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A Ligação de Classes Sociais com o Cânone

Por:   •  12/7/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.069 Palavras (5 Páginas)  •  143 Visualizações

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A Ligação de Classes Sociais com o Cânone[1] 

Ana Caroline Ferreira De Oliveira[2] 

Pesquisando as obras de Roberto Reis “Cânon” de 1992  e o texto de Harold Bloom “O cânone ocidental’’, divulgado em 1994, identifica-se pensamentos diferentes sobre o processo de canonizações de obras literárias. Além de opiniões contrárias sobre as relações de cultura e cânone.

 Esse termo cânone de origem grega, significa ‘’ramo de grandeza’’, é um intermediário de determinar um padrão de regras, ou espécimes a serem seguidas. Bloom (1994) introduz o primeiro capítulo de sua obra ‘’O cânone Ocidental’’ registrando que o cânone representa a escolha de livros, pois existem na nossa história inúmera obras, e não temos tempo suficiente para ler todas elas, e por isso devemos escolher os melhores textos para serem lidos.

O exemplo de regras, e modelos para canonização de uma obra era em geral a estética e a originalidade, algo muito estabelecido por Bloom (1994) que é um escritor tradicionalista, protetor da arte pela arte. Em muitos trechos da obra ‘’O cânone ocidental’’ o autor comprova inquietação, sobre a canonização de obras relacionadas ao multiculturalismo, pois como tradicionalista ele é um situacionista á relações de classes e movimentos pós-modernos. Para ele o que determina um cânone é justamente ele seguir esse padrão estético. Já Roberto Reis se investiga mais em seu texto Cânon publicado em 1992, onde ele comenta sobre o processo de canonização. Para ele a escrita sempre foi uma forma de poder, desde o início em várias comunidades, quem sabia escrever desempenhavam um posto de superioridade e poder, além de ter um saber mais profundo sobre diversos assuntos. Esta relação de saber e poder tem um papel importante no procedimento de canonização, pois frequentemente a seleção, ou restrição de um título era feita por quem tinha um certo poder. Como sabemos, na antiguidade as pessoas que interrompiam esse conhecimento, usualmente faziam parte de uma classe mais privilegiada, o que quer dizer, quem escolhia os cânones, fazia de acordo com seus interesses, ou seja, se a pessoa que fosse determinar um cânone fosse da alta burguesia, ela duvidosamente escolheria uma obra que falasse sobre a classe mais baixa, uma coisa que Reis é totalmente contra.

 Sobre essa formação de um cânone, ele diz que o processo de canonização não pode ser isolado de interesses do grupo que domina.

De acordo com Bloom (1994), o cânone estaria se tornando algo politizado, e que estaria perdendo seu padrão por estar sendo usado como protestos de classes. Como ele mesmo escreve: “a escolha estética sempre orientou todo aspecto particular de um cânone’’ (1994, p. 29) neste trecho pode-se perceber perfeitamente a razão da sua inquietação sobre livros que tratam de temas sociais estarem sendo considerados cânones.

Para Bloom (1994) quando selecionamos uma obra que não segue esses padrões tradicionais estamos destruindo todos os padrões intelectuais e estéticos em nome do fruto social. Já Reis (1992) reconhece que em seu texto o cânone está ligado aos pilares bases que asseguram o saber ocidental, estando ligados ao arianismo, a moral cristã, o patriarcalismo, ou seja, essa estética que Bloom tanto defende vem de uma cultura tradicionalista muito fechada, e por esse fato a presença de escritores da elite, brancos, do sexo masculino é esmagadora em relação aos outros.  Compreendemos assim que existem poucos autores não-brancos, mulheres e membros de classes não favorecidas. E é por isso a literatura está sendo usada para dar este espaço a estas classes menos favorecidas historicamente.

Reis (1992) redigi que o mais questionável é a existência de cânones que replicam as relações injustas de uma sociedade. Pode-se ver que ainda hoje que a classe dominante utiliza de obras canônicas para certificar, ou até mesmo tentar forçar superioridade, tentando a todo custo expandir sua base cultural e menosprezar outras que são por eles tidas como inferiores. Se seguirmos as obras consagradas dessa alta cultura perceberemos que as obras canônicas parecem ter sido estipuladas por uma alta cúpula, um mandato divino, como diz Reis, que não seguiam requisitos de classes ou ideológicos, e que essas obras aparentam ter verdades incontestável, maiores e acrônicos que mostram um modelo que deveria ser seguido por todas as gerações.

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