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Resenha: O Grande Massacre de Gatos

Por:   •  9/6/2022  •  Resenha  •  1.395 Palavras (6 Páginas)  •  129 Visualizações

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1. Segundo capítulo

Na obra “O Grande Massacre de Gatos”, Robert Darnton escreve de maneira

etnográfica, procurando analisar os franceses que não foram alcançados pelo

iluminismo durante o século XVIII, em suas formas de pensar. O segundo capítulo,

intitulado “Os trabalhadores se revoltam: o grande massacre de gatos na Rua SaintSéverin”, o que origina o nome do livro, o autor demonstra o massacre de gatos,

sendo esse, um episódio rodeado pelas tradições urbanas de operários que se

rebelam contra os burgueses na fase pré-industrial.

Em sua busca pela interpretação da mentalidade e das tradições do grupo de

artesões urbanos, Darnton observa um massacre de gatos, ocorrido da rua SaintSéverin. Para tanto, é utilizado o testemunho de Nicolas Contat, de uma maneira

memorial, 20 anos depois de tudo e trocando seu nome por Jerome, apesar de

autobiográfico. Relatando uma vida miserável, onde moram em condições

desprezíveis, trabalham constantemente por pouca comida, e as vezes podre, sendo

sempre trocados por outros operários para ganharem cada vez menos e em suas

poucas horas de sono serem mantidos acordados pelos muitos gatos da vizinhança

que passam a gritar noites adentro. Enquanto os burgueses se empanturram de

comida, dormem quantas horas quiserem, não precisam trabalhar e tratam seus

gatos de estimação muito melhor que seus funcionários.

Cansados dessas condições de vida, em certa noite, resolvem por se rebelar à essa

desigualdade. Tendo um talento extraordinário com imitações, Léveillé, vai até o

telhado do quarto do patrão e fica miando horrivelmente, de forma que ele e sua

esposa não conseguem pregar o olho, repetindo o ato por diversas noites. Com isso,

os burgueses pensam estar enfeitiçados. Com o intuito de acabar com seu tormento,

o patrão ordena que os aprendizes se livrem dos gatos, mantendo exceção de Grise,

a gata de estimação de sua esposa. Contentes, “Jerome” e Léveillé, com auxílio dos

assalariados e armados com cabos de vassouras, barras das impressoras e diversos

instrumentos de trabalho locais, caçaram todos os gatos que conseguiram,

começando pela explícita exceção imposta. Após juntarem seus “materiais”,

encenaram um suposto julgamento em prol de divertimento, considerando os

animais culpados, pendurando-os em forcas provisórias e explodindo em

gargalhadas. Fato que acaba por chamar a atenção da patroa que é enganada em

relação à Grise e se retira. Durante dias, todos eles reencenam o julgamento como

forma de piada entre si.

O autor tentando entender a piada, vista agora como sem graça, utilizando-se da

cultura da época. Como primeira explicação é colocado que o ocorrido seria um

simbolismo para um ataque aos patrões, instigado pelo ódio que tinham deles e a

disparidade entre seus universos, portanto, direcionando-o aos seus gatos. Esses

animais serem escolhidos seria explicado pelas crenças populares que existiam.

O mais importante ritual seria o carnaval, quando jovens se esbaldavam sem

escrúpulos e terminava com a quaresma, voltando às convenções da sociedade. Em

específico para o capítulo, os gatos detinham importantes papéis quanto aos

festivais, como por exemplo, na Borgonha, quando zombavam de um marido traído,

passavam um gato de mão em mão, cada um arrancando pelos para que uivasse de

dor. Em São João Batista, eram realizadas fogueiras, onde atiravam objetos

mágicos, os gatos sendo seus favoritos. Mantinha-se uma ideia central, mesmo

havendo variações, a tortura como um divertimento tendo esses animais como

símbolos de feitiçaria, relacionados ao demônio e às bruxas obtendo até mesmo

poderes ocultos, como impedir o crescimento de pães em sua presença, estragar

pescas, proteger casas quando enterrados vivos dentro das paredes e mantendo

uma relação com a fertilidade e a sexualidade femininas.

A partir desse conhecimento, é constatado que no caso do massacre mencionado, o

motivo seria a feitiçaria. Os aprendizes eram impedidos de dormir pelos sabás

promovidos pelos gatos, aproveitando assim da supersticidade dos burgueses, se

voltam contra Grise e realizam uma rebelião velada à patroa. Toda a encenação foi

uma representação, colocando os gatos como os burgueses e podendo julgar

implicitamente, evitava retaliações. Por meio desse, condenavam os patrões e todo

sistema em que viviam, causando risos da ordem social, por uma situação que o

próprio burguês deflagrou, mesmo sem entender que era a vítima.

2. Autor

Nascido em 1939, na cidade New York, Robert Darnton é um historiador especialista

e pioneiro na história da França do século XVIII, especialmente o iluminismo e a

Revolução Francesa. Possuindo doutorado em história pela Universidade de Oxford,

foi

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