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A LICENCIATURA EM LETRAS - PORTUGUÊS/ ESPANHOL

Por:   •  17/8/2022  •  Tese  •  1.362 Palavras (6 Páginas)  •  146 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE  

CAMPUS DOIS IRMÃOS  

LICENCIATURA EM LETRAS - PORTUGUÊS/ ESPANHOL

 

 

 

 

 

 

AKISA SILVA HIONARA FERNANDES

IEVERTON GABRIEL RICARDO SANTOS

 

 

 

 

 

 

 

GREGÓRIO DE MATOS E SUA COSMOVISÃO 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Recife, PE  2022

 

 

 

 

 

 

AKISA SILVA HIONARA FERNANDES IEVERTON GABRIEL RICARDO SANTOS

 

 

 

 

 

 

GREGÓRIO DE MATOS E SUA COSMOVISÃO 

 

 

 

 

 

 

Trabalho referente a 1° avaliação da disciplina Literatura Brasileira A, no curso de Licenciatura em Letras - Português e Espanhol, da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE.  

Prof. Dra. Renata Pimentel

 

 

 

 

 

RECIFE 2022

 

 

2. Quanto à obra de Gregório de Mattos e sua cosmovisão, seu moralismo se reflete de modo diverso: quando o tema é a revolta política e econômica quanto à ascensão do mercantilismo, quando trata dos dogmas católicos de arrependimento e fé; quando corteja a mulher branca desposável ou quando erotiza vulgar e desrespeitosamente a mulher negra ou mulata. (Ilustre sua resposta com versos comentados do poeta e embase seus argumentos nos textos discutidos em aula, como o capítulo “Do antigo Estado à máquina mercante”).

 

1. Quando o tema é a revolta política e econômica quanto à ascensão do mercantilismo

Antes de tudo, é necessário que tenhamos em mente as origens do poeta e o contexto histórico em que viveu. Gregório de Matos era filho de uma tradicional família proprietária de engenho de açúcar. Durante sua infância, que condiz com a primeira metade do século XVII, o poeta teve vista privilegiada do crescimento dos engenhos e do estabelecimento de uma pequena nobreza luso-baiana, que era bastante amparada pelas leis. É nesse sentido que Bosi afirma que era como se a Coroa pensasse: “Para os senhores de engenho, tudo”. (BOSI, 1992, p. 99). Contudo, com o declínio dos preços do açúcar, o cenário muda sobremaneira e famílias, como a de Gregório, que viviam abastadamente quando o açúcar representava uma das principais bases econômicas do país, perdem seu sustento irrestrito. Nesse novo cenário, os burgueses é que ascendem. São favorecidos, mais especificamente, segundo Bosi (1992):

“três grupos econômicos: as companhias estrangeiras, em primeiro lugar; depois, alguns latifundiários de maior calibre que conseguiam sobreviver à crise aumentando a produção e mantendo a escravaria (provavelmente, a nobreza caramuru, como o sátiro a chama, ressentido); enfim, e parcialmente, a sólida classe dos intermediários, os comerciantes reinóis já enraizados nas praças maiores da Bahia e do Recife, aos quais o exclusivo colonial necessariamente protegia.    

Cria-se, com isso, uma enrijecida oposição entre a nobreza, agora em declínio, e a burguesia, em ascensão. É evidente, portanto, que Gregório não poderia ver com bons olhos essa nova classe que ascendia, muito menos o mercantilismo que garantia sua ascensão, uma vez que ambos destruíram seu “antigo Estado” (aqui tomamos emprestado uma expressão do próprio poeta). Para que possamos entender melhor essa sua visão acerca da ascensão do mercantilismo, analisemos o poema “À Bahia”.  

O primeiro quarteto nos traz os seguintes versos: “Triste Bahia! Oh quão dessemelhante/Estás, e estou do nosso antigo estado!/Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,/Rica te vi eu já, tu a mi abundante”, percebamos aqui que existiu um antigo estado de riqueza baiana e que sua perda ensejou todo o poema. Notemos também que, quando o Gregório emprega “estás e estou” no segundo verso, cria uma espécie de cumplicidade entre indivíduo e objeto. Não tão somente a cidade foi atingida com a perda desse antigo estado, mas o próprio eu lírico.  

Quanto ao segundo quarteto, esse traz os versos que se seguem: “A ti trocou-te a máquina mercante,/Que em tua larga barra tem entrado,/A mim foi-me trocando, e tem trocado/Tanto negócio, e tanto negociante”, vê-se que o eu lírico se preocupa em apontar um culpado pela perda do antigo estado de abundância antes disfrutado por ele e pela Bahia. Ele acusa, então, a máquina mercante, pois, em sua visão, ela trocou, foi trocando e tem trocado. Trocar aqui é no sentido de mudar, alterar e transformar a cidade da Bahia e os seus moradores. Dessa forma, a “máquina mercante” não só alterou, como continua alterando a cidade e os habitantes. Diante dessa expressão, Bosi se pergunta: “O que vem a ser esta máquina mercante?”. De uma perspectiva literal, diríamos que máquina mercante eram os navios de comércio que traziam mercadorias de luxo, sobretudo da Índia e da Europa, e aportavam na barra de Todos os Santos — é a ela que o eu lírico se refere no segundo verso, quando diz “que em tua larga barra tem entrado”. Porém, é válido ressaltar que, figurativamente, a expressão pode abrir margem para que aludamos ao sistema inteiro, ao mercantilismo.  

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