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O Processo Civilizador

Por:   •  8/9/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.580 Palavras (7 Páginas)  •  199 Visualizações

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                                 O Processo Civilizador

                             Formação do estado e civilização

                                                                                                                 David M. Gerassi

Norbert Elias pretende examinar as condições sociais, econômicas e políticas que provocaram mudanças na sociedade européias dos tempos de Carlos magno até os dias de hoje com bases em dados históricos, sociológicos e até psicológicos com objetivo de construir uma teoria sobre a formação do estado, como que ele surge e como se mantém. Na primeira parte o autor faz uma analise de como as cadeias de interdependência ligadas aos interesses militares e econômicos constituíam a dinâmica do feudalismo, em seguida mostra como a estrutura política da idade média gerou as forças centrais que, finalmente, levaram a monopolização pelos reis podendo criar tributações, leis e formação de um exército, de fato a sociogênese do absolutismo ocupa uma posição decisiva no processo de civilização e assim a civilização da conduta e a transformação da consciência humana não podem ser compreendidas sem um estudo nesse processo da transformação do Estado.  O autor partirá de um quadro marcado pela pulverização de poder, no feudalismo, para demonstrar como a competição por terras (poder) vai acarretar num processo de monopolização que permitirá, mais tarde, a formação do Estado moderno. O autor se concentrará no estudo do caso Francês, por achar ali as condições nas quais o Estado moderno desenvolveu-se plenamente e ele vai lembrar que a função e a importância do Rei vão variar de acordo com a fase do desenvolvimento social (histórico) e que não detinha maior concentração de poder, o Rei era visto no Império Franco do Ocidente (França) do início do séc. XII apenas como mais um senhor feudal e limitava-se a fazer o que era feito por outros senhores: concentrar e consolidar suas posses, tentando ampliar seu poder na região que controlava. A disputa por terras era intensa e a posição do Rei não era privilegiada dada a escassez de meios de poder a sua disposição, o que fazia com que senhores de porte médio e mesmo pequeno, desde que unidos, pudessem enfrentá-lo com sucesso. A acumulação de propriedade sempre foi o mecanismo principal para determinar os donos do poder. Nesse contexto os primeiros a se destacarem são Inglaterra, França e Germânia onde divergências internas territórios e poderio militar sempre influenciaram esta formação. A monopolização era mecanismo recorrente nesses Estados considerados modernos, evidentemente não ocorria ainda uma luta entre Estados ou nações, toda a historia da formação e organização monopolistas posteriores de nações Estados permanecera incompreensível ate que se entenda o caráter especial dessa outra bem anterior de iniciativa privada, pois estas eram lutas entre Casas Reais e não os Estados. O que da ao processo monopolizador seu caráter especial e o que os observadores recentes em especial no século XX devem levar em conta ao estudar este período é o fato de que as funções sociais que se separam em tempos mais modernos ainda eram um tanto indiferente nessa fase daí a conexão daquele passado com o presente onde instituições surgidas e consolidadas naquele período ainda hoje nos servem as bandejas do principio e isso segue dentro dos padrões econômicos e políticos que não podem estar desligados uma vez que não o tiveram jamais. E dentro dessa lógica competitiva que sobrevive desde a formação inicial dos Estados estamos inseridos em resquícios de entendimento alheio dessa competição acirrado por poder e dominação. Entre as mudanças para os estados modernos a monetarização e a comercialização passam a ser as principais fomentadoras do declínio dos senhores feudais ao fim da Idade Media. E nessas transformações os grupos burgueses tornam-se maiores e mais fortes que os aristocráticos, logo a disputa se favorece a modernização dos Estados. As guerras religiosas também tiverem influencias e importância no declínio da nobreza feudal e tão logo as guerras civis vão finalizar seu destino, já a introdução da tributação era algo visto como forma de manutenção do Estado e em diversos momentos teve suas caracterização e justificativas nas necessidades dos senhores feudais e suas outras formas de exigir tributos. Estes eram em formas de serviços ou dinheiro dependendo da condição de cada tributário, mais tarde quando a administração monopolista caiu nas mãos da alta burguesia a economia da sociedade seria separada da economia isolada que administravam o monopólio