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Seminário: Uma sociedade não tão diferente

Por:   •  13/11/2019  •  Seminário  •  599 Palavras (3 Páginas)  •  142 Visualizações

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Política, cidadania e Direitos Humanos no Brasil – Seminário 1

Maria Firmina dos Reis, Úrsula, 2018

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Uma sociedade não tão diferente.

Tendo sido o primeiro romance abolicionista, o livro Úrsula nos mostra uma visão pior mas não tão diferenciada da sociedade atual. Nele, observamos as ações de personagens que, para de acordo com a época abordada, eram consideradas aceitáveis aos olhos da sociedade. Dito isso, é de extrema importância destacar a questão da escravidão no Brasil causada simplesmente pelo racismo e o sentimento supremacista branco, além da inferiorização da mulher sustentada por uma sociedade predominantemente patriarcal e misógina como visto no livro, sendo o assunto principal deste texto.

O romance, traz a história de uma inocente e gentil jovem, conhecida por Úrsula, que se apaixona por um mancebo denominado Tancredo. Tal romance se desenvolve quando, após sofrer um acidente, o homem hospeda-se na casa da menina que juntamente ao escravo Túlio, amigo fiel do cavaleiro, cuida de sua saúde para que possa se recuperar. Neste, vemos ser abordado, temas como a escravidão brasileira, muito citada pelos personagens secundários, os escravos, quando esta não havia ainda sido abolida, sendo a mesma uma antítese dos direitos fundamentais de primeira geração ligados não somente aos direitos civis e políticos, mas principalmente, à liberdade. Com isso, é possível perceber a estruturação de uma supremacia racial baseada no tom de pele e que beneficiava aqueles que eram brancos, enquanto tirava de suas pátrias e tratava como animais e objetos aqueles que possuíam a cor de pele considerada suja, ou seja, os negros. Isso é visto até mesmo nos dias de hoje já que conquanto a escravidão tenha sido abolida há mais de um século, o racismo ainda é uma realidade da população negra brasileira, em que é mais do que comum ver pessoas negras sendo privadas de ter um acesso abrangente à educação de qualidade, oportunidades de emprego, salários e cargos justos de acordo com sua especialidade, além de sofrerem com a brutalidade policial.

É visto na obra também, a forma grosseira com a qual mulheres são tratadas naquele meio mostrando, novamente, a violência contra o exercício da cidadania, já que mais uma vez infringem os direitos civis. A mãe de Tancredo por exemplo, tinha de aceitar as ações de um marido abusivo que exercia autoridade sobre ela a afetando psicologicamente. É relevante recordar a obsessão doentia do Comendador Fernando P. para com Úrsula, tentando forçá-la a casar-se com ele, mesmo que ela não assim o desejasse, simplesmente porque aquela era a sua vontade, algo que ainda pode ser visto nos dias de hoje no que chamamos de relacionamentos abusivos, onde muitas mulheres são abusadas físico, moral e psicologicamente. Embora não tenha ocorrido um relacionamento entre Úrsula e Fernando, a história faz relembrar casos como o de Eloá Pimentel e o de Sandra Gomide, ambas assassinadas por ex-namorados que não aceitavam o término do relacionamento.

Por tudo isso, é possível concluir que apesar de diferente e melhor, a nossa atual sociedade, ainda assim, possui muitas semelhanças com períodos passados quando conveniente ao real respeito à lei que preserva os direitos humanos. Vimos que no que tange aos direitos civis, principalmente a liberdade e domínio sobre o próprio corpo, o exercício da cidadania é completamente ignorado na sociedade de 1859, fazendo-nos pensar se seria viável afirmar que realmente evoluímos como grupo social quando tantos atos atuais podem ser comparados à atos tão comuns de uma época tão distante da que vivemos hoje.

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