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A Resenha Chartier

Por:   •  21/9/2019  •  Resenha  •  908 Palavras (4 Páginas)  •  284 Visualizações

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CHARTIER, Roger. A mediação editorial. In: Os desafios da escrita. Tradução por Fúlvia Moretto. São Paulo: Editora UNESP, 2002. p. 61-76.

Resenhado por Milton Raimundo de oliveira[1]

Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Roger Chartier, professor e historiador francês, nasceu em 1945, em Lyon. Oriundo de uma família operária, formou-se, simultaneamente, pela Escola Normal Superior de Saint Cloud e pela Universidade Sorbonne. Suas contribuições consistem na elaboração de conceitos, principalmente, sobre as práticas e representações no contexto da Nova História Cultural. Ele baseia seus estudos na história do livro, da edição e da leitura, e como a História Cultural identifica diferentes lugares e momentos distintos, constroem diferentes realidades sociais, o que se reflete nas práticas da leitura e nas representações de como essa realidade é lida.

Em seu ensaio sobre a mediação editorial, o autor coloca questões relacionadas às práticas de leitura. Ele avalia que o sentido de um texto pode ter diferente contexto, lembrando que havia diferentes práticas de edição, em épocas distintas. Assim deve-se leva em conta, na interpretação de um texto, a época e o local em que ocorreu sua publicação. Na página 63, há uma menção às buscas dos manuscritos originais, visto que o material impresso não passava, fidedignamente, a obra em si, ou melhor como o autor deseja que ela fosse entendida.

Ao falar sobre as edições antigas Chartier cita o caso das pontuações das obras, a quem elas eram atribuídas, e segundo ele os tipógrafos assumiam tal responsabilidade. Devido à formação deles havia formas diferentes de grafar e acentuar as palavras, ou seja, o texto impresso era o da “preferência” do editor/tipógrafo. P.65. Por outro lado, a história da língua, o autor diz que o essencial acontece de uma outra forma, uma vez que os manuscritos passam pelo que ele chama de “corretores”, que empregam as convenções gráficas, ou uma “normatização”. Nesse caso os operários compositores são removidos dessa tarefa, passando a mesma para os operários “letrados”, o que garantiria uma melhor correção dos textos. A partir de então os corretores passam a desempenhar função de suma importância, pois passaram a atuar em todas as etapas do processo, tais como: preparação do manuscrito; correção das provas; revisão de folhas já impressas etc.

Na página 68, Chartier explica que no “antigo regime tipográfico” as intervenções dos corretores, não se realizam na própria ortografia, mas essencialmente em função do público que se desejava atingir, levando em consideração o formato, o tipo de papel, presença ou não ilustrações etc. Como exemplo ele cita o que chamou de: repertório de venda ambulante, ocorrido na França, nos séculos XVI e XVII, na França, onde uma nova forma editorial foi “inventada”. Foram reaproveitadas madeiras já gravadas, e o objetivo das gráficas era a redução do custo. Esta nova forma de diagramação pretendia atingir, segundo os editores, o que eles entendiam como o gosto de leitura de um determinado público. Estes livros ficaram conhecidos como “livros Azuis” devido ao acabamento de muitos deles (não de todos eles), e não por seu conteúdo, mas pela forma que eram apresentados materialmente falando.

Nas páginas 70 e 71 o autor discorre sobre como o Romance, a mais tradicional forma poética, ampliou sua circulação, devido à fórmula das dobras soltas, surgida em Castela no século XV. Esta fórmula consiste de uma folha impressa dobrada duas vezes, que forma uma espécie de livreto de oito páginas. O sucesso dessa fórmula está associada a um gênero poético bastante breve e adaptado às possibilidades da imprensa instalada, nessa época, na Espanha.

Seguindo, ainda, na descrição dos livros e gêneros editados, Chartier lista, a partir da página 72, o inverso da primeira fórmula impressa, ou seja, da adaptação dela à forma poética. Resulta que os primeiros impressos, chamados de Romances Viejos, eram de escolha dos livreiros, enquanto os Romances Nuevos foram escritos por portas letrados e se adequaram à métrica tradicional, jogando com os arcaísmos da língua. Nesta linha surge na Inglaterra, as chamadas ballads, que constituem um gênero fundamental da literatura de venda ambulante da época. São textos largamente difundidos, devido ao baixo preço dava acesso à leitura de leitores/compradores mais modestos.

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