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O Tempo da História - ciência marxista e ciência conservadora

Por:   •  27/4/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.451 Palavras (6 Páginas)  •  191 Visualizações

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TEXTO 13

ARRIÈS, Philippe. O Tempo da História. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1989.

Capítulo II – História Marxista e História Conservadora

O autor inicia o capítulo falando se sua experiência com a história: de como ela transiciona-se de infantil a adulta. Sua experiência foi marcada por dois fatores: A utilização da história para fins filosóficos e apologéticos, a construção sobre a história de uma filosofia da cidade, de uma política. Por um lado, a interpretação derivada de Jacques Bainville, e por outro, a interpretação marxista. (p. 44-45).

Parte, portanto de uma premissa conservadora. Aponta, ainda na obra do referido autor, indícios de repetições de mesmas causalidades políticas e de permanência nos tempos, descrevendo sua inteligência aguda porém pouco sistemática. (p. 45-47).

A escola histórica contemporânea a Bainville funda-se sob a noção de que as diferenças dos tempos são uma aparência, que os homens não mudaram e que as ações tendem a se repetir, e o estudo dessas repetições permite reconhecer as leis da política, pois as velhas causas gerariam novos efeitos, em novos momentos e novas conjunturas propícias. (p. 47).

O sucesso das teorias de Bainville não se deve exatamente à sua unicidade ou novidade: este vem num momento em que a extensão do público de história ao público de romances históricos provoca uma aproximação um tanto quanto bastarda entre história e romance: é o tempo em que florescem romances historiados, tratando de vidas romanceadas etc. Muitos cederam ao anacronismo voluntariamente, como uma figura de retórica, desconsiderando as diferenças entre os tempos para agradar ao público de pessoas de boa fé. (p. 47-49).

A vulgarização histórica fez sucesso, isso é fato inegável. Demonstra uma tendência no público que lê, e esta tendência constitui um fato sociológico importante: A que corresponde o nascimento desse novo gênero? (p. 49).

Dentro do gosto pela literatura histórica, há uma grande particularidade: O homem não se concebe mais como um indivíduo autônomo, independente do mundo à sua volta: ele toma consciência dele na história sente-se solitário à sequencia dos tempos e não pode conceber seu isolamento das épocas anteriores. A curiosidade histórica passa a ser um prolongamento do seu ser. Nenhum traço de costume delimita mais esse fato do que o gosto por antiguidades. (p. 49-50).

O sentimento de consciência de si na história, tal como nos surpreende em manifestações espontâneas, divide-se no século XX. Está na origem de duas correntes doutrinárias distintas, que, apesar de opostas, apresentam algumas analogias bem marcadas. Trata-se de um lado, do historicismo Bainvilliano e do outro, o materialismo histórico de Marx. Um e outro são manifestações da mesma tomada de consciência, da mesma mecanização da inteligência da história. (p. 50).

O historicismo Bainvilliano aparece com a apreensão do aspecto histórico do mundo após a primeira guerra mundial. O marxismo, embora seja muito analisado pela ótica do século XX, inerentemente a esse, pertence ao século XIX, o século do progresso, o século XX lhe confere uma interpretação moderna. Nos anos de 1880, o marxismo evolui para a socialdemocracia, expressão que lhe era anterior. Graças aos novos conflitos que emergem em fins do século XIX e no início do século XX, o marxismo ganha novos contornos., suscitado pelas perturbações da sociedade burguesa. (p. 50-51).

A consciência histórica dos indivíduos que a história particular de uma comunidade não mais os protegia, que não os tinham como indivíduos dentro de uma comunidade: é nesse meio que nasce a consciência nasce. É preciso dar à palavra comunidade um senso restrito, como a menor sociedade em que o homem possa conceber e sentir e que marque seu comportamento. O homem moderno passa a suspeitar que a condição humana poderia ser reencontrada dentro das violências e das divisões que haviam antes destruído: assim, antagonismos, por pouco que fossem vividos desde muito tempo, constituíam uma fonte de amizade humana. (p. 51-52)

O marxismo propunha uma reinterpretação que transcendesse esses conflitos no movimento dialético das classes sociais e da evolução técnica. Esses homens foram motivados a uma busca pela superação desses conflitos, o que os teria envolvido numa amizade feita de hostilidades, numa solidariedade de diferenças. Além dessa necessidade de superação, a massa e a fatalidade atraíram para o marxismo os “homens nus” da história: A amplitude dos movimentos sociais, o conhecimento deles que se tinha, que despertavam curiosidade, tornaram obtusos antigos métodos de explicação, que viam a história como um luxo e não uma exigência de inserção. (p. 52).

O marxismo, nesse contexto, não apresentava a história como um conflito de alguns poderosos, mas como um jogo entre massas, que se aniquilavam umas às outras. Sua linguagem era mais compreensível para aqueles que se sentiam inseridos nessa massa: A própria noção de massa e classe impunha-se mesmo aos que ignoravam o conceito de meios. E seria o materialismo dialético que conduziria essa corrente. A superação dos conflitos políticos, o peso das massas e o sentido de um movimento determinado na história seriam os pontos de contato do marxismo com uma consciência real e concreta da história. (p. 52-53).

Porém, nesse ponto, é importante considerar em que ponto o marxismo cessou de ajustar-se à história e voltou as costas a ela: ele deixa de se tornar uma consciência da história para se transformar em uma física da história. A exploração do passado conduziu Marx a reduzir a história a leis essenciais, chaves de uma mecânica que se repetiria rigorosamente durante o período da evolução: Cabe reconhecer que o marxismo, originado de um senso real de consciência histórica, acaba como uma física mecanicista afastada da história, por destruir a alteridade, o sentido das diferenças essenciais e diferenças de costumes (com seus traços religiosos, técnicos, políticos e econômicos). O passado é diferente do presente, assim como os homens são distintos entre si, e é a relação com o presente que permite a caracterização do passado como tal. (p. 53-54).

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