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O PROCESSO DO PROJETO DE TREINAMENTO DE IDENTIDADE

Por:   •  6/3/2018  •  Tese  •  2.846 Palavras (12 Páginas)  •  239 Visualizações

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PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE DOCENTE

Este trabalho tem como objetivo apresentar um breve resumo da minha história de vida, paralelamente, fazer algumas análises a respeito das minhas experiências em minha trajetória escolar e formação acadêmica, relacionado com a disciplina de Estética e educação. Nesta perspectiva, começo esse relato falando a respeito de minha constituição familiar e sobre os principais fatores, que contribuíram e ainda contribuem, para a minha formação de identidade docente.

Meu nome é Julmara Oliveira da Silva, nasci no município de Laje-Ba, sou a terceira filha de uma mulher negra com um homem branco, porém pouco tempo após meu nascimento, eles se separam, assim eu e meus irmãos, passamos à morar com nossos avós paternos. Desta forma, não tivemos nenhum contato com nossa mãe (biológica), durante nossa infância, pois tanto ela como nós, (eu e meus irmãos), além de não ter condições financeira para viajar, também não sabíamos de nenhum endereço que nos possibilitasse, de alguma forma, manter um relacionamento mesmo à distância, através de bilhetes, cartas ou outros meios de comunicação comuns da época.

        Subjacente a isso, meu pai (biológico) casou-se novamente com outra mulher, foram morar no sul da Bahia em Ilhéus, levando meus irmãos maiores para morar com eles, porém eu continuei com meus avós, morando no sítio. Assim, foi interrompida, a relação afetiva entre nós durante alguns anos de minha vida.

Nesse contexto, inserida no ambiente educacional, as representações de família, que eu observava estava sempre voltada para o padrão nuclear, (pai, mãe e filhos), logo, eu não conseguia compreender como aquela imagem de família apresentada pela escola não se relacionava com a minha experiência familiar. Recordo, que um dos meus maiores desejos na infância era ver minha mãe entrando na escola e poder apresentá-la para todos, porém na realidade, nem sua foto eu tinha, não conhecia simplesmente suas características físicas e afetivas, apesar disso, a escola ignorava essa situação, consequentemente gerava em mim uma certa frustação, então, eu não encontrava significado da escola para minha vida.

Com isso, podemos refletir: De que forma a escola contribui para que as crianças superem essas questões e resolvam seus conflitos? No meu caso, a escola não contribuiu muito positivamente, pois sempre destacou-se no calendário letivo: “Festa do Dia dos Pais e Dia das Mães”, eu me sentia excluída, por não estar acompanhada por meus pais (biológicos), nesses eventos. Atualmente, algumas escolas já reformularam seu calendário, eliminando essas datas, uma vez que, as famílias são diferentes, não faz mais sentindo, uma vez que existe crianças que não convivem com os pais, outras são filhos de casais homo afetivos, enfim, que compõem constituições familiares diversos, contudo, essa questão não pode ser ignorado pela escola.

Ainda rememorando minha infância, vale destacar que a comunidade onde eu morava era rural e os vizinhos mais próximos, em sua maioria, eram parentes, talvez por isso, as crianças tivesse mais possibilidades de estabelecer uma boa interação, deste modo, tive oportunidade de desenvolver diversas brincadeiras culturais e regionais, assim como: cantigas de roda, pula corda, amarelinha, pique esconde, foguinho, faz de conta, etc. Essas brincadeiras e jogos, foram importantes para meu desenvolvimento cognitivo, físico e social, dado que por meio destas, houve contribuições para que eu aprendesse a dividir, cooperar, ganhar e perder. Além de ter sido um instrumento de aprendizagem, essas brincadeiras mim proporcionou uma comunicação direta com a cultura de outras gerações.

Naquela época, não havia a diversidade de aparelhos tecnológicos que existe hoje, como: computadores, smartphones, tabletes, vídeo games, redes sociais, entre outros. Na minha infância, os únicos aparelhos tecnológicos que tive contato foram a radiola e a televisão de imagem preta e branca, que por sua vez, não ficavam a disposição das crianças, quem tinha o acesso eram apenas os adultos, eles sempre decidiam o que assistir e a hora, por exemplo, sempre nos reuníamos no final da tarde na sala para assistir o seriado do Chaves, os domingos costumávamos assistir o programa do Silvo Santos, a rotina estabelecida por minha família naquela época, foi importante também para meu desenvolvimento integral, visto que possibilitou que eu tivesse tempo para outras atividades, como correr, nadar, subir em árvores, estar em contato com a natureza.

Através das análises feitas enquanto estudante e futura docente, posso perceber como os aparelhos tecnológicos veem interferindo, muitas vezes negativamente na vida das crianças, uma vez que elas são atraídas por diferentes meios, impedindo assim, que a criança desenvolva muitas atividades recreativas e importantes para seu desenvolvimento, perdendo tempo de brincar, correr, criar, inventar, interagir com a família e o meio social. Os problemas não são detectados somente nos programas como: desenhos, filmes, novelas, jornais, games, enfim, encontram-se também, sob a influência de centenas de anúncios comerciais, muitos dos quais induzem a criança a hábitos de alimentação nada saudáveis, estimulam o consumismo, a erotização precoce, difundem estilo de vida que associam a posse de bens supérfluos como fatores de sucesso, alegria e bem estar.

Um dos acontecimentos também relevante da minha infância, foi ouvir histórias contadas pelo meu avô, nas noites de lua cheia ele costumava sentar-se na varanda para nos contar histórias, algumas assustadoras, como: a do lobisomem, a mulher do padre, o curupira, a caipora, a mula sem cabeça, etc. outras fascinantes como, algumas experiências de sua vida e de seus antepassados. Nesse período também participava de novenários e de rezas na comunidade e, principalmente, na casa de minha avó, já que era devota de Cosme e Damião, pois ela nasceu de “barriga” de gêmeos.

Sobre essas experiências, Meireles afirma que: “(...) entre as aquisições da infância, a riqueza das tradições, recebidas por via oral. Elas precederam os livros, e muitas vezes os substituíram. Em certos casos, elas mesmas foram o conteúdo desses livros”. (Meireles, 1979, p.42).

Outra evento que meu avô costumava fazer que marcou minha infância, foi me levar à cidade aos sábados ou em algumas datas festivas como: São João e Natal. Nesses passeios eu ficava fascinada quando chegava na cidade, tudo era interessante, as casas, uma “colada” na outra, as fachadas, o comércio, a quantidade de gente, tudo era diferente da minha realidade, achava tudo aquilo maravilhoso, para mim todas as pessoas que viviam ali eram felizes, enfim, jamais imaginei que a cidade também pudesse ser um lugar onde houvesse pobreza, conflitos, violência ou tristeza.

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