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Relatório De Campo: Vivências E Resistências: O Olhar Das Famílias Camponesas Da Pa 140

Por:   •  27/2/2023  •  Artigo  •  5.649 Palavras (23 Páginas)  •  50 Visualizações

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[pic 1] 

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ - UEPA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO - CCSE

CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA

 

   

RELATÓRIO DE CAMPO: VIVÊNCIAS E RESISTÊNCIAS: O OLHAR DAS FAMÍLIAS CAMPONESAS DA PA 140.

 

 

 

 

 

GABRIELLY GISELY SANTOS DA SILVA; JOÃO VICTOR ROCHA LEÃO

 

 

   

BELÉM - PA

2019

GABRIELLY GISELY SANTOS DA SILVA; JOÃO VICTOR ROCHA LEÃO

     

 

  

Relatório de Campo: Vivências e resistências: o olhar das famílias camponesas da PA 140. 

Relatório solicitado como forma avaliativa referente a disciplina de Trabalho de Campo Interdisciplinar III.

Docente: Prof.ª Dr.ª Cátia de Oliveira Macedo

         

 

 

BELÉM - PA

2019

  1. Introdução

 

Ao longo dos dias 8 e 9 de Julho de 2019, percorremos a PA 140 (Figura 1), mais precisamente em seu trecho que vai do município de Santa Izabel ao município de Concordia do Pará. Neste campo, embarcamos pensando em encontrar um dos princípios do Trabalho de Campo em Geografia: a realidade que tanto estudamos em sala. E o que vimos foi além, fomos agraciados pela união entre famílias, solidariedade, fé e lutas, que jamais se calarão frente ao “progresso”.

 

Figura 1 - Mapa do percurso em campo.

[pic 2] 

Fonte: LEÃO; SILVA (2019).

 

No primeiro dia, ao longo da estrada várias paisagens puderam ser observadas, ganhando destaque o trecho entre Santa Izabel e Bujaru, marcado ainda pela sua presença na Mesorregião Metropolitana de Belém, a paisagem evidenciou nos sítios camponeses um marco de casas do programa Minha Casa Minha Vida, situação ainda nova na região.

Ao atravessar o Rio Guamá, já no município de Bujaru nos aproximamos à realidade do território do nordeste paraense, visitando famílias camponesas situadas ao longo da estrada, chegando até o município de Concórdia do Pará e sua interminável paisagem de dendezal.  

As luzes do segundo dia nos fizeram vivenciar as experiências na comunidade do Cravo. Localizada no município de Concórdia do Pará, a comunidade formada por diversas famílias é a representação intermediaria típica dos fluxos da mesorregião do nordeste paraense, guardando na memória de seus moradores os registos de anos de saberes formados a partir do modo de vida camponês. (COSTA; MACEDO, 2010).

Esse nordeste paraense, segundo o Relatório Analítico publicado pela Universidade Federal do Pará (2011), carrega as marcas de certa heterogeneidade de movimentos migratórios em diferentes períodos e por mudanças de perfil econômico, dando lugar às fazendas destinadas ao gado, com graves problemas de desmatamento, perda da vegetação original e a forte presença da monocultura de certas culturas e recebendo os projetos minerários (RELATÓRIO ANALÍTICO, 2011). A mesorregião também é marcada pela forte violência no campo, fruto de marcas históricas do processo de grilagem.  

Porém, frente a esses processos aniquiladores do território original, nesses 86.753,492 Km² de extensão da mesorregião, o que resiste são marcas de forte presença da agricultura camponesa que ali constituiu seu modo de vida às faces do capitalismo que apenas se expande (RELATÓRIO ANALÍTICO, 2011). Podemos pensar assim, com experiência em campo e aos olhos de Murilo de Souza (2012), o camponês enquanto um sobrevivente, que vivencia os mais diferentes modos de produção, conseguindo se adaptar a todos eles.

E é por meio desses caminhos trilhados ao longo das comunidades camponesas ao longo da PA 140, que o trabalho busca ressaltar as experiências do modo de vida camponês, em breves vivências relatadas ao longo do campo, ressaltamos ainda suas mais frequentes lutas e sua adaptação ao modo de produção capitalista.

A metodologia esta pautada na realização de pesquisas bibliográficas, no Trabalho de Campo Interdisciplinar III da turma do curso de Geografia UEPA campus Belém, que contou com a realização de entrevistas semiestruturadas, juntamente com o auxilio de gravadores, câmeras fotográficas e diários de campo.

 

  1. Relação TERRA-TRABALHO-FAMILIA: as dinâmicas de sociabilidade nas comunidades camponesas na PA 140

 

As comunidades camponesas diferenciam-se pela forma como se relacionam com seu círculo social, sua relação com a natureza e suas crenças. Assim, pensamos o campesinato a partir da visão de Shanin (1979), este sendo um modo de vida e uma classe social. Para compreensão do modo de vida dessas comunidades camponesas, faz-se necessário entender as relações que os mesmos desenvolvem com a terra, o trabalho, a vizinhança e a família.

Ao longo da PA 140, foram observadas comunidades camponesas pertencentes aos municípios de Bujaru e Concordia do Pará, podemos então destacar pontos importantes observados no decorrer dos dias 08 e 09 de julho de 2019. Os levantamentos de dados discorridos no presente relatório trazem questões acerca da produção camponesa e de suas dinâmicas de sociabilidade.

As relações sociais estabelecidas nas comunidades camponesas podem ser pensadas a partir do tripé TERRA-TRABALHO-FAMILIA. Geralmente, nessas comunidades a família é a base do trabalho, pois é a partir da força de trabalho de cada membro que a agricultura familiar camponesa se estabelece. A relação com a terra, com o ato de fazer a roça é extremamente forte, muitas dessas famílias cresceram indo trabalhar na roça, logo, se estabeleceu uma afetividade pela prática de ir à roça, de se fazê-la. Assim, podemos notar que em todas as comunidades visitadas, essas relações estão presentes de forma bem explicita.  

A primeira comunidade visitada, chamada Dom Ângelo Frozi situada no quilometro 25 da PA-140, é uma comunidade formada por uma família que migrou da comunidade do Cravo em 1982. Nesta, pôde ser observada como a relação da família no trabalho e no cuidado com a terra é presente, seja no preparo da terra para a plantação até o momento de colheita.  

A matriarca da família, Dona Jovelina, 83 (Figura 2), nos relatou um pouco sobre sua chegada à comunidade. Ela, seu esposo e seus 12 filhos saíram da comunidade do Cravo e deu início na comunidade Dom Ângelo Frozi, lá conheceram o padre que dá nome a comunidade, e assim, construíram o que antes era somente uma casinha caindo. Foi construída uma igreja que tem como padroeira Nossa Senhora das Graças e está é uma marca muito forte da religiosidade dentro dessas comunidades. Em quase todas as comunidades visitadas, a religiosidade é muito presente, principalmente, o catolicismo.

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