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O PROFESSOR SOBRE AMEAÇA

Por:   •  23/4/2022  •  Trabalho acadêmico  •  2.142 Palavras (9 Páginas)  •  117 Visualizações

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O professor sob ameaça: como enfrentar a violência? CASO O professor Carlos, recém formado foi trabalhar em uma escola de área rural, localizada no interior do Espirito Santo, em um distrito  com cerca de 20000 habitantes. A unidade tem única escola da região, possui cerca de 500 alunos, divididos em dois turnos. Muitos pais das, dentro do lugarejo, outros vinham de terrenos e fazendas de  localidades próximos e até mesmo de cidades vizinhas procuram matricular os filhos nessa escola, pois a mais próxima ficava em média vinte e cinco quilômetros da localidade.. Os alunos formam um grupo bem heterogêneo – a maioria é da própria localidade   de classe média baixa, e muitos vivem em um em localidades  do interior, apesar de afastado da cidade principal, alguns alunos moravam perto de cidades com índice de criminalidade muito maior. A maior parte dos pais trabalha em fazendas e pequenas empresas que viviam da economia local, a maioria  não tem  Ensino Médio completo; e alguns sem formação nenhuma. Carlos tem estatura mediana, pele morena , cabelo liso , bem descontraído e jovial, apesar dos seus 42   anos de idade, inicio de carreira, pois se formou a pouco tempo como professor de Geografia, sendo a sua primeira escola a lecionar.

