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Representação das Pessoas trans e travestis no Jornal Lampião na Esquina

Por:   •  14/2/2023  •  Projeto de pesquisa  •  1.531 Palavras (7 Páginas)  •  57 Visualizações

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Universidade de Brasília - UnB[pic 1]

Instituto de Ciências Humanas

Departamento de História

Disciplina: Prática de Pesquisa Histórica

Docente: Francisco Doratioto      

                     Nome: Wanderson Rodrigues de Carvalho

                     Matrícula: 18/0078542

PROJETO SINTÉTICO 

  1. APRESENTAR A QUESTÃO HISTORIOGRÁFICA

O movimento LGBT começou a dar seus primeiros passos no final da década de 1970, um período quase mágico e de muita euforia, após o “afrouxamento” do regime que solapou a democracia brasileira com o golpe Civil-Militar de março de 1964. É no contexto da abertura política que é fundado em 1978 o jornal Lampião da Esquina, um importante instrumento para a socialização e a visibilidade de pautas caras à comunidade LGBT+ da época. Tendo em vista a importância do periódico, que é reconhecido como um dos pilares do movimento homossexual, na luta pelo reconhecimento da comunidade LGBT+. Como as pessoas transexuais e travestis eram representadas no jornal Lampião na Esquina?

  1. JUSTIFICATIVA

Poucos e recentes são os trabalhos historiográficos que tratam sobre a comunidade LGBTQI+ no período que compreende a ditadura militar (1964-1985). E são ainda mais escassos os trabalhos que têm como objeto de estudo as pessoas transexuais e travestis no contexto ditatorial. Em 2021 foi publicada uma revisão de literatura[1] que catalogou 20 teses e 20 artigos, que tinham como fonte de pesquisa os periódicos Lampião na Esquina e ChanacomChana, que foram publicados nos bancos de dados da Scielo, BDTD e periódicos Capes, até 2020. O material produzido pelos autores evidencia a escassez em debates acerca da historicidade das pessoas transexuais e travestis durante a ditadura militar. Dessa forma o estudo acerca das representações dada a pessoas transexuais e travestis[2] em periódicos como o Lampião na Esquina, se justifica.

A autora norte americana Joan Scott, em seu célebre artigo, Gênero: uma categoria útil para análise histórica, destaca que é fulcral se historicizar as relações de gênero, para que assim se possa entender seu próprio funcionamento e suas (des/re)construções, no caso específico deste projeto se faz necessário historicizar as pessoas transgênero e travestis. Conforme argumenta a autora italiana Teresa de Lauretis, são as representações que constroem os gêneros. Desse modo, como as representações das pessoas transexuais e travestis foram construídas em artigos do Lampião na Lampião?

De acordo com o que foi mencionado, existem poucos trabalhos que se debruçam acerca da temática da representação de pessoas transexuais e travestis na mídia, nesse caso específico no Lampião, o que pode ser observado em sites de busca como Google Acadêmico, Scielo, periódicos da Capes e etc. Para amenizar e quem sabe instigar outras pesquisas esse projeto visa se inserir no debate e acrescentar algumas linhas originais acerca do tema. No que concerne à originalidade do presente projeto pode se destacar as novas lentes a serem utilizadas na análise das fontes.

  1. REFERENCIAL TEÓRICO

Para analisar a representação das pessoas transexuais e travestis nas páginas do periódico Lampião na Esquina, serão utilizados na pesquisa os conceitos de gênero, conforme as autoras Joan Scott, Judith Butler[3] e Teresa de Lauretis, que defendem que estes são construções socioculturais e históricas. Para Joan Scott[4], a abordagem histórica de gênero pode ser entendida como “um campo primário no interior do qual, ou por meio do qual, o poder é articulado” (SCOTT, 1995, p.88) e ainda destaca que:

O gênero é uma das referências recorrentes pelas quais o poder político tem sido concebido, legitimado e criticado. Ele não apenas faz referência ao significado da oposição homem/mulher; ele também o estabelece. Para proteger o poder político, a referência deve parecer certa e fixa, fora de toda construção humana, parte da ordem natural ou divina. Desta maneira, a oposição binária e o processo social das relações de gênero tornam-se parte do próprio significado de poder; pôr em questão ou alterar qualquer de seus aspectos ameaça o sistema inteiro (SCOTT, 1990, p.92)

A filósofa norte-americana e pós-estruturalista Judith Butler, é uma referência mundial nos estudos queer. Conforme exposto em sua obra, o gênero é performativo, pois segundo ela esta é consequência de uma “estilização repetida do corpo, um conjunto de atos repetidos no interior de uma estrutura reguladora altamente rígida, a qual se cristaliza no tempo para produzir a aparência de uma substância, de uma classe natural de ser” (BUTLER, 2003 p.59). Dessa forma “faz-se” o gênero, não havendo atos de gênero verdadeiros ou falsos, “e a postulação de uma identidade de gênero verdadeira se revelaria uma ficção reguladora” (BUTLER, 2003, p.201).

Outra autora que é mobilizada, é a historiadora italiana Teresa Lauretis, que também trabalha com o gênero como uma categoria de análise. Para ela é preciso separar gênero da diferença sexual para conceber o gênero como um produto de várias tecnologias.  Lauretis afirma que o gênero é produto de várias tecnologias[5] sexuais, uma máquina de produção que vem de discursos e práticas discursivas das autoridades religiosas, legais ou científicas, que se apoiam nas instituições do Estado, como a família, a escola e etc.

O conceito de representação, do historiador francês, Roger Chartier, é  muito importante para se pensar gênero. Para Chartier, quem detém o poder de representar/nomear/classificar institui simbolicamente certos discursos e práticas, produzindo a crença de que a representação é a própria realidade[6]. O autor francês destaca que:

Representar[7]  é,  pois,  fazer  conhecer  as  coisas  mediante  ‘pela  pintura  de  um objeto’,  ‘pelas palavras e gestos’,  ‘por algumas figuras,  por  marcas’ – como os enigmas, os emblemas, as fábulas, as alegorias. Representar no sentido jurídico e político  é  também  ‘manter  o  lugar  de  alguém,  ter  em  mãos  sua  autoridade’ (CHARTIER, 2002, p. 165)

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