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RESENHA SOBRE A INDIGENEIDADE DAS PAISAGENS

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Por:   •  28/1/2014  •  1.551 Palavras (7 Páginas)  •  765 Visualizações

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BALLÉE, Willian. Sobre a Indigeneidade das Paisagens. In: Revista de Arqueologia 21, n2. 2008 p. 09-23

GOMES, Denise Maria Cavalcante. Cerâmica Arqueológica da Amazônia.

No primeiro texto, o autor Willian Ballée, começa procurando uma definição para o termo: Indigeneidade das Paisagens. Para o autor, Indigeneidade refere-se:

“[...] ás maneiras tradicionais de conhecimento do mundo próprias de tradições culturais de pequena escala cujos sujeitos têm sido historicamente os alvos humanos do colonialismo europeu e neo-europeu e, mais recentemente, da globalização econômica.”(BALLÉE, 2008)

Ainda ressalta que o termo é difícil de definir, pois o dicionário oferece a definição que é somente o senso de pertencer a alguma terra ou lugar, e ser algo que é original, ou aborígene. Nesse caso, todos nós somos “indígenas”. Mas seria contraproducente usar o termo “povos indígenas” a cada homem, cada mulher e criança que existe, pois na linguagem legal, o termo se refere à apenas 3% da população total do globo, uma vez que este termo usualmente exclui os altos estratos de sociedades euro-americanas e da Eurásia, e que inclui os altos estratos das sociedades neo-européias na América Latina, Austrália e Oceania.

Ouso afirmar que neste caso Indigeneidade se refere apenas à qualidade de ser indígena, de ser primário, mas todos nós humanos apesar de não querermos admitir temos raízes indígenas. Então o que há é uma associação pejorativa do termo indígena, a algo que é primário ou não desenvolvido.

Neste artigo nota-se que o objetivo do autor é:

“[...] descrever e determinar paisagens que evidenciam indigeneidade ao longo de um lapso de tempo de longue durée, para analisar o valor destas, tanto aos que com elas convivem como aos de fora, e discutir como essas paisagens – em realidade, sítios arqueológicos atualmente ocupados por pessoas que usam antigas tecnologias – e as sociedades às quais pertencem, podem ser melhor conservadas, protegidas ou restauradas. p11 (BALLÉE, 2008).

O autor define paisagens como “encontro de pessoas e lugares cujas histórias estão impressas na matéria, incluindo matérias vivas” (BALLÉE, 2008). Neste caso o conceito de paisagem implica em dois aspectos radicalmente distintos, pois as características definidoras indígenas, são a abundancia em espécies e heterogeneidade de gradientes ambientais, porem essas mesmas características são materialmente referenciadas por uma riqueza e diversidade ambiental da própria paisagem (NEESTCHMAN, 1992 apud BALLÉE, 2008). Sendo assim, a ecologia histórica aplicada surge quando as paisagens podem ser compreendidas dentro de uma concepção de indigeneidade.

Em minha concepção, Indigeneidade das Paisagens, quer dizer apenas uma modificação primaria racional e consequentemente intencional de paisagens, por modificação entende-se uma adequação do meio ambiente aos seres humanos ali agrupados. Na Amazônia que é a discussão que nos interessa, observamos algumas modificações como os tesos, os geoglífos, terra preta (não intencional), a destoxificação da mandioca amarga, etc. mas retomaremos essa discussão mais adiante. O que eu quero aqui, neste paragrafo, é apenas dar minha concepção de Indigeneidade das Paisagens.

Neste trabalho abordaremos apenas as transformações de paisagens de terras firmes (e os oceanos) na Terra Nullios, com ênfase na Amazônia Brasileira, pois é o espaço geográfico de interesse da disciplina, à qual o trabalho será entregue. Por Terra Nullios, entende-se todas as novas terras conhecidas pelos europeus, depois das viagens de Colombo, que segundo ele eram territórios nominalmente inabitados da terra (DANNENMAIER, 2008 apud BALLÉE, 2008), inabitados porque os povos que ali viviam eram vistos “como ocupando o território de maneira não efetiva, isso anulava pela perspectiva europeia, qualquer direito legalmente reconhecido à sua soberania” (BALLÉE, 2008).

Deixaremos de lado as discussões sobre as origens das florestas na Malinésia e Micronésia e África Tropical, discutiremos apenas, como eu disse anteriormente, sobre as paisagens amazônicas. Bem, na Amazônia essas transformações se apresentam de maneira diversa e às vezes similar às outras áreas do mundo, pois ela não se da de maneira extensa, mas sim em muitas pequenas superfícies, ao longo do vasto território. Na Amazônia encontram-se grandes “áreas com aterros, diques, vilas anelares e outras manipulações com terra, tais como os espetaculares geoglifos do Acre (SHAAN, PARSSINEN E RANZI, 2008 apud BALLÉE, 2008)”.

As obras publicadas das primeiras pesquisas arqueológicas realizadas na Amazônia, na década de 1940-70 acabaram por definir erroneamente que a Amazônia não tinha capacidade ambiental, para que culturas sofisticadas se desenvolvessem. Em seu artigo, Cerâmica Arqueológica da Amazônia, Denise Maria Cavalcante Gomes, expõe algumas teorias. Primeiramente ela aborda um esclarecimento de Trigger (1995), que diz que o determinismo não permitia a mudança na paisagem e nem a evolução, nos padrões culturais, promovida pelos indivíduos.

Steward classifica a América do Sul em quatro áreas culturais distintas: os marginais, as tribos da floresta tropical, os cacicados do mar do Caribe e o Império Inca nos Andes Centrais, que eram classificados respectivamente como bando, tribo, cacicado e estado (FAUSTO, 2005).

Gomes enfatiza que na visão de Steward as culturas não poderiam ter se desenvolvido, ao contrario, o que se nota é sua involução.

Steward se equivocou em alguns aspectos de suas teorias, publicadas entre 1946-1950, no Handbook of South Américan Índians, porem suas teorias são de muita utilidade pois é a partir delas que vários arqueólogos e antropólogos realizam suas pesquisas. É claro que posteriormente algumas de suas teorias foram refutadas, porém a escolha das mesmas deveu-se ao fato de autores proporem explicações gerais sobre o desenvolvimento da Amazônia.

Ainda em seu artigo, Gomes, discute as teorias de Betty Meggers, Donald Lathrap e Anna Roosevelt.

Primeiramente, Gomes, aborda as teorias de Meggers, publicadas em seu livro Amazônia: Man and Culture in a counterfeit Paradise, que coloca a floresta tropical como um Paraíso Ilusório. Meggers era herdeira intelectual de Steward e Leslie White, segundo ela, não

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