um espaço fragmentado, porém onde todas as suas partes se articulam a partir dos fluxos, como o de pessoas, mercadorias, decisões, investimentos e ideologias (CORRÊA, 1995).

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