A Evasão Escolar no Coronel Solon em 2002
Por: Jessica Arielly • 15/8/2025 • Pesquisas Acadêmicas • 2.873 Palavras (12 Páginas) • 13 Visualizações
Desafios e Transformações: A Evasão Escolar no Coronel Solon em 2002¹
Jessica Arielly de Souza Costa²
Orientador: André Victor Cavalcanti Seal da Cunha³
RESUMO:
A incorporação do conceito de fonte colocado em sala de aula permite o aluno a entender o que é fonte e qual a sua pluralidade e os meios de utilização. Por isso, este trabalho tem a finalidade de expor o relato de pesquisa feita a partir de fontes escolares numa instituição pública de ensino. A analise consiste em organizar um acervo com a documentação passiva da Escola Estadual Coronel Solon e apresentar, a partir do resultado dessas fontes, uma maneira da utilização desse acervo numa aula expositiva.
Palavras-chaves: Fonte escolar; acervo; pesquisa.
ABSTRACT:
The incorporation of the concept of source placed in the classroom allows the class to understand what a source is and what its plurality is and the means of use. Therefore, this work aims to present the research report carried out from school sources in a public educational
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¹ Relatório de experiência realizado para Unidade Curricular de Extensão, orientado pelo professor André Victor Cavalcante Seal da Cunha, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte;
² Discente do curso de História da Universidade do Rio Grande do Norte, UERN. E-mail: jessica20230028260@alu.uer.br
³ Graduado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Mestrado em Educação pela mesma instituição. Docente na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), desde 2008. Coordenador do núcleo local do programa de Pós-Graduação Mestrado Profissional em Ensino de História (ProfHistória-UERN)
institution. The analysis consists of organizing a collection of passive documentation from Escola Estadual Coronel Solon and presenting, based on the results of these sources, a way of using this collection in an expository class.
Keywords: School font; collection; search.
INTRODUÇÃO:
A historiografia anterior a fundação da escola dos Annales, entendia como fonte para se trabalhar na história os documentos escritos oficiais feitos pelo poder político, ou seja, as narrativas históricas eram descritas de acordo com os relatos escritos pelo poder político do Estado. Desse modo, baseado nas correntes filosóficas positivistas, os fatos históricos eram relatados de maneira cronológica, progressiva e “tal qual” como aconteceu. “Os fundadores da revista “Annales d'histoire économique et sociale (1929)”, pioneiros de uma nova história, insistiram sobre a necessidade de ampliar a noção de documento” (LE GOFF,2003, p.539.) quebrando essa corrente positivista, mudando o conceito de fonte e documento histórico. O que antes era entendido como vestígio direto do passado, agora passa a pluralizar o tipo de documentos trabalhados na escrita da história. O livro apologia da história, escrito por Marc Bloch (1886-1944) e publicado por Lucien Febvre (1878-1956), conceitua fonte como “qualquer vestígio deixado pelo homem”. Para Bloch, tudo pode ser fonte: documentos escritos, objetos materiais, tradições orais e até mesmo o silêncio das evidências, além de defender a interdisciplinaridade entre as disciplinas, onde o diálogo entre as ciências sociais, filosofia, história e outras, permitem uma análise com perspectivas mais completas. A partir disto, foi possível diversificar o objeto de pesquisa e ampliar as narrativas da escrita da história.
Diante disto, haverá a inserção de documentos antes descartados para a pesquisa histórica, como obras literárias, documentos pessoais, e fontes orais, pois, de acordo com Lucien Febvre.
A história faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Mas pode fazer-se, deve fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. Com tudo o que a habilidade do historiador lhe permite utilizar para fabricar seu mel, na faltadas flores habituais. Logo, com palavras. Signos. Paisagens e telhas. (...) Numa palavra, com tudo o que, pertencendo ao homem, depende do homem, serve o homem, exprime o homem, demonstra a presença, a atividade, os gostos e as maneiras de ser do homem. (apud LE GOFF, 2003, p. 540)
Assim, os historiadores passaram a ampliar suas formas de investigação a partir da possibilidade das diferentes perspectivas no campo da pesquisa e do ensino de história. Portanto, o estudo sobre as instituições escolares passara a ter visibilidade. Dessa maneira, fontes escolares surgem como alternativa para construir uma narrativa acerca do ensino, da cultura escolar, e relações pedagógicas.
Diante disto, este trabalho irá relatar uma pesquisa sobre o arquivo passivo da Escola Estadual Coronel Solon, localizada na cidade de Grossos, Rio Grande do Norte. Além do relato de experiência, será exposto aqui as dificuldades, as apostas assertivas, a problemática, e destacar outras possibilidades. A proposta é localizar os documentos, organizar um acervo sobe o tema escolhido e logo após propor uma intervenção, ou seja, trabalhar com esse material em uma sala de aula, ou fazer a proposta de uma aula.
DISCURSSÃO TEÓRICA
O texto de Nilton Mullet Pereira e Fernando Seffner,4 irá ser utilizados junto com outros para a produção dos conhecimentos de pesquisa para este artigo. Com base nisso, o ensino de história precisa ir além da simples transmissão de informações, buscando desenvolver uma compreensão crítica sobre o passado e o presente. Os historiadores dialogam com as fontes a fim de construir narrativas e demonstrar diversas perspectivas. Além disso, os pesquisadores selecionam e organizam vestígios deixados pelo tempo, seleção essa que pode moldar a forma de como os personagens são retratados. Após a investigação, são deixadas teorias sobre os diferentes ângulos. Tendo isso em vista, afirma Nilton Pereira e Fernando Seffner:
“Depois de uma intensa investigação, deixamos para a geração seguinte temas, objetos, vestígios das sociedades que nos antecederam, mas que dizem sobre nós mesmos e marcam o lugar que tivemos nesse movimento ininterrupto de criar e recriar o que somos.” (apud. NILTON PEREIRA, FERNANDO SEFFNER. 2008).
A utilização de fontes no ensino de história permite o aluno a perceber o que é fonte, como são trabalhados os documentos e o porquê de sua importância, além de demonstrar o serviço do historiador para acabar com o pensamento jovem de que a história é somente relato do passado. A finalidade aqui é mostrar que a escrita da história se dá através da interpretação, da linguagem e poder. Certeau (1982) argumenta que os historiadores, ao escreverem, selecionam eventos, narrativas e fontes, operando num espaço de construção que é ao mesmo tempo cultural e político. Isso significa permitir aos estudantes uma sensação de pertencimento no tempo histórico ao abordar a historicidade das relações socioculturais. A medida em que o professor consegue elaborar essas relações em turma, direciona às novas gerações a conhecerem as instituições, formas políticas e culturais e a partir disto, elaborar suas próprias opiniões acerca dos modelos culturais e relações de um grupo e lutas coletivas. No entanto, o ensino de história na rede básica não tem como objetivo a formação de historiadores, mas sim cidadãos capazes de historicizar suas vidas e compreender as dinâmicas sociais e culturais que os cercam. Para isso, é essencial superar práticas positivistas que tratam as fontes como verdades absolutas e adotar abordagens pedagógicas que incentivem a reflexão e análise crítica.
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