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Resenha: A Presença Indígena nas Capelas da Capitania de São Vicente (Século XVII)

Por:   •  27/2/2019  •  Resenha  •  621 Palavras (3 Páginas)  •  161 Visualizações

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Departamento de História

História do Brasil I - B – Turma A – 2013-2 – Profº. Fábio Kühn

Nome: Tayane Pereira Silveira

Resenha: A Presença Indígena nas Capelas da Capitania de São Vicente (Século XVII)

O artigo A Presença Indígena nas Capelas da Capitania de São Vicente (Século XVII) trabalha com a ideia das capelas como um meio de preservação de identidades e tradições culturais indígenas, através das pinturas e da decoração realizadas pelos índios.

As capelas eram parte fundamental das aldeias cristãs. Serviam como ponto de concentração para os índios que vinham do sertão, podendo ser administradas por ordens religiosas ou mesmo por proprietários particulares. Na primeira parte do texto, a autora Glória Kok contextualiza o cenário em que tais capelas se inserem, retornando ao século XVI e às primeiras aldeias coloniais, que eram originárias da vila de São Paulo e tinham como propósito tornar o indígena “cristão, vassalo do Rei e mão de obra para a Coroa, os colonos e os jesuítas” (p. 47).

A presença de espanhóis, mestiços e índios vindos da América espanhola durante o período da União Ibérica (1580-1640) também é mencionada, assim como os ataques paulistas a missões da Espanha. Dessa forma, milhares de índios Guarani capturados passaram a fazer parte da população indígena da vila, também influenciando algumas das manifestações culturais nas capelas.

Em seguida, a autora trata com mais detalhes a questão das manifestações indígenas nas capelas; juntamente com alguns exemplos, há o uso de uma série de imagens do interior de alguns destes locais, a fim de facilitar a explicação. Nesta parte do texto, Kok evidencia várias vezes a forma como os indígenas, mesmo instruídos a copiar os modelos dos europeus, acabavam inserindo aspectos de suas tradições culturais em detalhes como motivos e cores em pinturas. Um exemplo mais notável disto pode ser encontrado no retábulo da capela de Nossa Senhora da Conceição, ou Voturuna: ali, há a representação de cajus – ao contrário da mais comum, a de peras -, o que indica a participação dos indígenas na elaboração do retábulo. Outra manifestação destacável que a autora menciona são os motivos florais, tipicamente indígenas, presentes no teto e em armários das capelas de São Miguel e Carapicuíba.

As considerações finais do texto tornam a destacar o papel ativo dos índios na construção das capelas: Kok considera-os como “os principais artífices que sustentaram o projeto missionário” (p.67) e evidencia as várias tarefas que desempenharam para tanto, como produção de entalhes de altares, esculturas, imagens de santos, pinturas de forros, entre outros. Ainda segundo Kok, muitas das capelas acabaram ficando por conta dos índios, que, com o abandono dos religiosos, teriam apropriado-se do espaço das capelas para ressignificar suas identidades, fortalecer laços de sociabilidade e recriar ritos e cultos (p. 68). Assim, mesmo com a pobreza em que os índios se encontrariam nos séculos seguintes, suas manifestações e tradições culturais persistiriam.

A escrita do artigo de Glória Kok é de fácil compreensão e seus pontos principais são colocados de maneira bem-estruturada e clara; os exemplos colocados no texto, bem como o uso de imagens como ilustração destes exemplos são aspectos que se destacam, mostrando uma preocupação com o entendimento do contexto. Sendo o assunto tratado no artigo, de certa maneira, bastante específico, a forma com que o texto foi explorado e esquematizado permite que mesmo quem possui pouco conhecimento do assunto possa ler o artigo sem muitas dificuldades – o que o torna altamente recomendado a quem tiver interesse na área.

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