central. E estas foram condições impostas também aos governantes do monopólio central onde os reis e seus dependentes teriam que sobreviver com recurso limitado e também se portar perante as regras. De tudo isso emerge uma clara imagem da estrutura da sociedade absolutista, logo os conflitos de interesses entre os extratos sociais continuam em todos os setores e isso delimitara as seguintes ações dos grupos onde praticamente aconteceram as modificações e continuidade históricas. Já na segunda parte como o próprio titulo sugere Elias cria sugestões para formar sua teoria com base em toda sua construção e abordagens dadas até então, mas afinal o que seria este processo civilizador? Segundo o autor, “uma mudança na conduta e sentimentos humanos rumo a uma direção muito específica”. Essa “direção específica” seria a da racionalização (apesar deste movimento não ser exatamente racional) da atividade humana, tida como um conjunto de comportamentos - tanto internos quanto externos socialmente pelos indivíduos - numa espécie de mútuo controle da hierarquia dos sistemas sociais e se em um primeiro momento os indivíduos tinham um controle demasiadamente externo sobre as suas pulsões, o autocontrole individual, interno, torna-se mais diferenciado, complexo e estável com as modificações no tecido social, em que há uma maior interdependência na sociedade e uma maior diferenciação social. Cada vez mais os indivíduos têm que reprimir a si mesmo e a sua espontaneidade em prol de um comportamento mais racional, civilizado, de moderação das paixões. Anteriormente, o autocontrole individual (superego) era colocado em relação direta, ou seja, pelo uso da violência, força física ou algo que o valha. Desde criança somos treinados para agir com autocontrole, o que aciona mecanismos de sublimação ou substituição cada vez mais intensamente. Para Elias, “o que determina a natureza e o grau desses surtos civilizadores é sempre a extensão das interdependências, o nível da divisão das funções e a estrutura interna das próprias funções”. Depois o autor coloca a diminuição dos contrastes entre as classes mais altas e as mais baixas no sentido de um comportamento mais uniforme. Os modos das classes altas se misturam como espelho para as classes mais baixas, apesar de que as últimas terem um mecanismo de autocontrole menos limitado, ou seja, um comportamento mais próximo do que chama-se de “selvagem”. Conforme apontado, o aumento do autocontrole das classes mais baixas cresce progressivamente com o significativo aumento de sua importância na rede de funções da sociedade. O aumento da dependência entre grupos segue-se a uma homogeneização de comportamentos. Em outra parte do texto, que toca a Transformação de Guerreiros em Artesãos, Elias demonstra como a ascensão da burguesia fez com que os hábitos da nobreza fossem ressaltados, em parte como delimitador da distinção social entre estas duas castas, e a modelação ímpar da conduta social feita por esta classe. Ele reforça o fato de nesta época específica, ter havido uma especialização desta classe em sofisticar seus modos, com uma multiplicação de manuais de conduta (muito comuns hoje em dia), que seriam manifestações deste processo. Um dos elementos propulsores disso foi à ascendência da burguesia e a conseqüente necessidade de distinção entre os dois estratos sociais. Como a força física não mais era vista com bons olhos na corte, as relações sociais, quando em situação de conflito, passaram a exigir um grau cada vez maior de sutileza na administração das amizades e inimizades. Havia grande competição por prestígio e pelo favor real, dado que os cortesãos não possuíam bens de produção, assim “a reflexão contínua, a capacidade de previsão, o cálculo, o autocontrole (...) tornaram-se indispensáveis para o sucesso social”. Esta necessidade de prever os acontecimentos levou a certa empatia, a um “conhecer o outro”, ou psicologização: o estudo do outro com profundidade e consciência. Este indivíduo apontado por Elias é sempre o indivíduo com relação aos outros, numa determinada teia de relações sociais. O estudo dos outros servia para pensar o modus operandi - o real funcionamento - da vivência, dos comportamentos, de uma forma mais racional, calculada, prevendo efeitos e conseqüências em cada sutil ponto das relações. Podemos concluir que o processo civilizador, exige uma dimensão que é necessariamente coletiva e social, mas também uma dimensão particular e individualizada, que remete para a compreensão dos processos de assimilação das demandas e pressões sociais e coletivas: nesta medida o autor sugere-nos um duplo procedimento de análise para a compreensão deste processo civilizador. Uma sociogênese e uma psicogênese, capazes de iluminar a construção social da civilização.

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