Para ele, o fato de ser descontraído e ter uma certa idade facilitaria o contato com os estudantes, pois além de falar a linguagem deles, usava de sua descontração para fazer parte do meio . Divorciado e com dois filhos, dividia seu tempo entre lecionar , e cuidar da casa e dos fillhos. Para cobrir suas despesas, André leciona em dois turnos diferentes, de manhã e à noite; à noite lecionava um cursinho preparatório e nos finais de semana fazia bicos como garçom em eventos. Apesar da jornada de trabalho árdua e cansativa, conseguiu respeito e notoriedade na escola, pois realizava seu trabalho com muita seriedade e conseguia manter a disciplina em sala de aula, o que considerava essencial para promover um ambiente adequado de aprendizagem. Carlos  passava muito tempo na escola, mesmo fora de seu expediente de trabalho, e sempre afirmava a todos seu orgulho de lecionar naquela instituição de ensino. Porém, o educador viu-se diante de uma situação difícil quando um novo aluno, que por algum motivo,veio com a família que morava em umas das cidades violentas e com certa proximidade dessa escola do interior inclusive de represália, desse aluno novato. O CONFLITO Tudo começou quando, durante uma aula no 7º ano do Ensino Médio, Carlos chamou a atenção de Joaquim, de 15 anos. Morador de uma filho de um caseiro, de uma fazenda  localizada em  próximo à escola, o aluno era branco, alto  e magro, expressava-se com muitas gírias e com bastantes tatuagem, com a cabeça raspada. Naquele dia, falando alto na sala, impossibilitava a explicação da matéria. Não gostou de ser repreendido pelo professor e sua reação foi de enfrentamento e desrespeito, dizendo aos gritos: – Quem você seu coroa? Não conseguiu nada na vida, fim de carreira , veio dar aula? Você é só professor e não estou nem aí para você! Seu lugar é no asilo, velhote tirado a novinho! O que você ganha em um mês aqui, eu ganho em uma semna , seu babaca! Naquele momento, um silêncio tomou conta da sala. Os demais alunos olhavam assustados para o professor, esperando sua reação diante da postura de Joaquim. Carlos  procurou manter a calma e encaminhou o aluno à diretoria da escola. Apesar do clima tenso, a aula prosseguiu. Quando terminou e o professor deixou a sala, encontrou Joaquim no corredor. Com um olhar ameaçador, ele encarou Carlos  fixamente, tentando intimidá-lo. O professor apesar de iniciante e confiante no seu trabalho e o respeito que havia conquistado no pouco tempo que lecionava , não levou a atitude muito a sério. Na hora do intervalo, na sala dos professores, Carlos perguntou aos demais colegas como era a postura de Joaquim em suas aulas. As respostas o deixaram preocupado. Josefa, professora de matemática, aconselhou: – Se eu fosse você, eu o ignoraria, não o enfrentaria. Já tive informações da escola que ele foi transferido, intimidou um professor que bateu de frente com ele, e o final da historia, foi ele transferido, o professor internado, pois entraram em luta corporal, mesmo o professor evitando o conflito corpo a corpo, e além disso precisou sair da localidade, pois havia arrumado problemas com outros meninos da sociedade. Ele não sabe ler nem escrever direito, pois vem para escola por obrigação, professora de informática, que ouvia a conversa, acrescentou: – E tem mais... tem dois irmão preso , um foragido , a mãe internada para tratamento toxico, e o pai foi morto em confronto. Certa vez, ele me disse que seu sonho era ser traficante de drogas e matar um policial. Seus colegas de sala comentam que ele vende drogas dentro e fora da escola. Por isso, finjo que ele não existe e ignoro suas atitudes. Não vale a pena ser um mártir da Educação, porque a Educação não valoriza seus mártires! Aquelas e outras falas deixaram o professor Carlos pensativo, sem saber como proceder. Seria melhor ignorar a atitude de Joaquim, como os colegas aconselhavam? Ao fazer isso, não perderia o respeito dos demais alunos em sala de aula? Seria mesmo arriscado chamar a atenção daquele aluno? Era uma situação nova para André, porém, o fato de ser algo comum para seus colegas o assustava. Ameaça e violência na escola tornaram-se banais para eles, mas o professor acreditava que algo deveria ser feito. 11 Serviço Social O PEDIDO DE AJUDA Sem saber como agir, Carlos procurou a direção da escola. A diretora disse que em outras situações havia convocado os responsáveis pelo aluno e eles não tinham comparecido, mas insistiria mesmo assim. Porém, alertou: – Nós sabemos que o caso dele é grave, por isso o colocamos naquela turma, separado de seus colegas da outra escola, para ver se ficaria mais quieto. Vários alunos têm contado que ele traz drogas na mochila, mas não podemos revistá-lo. Ele já tem várias passagens pela polícia. O que podemos fazer, se nem os policiais fazem alguma coisa? Como ele mora na região da escola, não é possível transferi-lo. Também não sabemos como agir, mas vamos fazer algumas tentativas. No dia seguinte, o avô de Carlos compareceu à escola e declarou ser o responsável pelo aluno, já que a mãe tinha problemas com drogas e o pai morto e os irmãos estavam presos havia anos. Com expressão de cansaço, o homem, já bem idoso, prometeu conversar com o neto, mas confessou que estava difícil educá-lo. Disse que Carlos já tinha sido levado pela polícia várias vezes e que andava com más companhias no bairro. Alegou que o neto era um menino bom, mas andava violento por causa do uso de drogas. Também confessou à direção que recentemente o encontrara com uma faca, dizendo que iria matar  um menino  da localidade que ele morou anteriormente, pois um menino devido seu esteliotipo, havia colocado um apelido que não havia o agradado. Desanimado, afirmou que já não sabia mais o que fazer com o neto. As palavras do responsável por Joaquim,  deixaram o professor assustado e aflito. Porém, ele resolveu não se abater; decidiu aproximar-se do aluno para conversar com ele e tentar resolver a situação. Sabia que não seria um diálogo fácil, pois o garoto era muito arredio e não aceitava conversar. Uma semana depois do episódio com Joaquim, Carlos estava apreensivo em reencontrá-lo na sala de aula e se perguntava como o aluno reagiria depois do comparecimento de seu avô à escola. Será que ele mudaria sua postura agressiva e de enfrentamento? A última aula, na turma de Joaquim, seria a mais difícil do dia. O professor caminhou até a sala, sentindo um misto de desânimo, receio e aflição, mas sem deixar transparecer sua preocupação, pois sabia que teria de enfrentar

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