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ANTIPLÁSTICOS: A IDENTIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO INDÍGENA BRASILEIRO

Por:   •  4/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.940 Palavras (12 Páginas)  •  187 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE HISTÓRIA

THAYNÁ ASSIS DA COSTA ESTEVES DA SILVA

ANTIPLÁSTICOS: A IDENTIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO INDÍGENA BRASILEIRO

Trabalho final apresentado como parte das atividades da disciplina Laboratório de Arqueologia: Métodos e Técnicas, ministrada pelo Prof. Lucas Bueno.

 

 

Florianópolis

Novembro de 2016


Apresentação

        

        Os potes cerâmicos, produzidos desde os contextos pré-coloniais até a contemporaneidade, possuem formas e funções diversas.  Especificamente quanto à  função, para cada uma são adicionadas à argila substâncias determinadas para auxiliar ou potencializar a utilização pertinente a cada objeto. Estas substâncias se denominam antiplásticos e o estudo delas é de extrema importância para a análise cerâmica, no sentido do entendimento do processo de produção e uso dos potes, pois através destes aspectos podemos compreender melhor as características culturais do povo que a produziu.

Devemos considerar que os objetos cerâmicos analisados em laboratório por arqueólogos resultam de uma série de atividades e estágios culturais e naturais ocorridos no âmbito do contexto sistêmico e arqueológico, onde o contexto sistêmico se refere ao cenário comportamental no qual o objeto está inserido e o arqueológico se caracteriza pela conjuntura na qual o objeto é encontrado em pesquisa arqueológicas após passarem por sistemas culturais (SCHIFFER, 1972).

        Deste modo, o presente trabalho tem como objetivo levantar os principais antiplásticos encontrados em bibliografias e utilizados nas populações indígenas brasileiras. Para tanto, objetivo classificá-los dentro dos contextos sistêmico e arqueológico para compreender as motivações que levaram ao uso dos mesmos e como explorá-los dentro das pesquisas laboratoriais e, em seguida, debater sua importância dentro dos mesmos contextos através de produções textuais de diversos autores. Assim, será dada inicialmente a definição dos antiplásticos e sua relação com a cerâmica para em seguida analisar suas funções tanto nas populações indígenas quanto nas pesquisas acadêmicas, traçar um panorama dos antiplásticos mais populares e das formas de uso atribuídas pelas populações indígenas aos potes cerâmicos e, por fim, refletir sobre a relevância dos antiplásticos e a atenção que os é conferida.

        

Cerâmica e antiplástico: definições

        Para estudar os antiplásticos é preciso primeiramente entender a cerâmica e todo o processo de confecção da mesma, tanto no sentido técnico como no sentido cultural e, acima de tudo, compreender que ambos aspectos devem ser considerados conjuntamente quanto à  análise cerâmica. Isto está diretamente ligado aos hábitos comportamentais e culturais que se alteram conforme o passar do tempo, refletindo também nas produções materiais. A cerâmica é composta basicamente de argila, grupo particular de minerais resultantes da decomposição de rochas (SILVA, 2000), antiplástico e, em alguns casos, substâncias auxiliadoras para a coloração e decoração dos potes. Cada população possui sua forma particular, baseada em aspectos culturais, logísticos e funcionais característicos que refletem nas escolhas feitas pelas artesãs, de transformar a matéria-prima em produto final através de uma sequência de operações (NEUMANN, 2008, apud LEMONNIER, 1992) denominada cadeia operatória. Dentre os estágios, que vão desde a seleção da matéria-prima até o uso dado para os artefatos, uma das atividades consiste nas escolhas referentes aos antiplásticos.

        No sentido acadêmico, algumas bibliografias divergem no que se refere ao entendimento de antiplásticos. Para Chmyz (1976), por exemplo, o termo possui sentido semelhante à tempero, mas para os autores Shepard (1985) e Rye (1981), tempero se refere a algo mais culturalmente particular, sendo elementos adicionados intencionalmente à argila para cumprir funções e, a partir desta perspectiva, antiplásticos seriam substâncias utilizadas com o objetivo prevenir rachaduras através da redução do encolhimento excessivo durante os processos de produção da cerâmica (GOMES, 2002). O sentido da palavra adotado nas produções acadêmicas, e aqui também utilizado, define antiplásticos como materiais, nem sempre de origem determinada, que possuem as funções específicas e são introduzidos propositalmente para cumprí-las. Pode-se portanto considerar como antiplástico quaisquer inclusões contidas na pasta, podendo vir de origens indeterminadas. (MACHADO, 2005)

Funções

        Para os ceramistas em geral, as funções do antiplástico são objetivas, tratando da função direta aplicada ao pote cerâmico, diferente dos pesquisadores que enxergam os antiplásticos por um viés mais científico. A argila tem uma plasticidade particular e essa plasticidade pode atrapalhar dependendo da função atribuída ao objeto. Portanto, para cada função, uma substância específica é necessária. O conhecimento disso por parte das ceramistas é passado por gerações, compondo as cadeias operatórias anteriormente citadas. No caso das populações Asuriní, estudadas na tese de Fabíola Silva, por exemplo, são feitos testes de resistência à temperatura com a argila para posteriormente utilizá-las e iniciar o processo de confecção (SILVA, 2000).

        Os antiplásticos também têm a finalidade de reter a umidade da argila, fazendo com que o processo de secagem seja mais lento e seguro, evitando assim que os potes se rachem, o que é comum durante o processo da secagem e queima. (MACHADO, 2005) Em sua publicação para a Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, Machado (2005) explica:

“Isto porque as propriedades físicas inerentes a determinados antiplásticos é que vão permitir ou não o exercício de determinadas funções ao “produto final” (Rye 1981:26).” (MACHADO, 2005)

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