Resenha Dialogo sobre a conversão do gentio

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

Elimaira Cristina Rangel

DIÁLOGO SOBRE A CONVERSÃO DO GENTIO

PADRE MANOEL DA NÓBREGA

FRANCA-SP

2017

Texto de discussão: Diálogo sobre a conversão do gentio – Padre Manuel da Nóbrega

        O texto de Manoel da Nobrega sobre conversão do gentio trata de um dialogo entre os interlocutores Gonçalo Alvarez e Matheus Nugueira a respeito da conversão dos “gentios”: o povo indígena que se encontrava nas novas terras.

        Num primeiro momento, Gonçalo Alvarez afirma que pregar a esta gente, seria como “pregar em um deserto de pedras”, dizendo que estes seriam incapazes de compreender as “coisas de Deus”. Essa preocupação a respeito da capacidade dessa gente de compreender a Deus se estende e Matheus Nugueira, coloca em questão a própria “missão”: como poderia ele, converter uma gente que nem sequer conhecia a Deus, em nome do próprio Deus? Seria mesmo este, um “trabalho” em nome do “amor de Cristo”?

        Uma das dificuldades apontadas logo de inicio na conversão dos gentis, é o fato deles serem muito “maleáveis”, dizem os interlocutores que logo que aceitam tudo o que lhes é ensinado, também o esquecem com mesma facilidade.

        A conversão dos gentios estava além da salvação de suas almas, mais ainda para a “redenção” dos pecados daqueles que os convertiam, a isso Matheus Nugueira diz: [...] “e o meu trabalho não me renderá nada entre elles pera levar diante de Christo quando nos vier julgar, pera que ao menos curta alguma parte de meus pecados muitos?...”.

        Ao certo, Gonçalo Alvarez afirma que para esta questão, o que importa são as coisas que se faz em nome de Deus, e que por estas coisas receberiam graças. Assim, a conversão era de grande importância para fazer a criatura conhecer aquele que a criou, e, portanto, a criatura deveria bendizer seu criador, e glorificar todas as coisas do criador.

        Em um segundo momento, Gonçalo questiona a Nugueira sobre a ideia que ele fazia dos gentis, e Nugueira afirma que apesar de serem “pouco inteligentes” (na verdade acredito que ele se refira ao grau de “civilização” dos índios), eles eram muito próximos, pois Nugueira fazia o seu papel de “amar ao próximo como a si mesmo”, mantendo-se perto e “cuidando” deles.

        Indagado novamente sobre a proximidade dos gentios em relação ao homem ocidental, Nugueira se utiliza da proximidade de Deus perante todos os homens, para justificar a proximidade entre os próprios homens. Segundo ele, os gentios são homens e que se Deus ama todos os homens, isto basta para torna-los próximos uns dos outros.

        Nugueira ainda fala sobre as dificuldades que aqueles que andam atrás das “ovelhas perdidas” enfrentam, e afirma que estes sempre falam de tais dificuldades assim como todos falam das dificuldades de seus ofícios. Conclui que por não possuírem razão e serem “viciosos”, os gentios se tornam fechados à fé, e somente Deus poderia abrir a porta para que ele pudesse interceder e converte-los ao cristianismo. E ainda, afirma que todos ali estão determinados a morrer por esta causa: todos desejam converter essa gente.

        Num terceiro momento, fala-se de uma conversão dos gentios através dos filhos e netos (colocação de Gonçalo Alvarez), ainda sobre a dificuldade em encontrar razões para converter essas gentes. A conversão pela força, segundo Nugueira, de nada resolveria, pois continuariam a tomar atitudes típicas: seria como converterem por obrigação e não colocarem nada do cristianismo em prática. Para Nugueira, os padres eram movidos pela caridade em Deus, e isto era o suficiente para tratarem das conversões, onde o desvio da bondade traz também o desvio da vontade de Deus.