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A Resenha Crítica

Por:   •  17/9/2019  •  Resenha  •  810 Palavras (4 Páginas)  •  91 Visualizações

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GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas, sinais. São Paulo: Cia das Letras, 1989. “Sinais: raízes de um paradigma indiciário”. P. 143 a 179.

PESAVENTO, Sandra Jatahy. História & História Cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. Cap. 1 e 2 (p. 19 a 62).

Nas obras em apreço, evidencia-se, a descrição, do que teria sido especificamente no século XIX, a ocorrência da chamada “crise dos paradigmas históricos explicativos da realidade”, e consequentemente, o desenvolvimento e inserção, de múltiplos pensamentos e ideias que acabaram por culminar em uma nova história cultural, a qual se debruçou, principalmente, em um trabalho de resgate dos sentidos conferidos ao mundo pelos homens do passado, traduzindo-se em uma nova forma de olhar a cultura, pensando-a em um conjunto de significados partilhados e construídos pelos homens, no afã de se explicar o mundo. Nesse sentido, o texto de Ginzburg, demonstra o papel fundamental do paradigma indiciário e da semiótica, na investigação do passado,  evidenciando, a importância de se trabalhar as pequenas pistas ou registros, e seus respectivos significados, os quais, certamente darão apoio na busca do real.

Especialmente no Brasil, prevaleciam, historicamente, duas correntes historiográficas principais, onde, de um lado, encontrava-se a tradição da escola dos Annales, e de outro, a escola marxista. Contudo, esta última, exercia uma influencia majoritária entre os historiadores brasileiros. A historiografia marxista, apresentava vertentes de análise voltadas para a história econômica, dos movimentos sociais, e ainda, trabalhos que discutiam a natureza do estado e a formação dos partidos políticos no Brasil. Em menor grau, a escola dos Annales, apresentava uma vertente econômico-social, balizando-se em marcos temporais da estrutura e da conjuntura, advindos de uma inspiração braudeliana.

Contudo, na virada para o decênio de 90, com a chegada da crise dos paradigmas no Brasil, tais práticas historiográficas, começaram a ser questionadas, evento em conexão, com uma crise ainda maior, se levarmos em conta o plano internacional, o qual já vinha sofrendo com a mencionada crise (desde 1968). Inicialmente, em se tratando da corrente marxista, criticavam-se aspectos reducionistas econômicos, o mecanicismo e o etapismo estático. Por outro lado, os Annales, eram questionados em suas perspectivas globalizantes. Consequentemente, em substituição à esses modelos, desenvolve-se, a que ficou conhecida como Nova História Cultural.

Durante o desenvolvimento, e posterior virada, nos rumos da História, esta, por sua vez, vivenciou momentos de verdadeira “agonia e pânico”, em virtude principalmente, do vazio teórico que a perpassava. Nesse sentido, a “musa” das ciências humanas, sofreu, desde influências ainda incipientes, como a de Jules Michelet, como ataques mais ousados, como o de Hayden White, que afirmava que a história era uma forma de ficção.

Porém, a mudança ocorrera dentro mesmo, das principais correntes historiográficas, outrora mencionadas, mais especificamente, entre, os agora, neomarxistas e os intitulados por Le Goff, de partidários da Nova História, a qual, inicialmente, tendia para uma história social, avançando então para os domínios do cultural, mormente, no que tangia as elaborações mentais, produtos da cultura, as quais se articulavam com o mundo social.

Mas, nessa ideia de resgate de sentidos conferida ao mundo, o papel da semiótica e do paradigma indiciário, ordenado pela primeira vez por Carlo Ginzburg, exerceu um papel de contribuição fundamental, primeiro, no sentido, de ter acrescentando uma visão voltada para as minúcias, que outrora passavam despercebidas, sobretudo, identificando seu papel de importância, rumo a investigação da realidade, demonstrando que de forma esporádica, um indício, por menor que seja, pode, na verdade, evidenciar toda uma visão de mundo de uma classe social, por exemplo. E, num segundo ponto, diferentemente de Focault, que afirmava que a construção discursiva do mundo, seria uma invenção, ou de Roger Chartier, que identificava um real enquanto representação dos próprios homens, Carlo Ginzburg, afirmava de fato, haver uma realidade, e que nesse caminho rumo ao real, apesar de não ser possível conhecê-lo, em sua totalidade, poderia ser, porém, conhecido em parte, com base nestes indícios.  

Por fim, destacamos a necessidade de uma reflexão dinâmica, acerca dos rumos e dos paradigmas norteadores do conhecimento histórico, que a nosso ver, constitui-se num conhecimento acumulável através dos tempos, orientado, sobretudo, pela racionalidade humana, a qual, tendo em vista, suas próprias pegadas, evolui em direção a um real, perdido na verdade, mas que insiste em guiar os rumos da produção historiográfica, em seus mais diversos matizes, e matizes esses, que na verdade constituem-se, em reflexões individuais, acerca de um mesmo tempo, mas quem ousará dizer que não se revestem de um caráter de produção histórica humana e científica. O que enxergamos como erros, na verdade traduzem-se em formas de se tentar conter a história, como o fizeram no passado os positivistas. Nesse sentido, para nós, a história, compreendida como um verdadeiro universo, reveste-se de um caráter infinito em sua totalidade, restando a nós, perseguirmos esse caminho, sabendo, contudo, que jamais chegaremos. Porém, duvidar do caráter científico, real e necessário da história, é o mesmo que ignorar a racionalidade humana.

 

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