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RESENHA PATRICK GEARY

Por:   •  1/12/2019  •  Resenha  •  1.377 Palavras (6 Páginas)  •  249 Visualizações

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A obra “A Europa das nações ou a nação Europa: Mitos de origem passados e presentes” foi escrita por Patrick Geary publicado pela revista Lusófona de Estudos Culturais em 2013. Nascido em 1948 nos Estados Unidos, Patrick J. Geary tem formação em história medieval pela Universidade de Yale. Sua trajetória como historiador do período medieval se perpassa por diversas universidades dos Estados Unidos e Europa, sendo hoje emérito do Institute for Advanced Study se dedicando ao estudo das migrações das sociedades europeias ao norte dos Alpes.

Se tratando especificamente da obra é possível observar a metodologia do autor caracterizada pela análise de conceitos de diferentes gamas, organizações políticas e sociais e processos de migração da Europa, Ásia e África em diferentes tempos cronológicos, a fim de compreender a totalidade da utilização da terminologia nação durante o tempo. Com tais análises, apresentando elucidações de diferentes autores, Geary procura delinear quais foram as influências de alguns fatos históricos para a formação das concepções de nacionalidade na idade moderna e contemporânea e seus mitos de origem.

O autor nos elucida também, das consequências e particularidades da criação do bloco europeu, União Europeia, colocando em vista seu questionamento acerca da identificação dos povos europeus como uma só nação ou pertencente a uma fragmentação de nações. Além disso, Geary coloca em pauta as consequências das manipulações e equívocos perante a contextualização de fatos e dados históricos, enfatizando também a questão de uma mitologização da Europa de um passado heroico construtor de uma identidade étnica nacionalista dentro de fronteiras delimitadas.

No início de sua produção, Geary indaga a questão dos mitos da origem das populações europeias, evidenciando as migrações de diferentes povos como formador desse processo. Dessa forma, o autor coloca em pauta a referente migração dos povos germânicos ao Império Romano, descrevendo o consequente domínio dos povos estrangeiros do império e a fragmentação deste em novas comunidades nacionais, hoje pertencentes à Europa. Apontando tal advento, Patrick convida o leitor a refletir acerca da percepção dos indivíduos europeus como pertencentes a aquele território, apresentando o conceito de nação.

Assim, tendo como base documentações históricas, Patrick descontrói o conceito de nacionalismo usado hodiernamente, colocando em vista seu suscetível e reducionista emprego. O autor indaga a questão identitária de uma nação, evidenciando a complexidade de sua formação e questionando a fragilidade da utilização de termos de cunho nacionalista. Dessarte, o autor se refere a ideia de um direito natural de soberania tendo em perspectiva a semelhança de aspectos religiosos, étnicos, linguísticos, costumes e cultura, sendo tais similaridades insuficientes para se denominar um agregado natural de humanos para se denominarem como uma nação.

Com o objetivo de desmistificar o conceito de nação, Geary apresenta a visão de diferentes eruditos acerca da concepção, recorrendo a análise de fatos históricos distantes a fim de investigar suas diferentes utilizações. É possível perceber a divergência da linearidade de pensamentos em tais apresentações do autor, por exemplo, enquanto R. Wenskus acredita que os migrantes não se constituem como povos e sim uma pequena elite portadora de tradições, sendo estas capazes de formar novas comunidades, W. Goffart rejeita a ideia de migrações, sendo ela proveniente de uma ficção literária. Dessa forma, Patrick Geary afirma uma crise identitária na União Europeia, sendo ela imaginada e generalizada a um bloco econômico e não a uma nacionalidade particular.

O autor procura também refletir acerca das postulações colocadas hodiernamente acerca das invasões bárbaras, não tendo como objetivo analisar tal processo, mas sim de questionar a forma que tal advento emerge influência nas histórias contadas sobre a aurora dos povos da Europa e sobre a questão identitária na atualidade. No decorrer da obra, é possível perceber a busca do autor para apresentar diferentes visões de acerca da questão do mito das origens, destacando a ideia da necessidade de fronteiras delimitadas e um antepassado comum para se denominar um povo em mitos de origens, citando diferentes exemplos para afirmar seu ponto.

Acerca de tal argumentação, Geary destaca a ideia da migração dos povos a um passado primordial consequente a uma ligação geográfica e ancestrais específicos, colocando em alguns momentos que muitas vezes a questão identitária se fazia de forma escolhida. Como exemplo o autor cita a preferência dos cristãos europeus a se verem como descendentes dos romanos e bárbaros, salientando a percepção de Regino de Prüm de que a divisão dos territórios em nações se fazia por meio da unidade a partir da mesma fé, mesmo havendo divergências nos costumes locais.

Em contrapartida, Geary apresenta uma reavaliação das divisões dos povos em nações de Wolfgang Laz, graças aos trabalhos de Tácito, agora levando em conta a questão linguística e de origem, e evidenciando a importância do conhecimento efetivo da história daquele povo para tal fragmentação nacional. Tal advento, assim como a transformação no meio historiográfico na segunda metade do século XX acerca da visão da Antiguidade Tardia, fez com que novas percepções acerca da origem dos povos e das migrações surgissem, assim como novos mitos, sendo intensificado com a grande politização no contexto da Revolução Francesa. Como consequência disso Geary, apresenta resgates de tradições nacionais de tempos passados de diferentes países e os consequentes mitos de origens criados por tais, mudando assim a interpretação do seu passado e lhes dando uma nova identidade.

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