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Impactos da Modernização na Pesca Artesanal

Por:   •  22/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.702 Palavras (11 Páginas)  •  250 Visualizações

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IMPACTOS DA MODERNIZAÇÃO NA PESCA ARTESANAL

Jamerson Trindade de Araújo

Graduando em Geografia (UERJ/FFP)

                jtaraujo@live.com

Resumo

        

        Em pleno século XXI, observamos todos os dias várias inovações surgindo no planeta. Conforme o tempo avança, o mundo moderno se consolida cada vez mais em nossos dias. A todo momento são novos smartphones, televisores, computadores de última geração, automóveis mais rápidos, bonitos e confortáveis, e por aí vai. Não só os meios tecnológicos se modernizam, afinal, podemos ver essa modernização também em caráter bélico, na produção de armas e bombas atômicas, por exemplo. A modernização também está no meio científico, pois podemos observar a todo instante novos tratamentos sendo descobertos e novas vacinas sendo produzidas. Podemos citar também como o meio de produção se modernizou ao longo da história. Um bom exemplo disso é o filme “Tempos Modernos” (1973), onde Charles Chaplin representa um operário que executa um repetitivo trabalho de apertar parafusos em uma grande fábrica, e com os avanços da tecnologia, posteriormente esses empregados serão substituídos por máquinas modernas que passam a realizar a mesma função, porém com muito mais eficiência e produção.

        Os impactos do mundo moderno são imensos e atingem os mais diversos tipos de setores, e com a pesca artesanal não é diferente. Este documento tem como objetivo apresentar as influências, bem como os impactos dessa modernização no contexto da pesca artesanal, e apresentar um pouco da pesca artesanal e consequências do mundo moderno no município de São Gonçalo (RJ).

Palavras-chave

Pesca artesanal, modernização, impactos, São Gonçalo

Introdução

        

        A pesca artesanal é uma atividade praticada de forma autônoma ou de uma forma econômica familiar por pescadores profissionais, que utilizam seus próprios meios de produção e embarcações que são de pequeno porte, podendo recolher cerca de 10 (dez) toneladas de pescado por mês. Todavia, as áreas destinadas a essa prática estão cada vez mais se reduzindo por diversos fatores, tais como:

I) Disputa de territórios com a pesca industrial, onde envolve pescadores também profissionais, mas de forma assalariada (empregados), contratados, detentores de mais recursos, com embarcações que variam de pequeno a grande porte, cuja finalidade é comercial e que retiram mais de 10 (dez) toneladas de pescado todo mês;

II) Poluição desses habitats (como por exemplo o rompimento da barreira de rejeitos de minério da mineradora Samarco, na cidade de Mariana-MG, considerado o maior desastre biológico do Brasil);

III) Modernização industrial e portuária, cada vez mais intensa nos litorais brasileiros, deixando quase que inviável a prática da pesca. Assunto esse que iremos tratar nesse presente documento com mais detalhe.

        Para explicarmos melhor os impactos da modernização na vida dos pescadores artesanais, usaremos como base de discurso uma pesquisa realizada no distrito de Santa Cruz – pertencente ao município do Rio de Janeiro - com o município de Itaguaí (ligada ao contexto da Baía de Sepetiba), onde há uma forte relação conflituosa dos pescadores artesanais com empreendedores responsáveis pela implantação da Companhia Siderúrgica do Atlântico (joint-venture da Vale com a ThyssenKrupp Steel).

        A Companhia Siderúrgica do Atlântico é apenas mais uma grande empresa que tenta se instalar no litoral com o discurso de que faz parte de uma grande modernização no modo de produção brasileiro, e que o mesmo acarretará na criação de novos empregos, alavancará uma produção mais eficaz e também irá fazer parte de um enorme projeto de desenvolvimento sustentável. Mas a verdade é que apesar da Baía de Sepetiba apresentar condições que favoreçam a navegação, riquezas naturais, o desenvolvimento da pesca artesanal não é prioridade do Estado ou de suas políticas nessa região.

        A região possui águas mais calmas e profundas, e através de uma localização geograficamente privilegiada, há também uma proteção natural contra os ventos. Ainda falando de sua localização privilegiada, a Baía localiza-se no que é considerado o mais importante entorno geoeconômico do Brasil. Num raio de pouco mais de 500km, estão situadas empresas industriais e comerciais responsáveis pela formação de aproximadamente 70% do PIB brasileiro (PORTOSRIO, s/d). Coincide em parte com a hinterlândia do porto do Rio de Janeiro, abrangendo os estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e o sudoeste de Goiás. (ANTAQ. Disponível em: http://www.antaq.gov.br/portal/pdf/Portos/Itaguai.pdf . Acesso em 17 jan. 2016).

[pic 1]

Figura 1 - Pontos referentes às localidades de pesca e grandes empreendimentos - Baía de Sepetiba

        Atrelada a chegada dessas empresas com discurso modernista e inovador, entramos no embate cultural que a situação em questão causa. De um lado, vemos pescadores artesanais que estão inseridos no contexto daquele meio ambiente e necessitam do pescado para a sobrevivência, para o ganha pão; do outro lado vemos uma empresa com forte influência e poderio econômico e político, diminuindo consideravelmente o poder material, simbólico e de organização das populações periféricas, diminuindo suas influências contra essas forças hegemônicas.

        Muitas das vezes, essas fortes influências das forças hegemônicas conseguem acelerar o processo contra discursos ambientalistas mascarando os riscos de impacto que sua empresa pode causar no ambiente em questão, ou até mesmo cometem tais infrações que apresentam riscos sociais e ambientais, mas através do alto poder aquisitivo, liquidam fácil as multas empregadas a elas. Diante dessa situação, de fato o pescador artesanal é prejudicado com a presença dessa modernização portuária em questão, pois a presença desses grandes empreendimentos não só polui visualmente a sua área de pescado, mas também causam danos à natureza.

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