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NOVITAS FRANCISCANA: UM IDEAL DE VIDA SANTA

Por:   •  25/10/2018  •  Projeto de pesquisa  •  4.264 Palavras (18 Páginas)  •  156 Visualizações

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NOVITAS FRANCISCANA: UM IDEAL DE VIDA SANTA

(1206 – 1229)

Daniela Aparecida Rodrigues1

Resumo

Durante a Baixa Idade Média emergem algumas Ordens que ficaram marcadas

por um perfil de mendicância, dentre estas se encontra a de São Francisco de Assis, uma

das que ganhou mais visibilidade naquele momento. Portanto pretende-se analisar como

se deu a construção da santidade de Francisco naquele momento e, sobretudo após sua

morte, com sua rápida canonização e sendo publicada, logo em seguida, sua primeira

hagiografia, escrita por seu companheiro de Ordem o Frei Tomas de Celano, que será

nossa principal fonte de estudo. Além disso, deveremos pensar em alguns pontos-chave

para compreender o momento em que Francisco está inserido, como o conceito de

santidade medieval e também algumas mudanças que ocorrem na estrutura social daquela

Itália medieval, e que vão claramente influenciar este ideal ressurge no seio da sociedade,

como por exemplo, a estrutura das cidades e o fato de esta ser o principal lugar ocupado

pelo Pobre de Assis e por seus companheiros, na jornada de evangelização.

Palavras-chave: Franciscanismo, Hagiografia, Santidade.

Transformações do cenário medieval

A presente proposta tem por intuito analisar a vida de São Francisco de Assis, que

viveu entre 1181 e 1226, no que chamamos de Idade Média Central. Francisco abandonou

seu estilo de vida laica e passou a “seguir nu o cristo nu”, mudou seu modo de viver, se

opondo ao estilo de vida dos clérigos de sua época, entretanto, mesmo fazendo criticas,

não foi considerado pela Igreja um herege, ao contrário disso, se tornou um dos maiores

nomes da cristandade, servindo de modelo, tanto que logo após sua morte tratou-se de

canonizá-lo e a partir deste momento teve sua primeira biografia a pedido do papa

Gregório IX a Tomás de Celano, Vida de São Francisco de Assis (LE GOFF, 2001, p. 24-

39). O termo Novitas Franciscana, no contexto a qual se pensa este trabalho, faz

referência a nova forma de vida adotada por Francisco, e que de alguma forma, diz

respeito a um movimento que provocou alterações no seio da sociedade cristã durante o

medievo.

1Licenciada e Bacharela em História pela Universidade Federal de Viçosa – UFV,

d.aparecidarodrigues@hotmail.com.

Para compreender o novo modo de vida de Francisco, entendemos que é

fundamental tratar o meio social que cerca o momento da conversão de Francisco, ou

seja, como se encontrava a sociedade medieval na passagem do século XII para o século

XIII e é nas cidades que se encontram três fenômenos decisivos na orientação de

Francisco, a luta de classes, a ascensão dos leigos e progresso da economia monetária,

que vão ser os principais pontos de debate feitos por Francisco.

O surgimento das cidades no medievo é crucial para compreender o ideal de

Francisco, já que o mesmo pertence a este meio, e também é na cidade que este irá realizar

grande parte de suas pregações, aliás, não só Francisco com também os companheiros de

Ordem que possuíam autorização de realizar a pregação, que de acordo com André Luis

Pereira Miatello, a Ordem Menor se constitui como pregadora ( MIATELLO, 2013, p.

100) e como é pregadora é edificante e busca de um ideal de vida sublime.

Como podemos perceber as mudanças no cenário medieval após o século XIII,

são contrárias as que ocorreram ao final do Império Romano no século V, já que a

população começa a ir do campo para as cidades, isso ocorre principalmente pelo fato de

que é neste século que a Europa medieval encontra-se em pleno desenvolvimento

econômico, as técnicas agrícolas sendo cada vez melhor aprimorado, o índice

populacional aumentando progressivamente, desenvolvimento nos transportes, dentre

outros setores, no entanto também é o momento crescente de novos problemas, sendo

talvez o principal deles a pobreza, pode-se dizer que se desenvolve o desejo de

diferenciação social, os citadinos, desenvolvem uma espécie de hierarquia social própria,

de acordo com Jacques Rossiaud as diferenças de estatuto, de origem, de condição, em

suma, de qualidade, provocam divisões que se sobrepunham às de fortuna, o que não irá

impedir que essa diferenciação social seja o dinheiro, e assim o citadino divide a massa

humana, estabelecendo a posição do indivíduo na hierarquia social em função de suas

receitas, mesmo que as funções citadinas passem cada vez mais a serem múltiplas o que

impera na maior parte das vezes é uma mentalidade mercantil ( ROSSIAUD, 1989, p.30).

Jean-Claude Schmitt afirma que a cidade medieval, é antes de tudo uma sociedade

abundante, centrada num pequeno espaço em meio às vastas regiões pouco habitadas,

posteriormente é um lugar de produção

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