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ARTIGO DE OPINIÃO: QUANDO O SUJEITO FALA O GÊNERO ARTIGO

Por:   •  17/4/2021  •  Artigo  •  2.654 Palavras (11 Páginas)  •  162 Visualizações

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ARTIGO DE OPINIÃO: QUANDO O SUJEITO FALA

O GÊNERO ARTIGO

Segundo Rastier (1998), um gênero textual se constitui pela existência de um corpus, inserindo-se em uma classificação relacionada à reunião de textos que apresentam certa normatividade em sua produção, e criando uma memória discursiva do gênero. No entanto, as normatividades do corpus de um gênero são constantemente atualizadas, o que aponta esse mesmo corpus como um composto heterogêneo que segue uma regularidade, o que não significa dizer uma padronização rígida. Em várias publicações, muitas vezes, o artigo é tomado por ensaio e/ou vice-versa, devido a algumas semelhanças entre esses dois gêneros textuais.

O artigo possui a estrutura do texto argumentativo e pode ser caracterizado como tal – apresenta introdução, desenvolvimento e conclusão. Vejamos algumas características gerais:

É sempre uma produção intencional. Pretende persuadir o leitor de que a idéia ali defendida tem legitimidade, sentido e razão de ser;

A linguagem utilizada na exposição de idéias e na comprovação de fatos e/ou teorias é argumentativa;

Apresenta os elementos principais da textualidade – coesão e coerência, que funcionam como marca da presença de posição de autor, oferecendo logicidade ao raciocínio desenvolvido;

No que diz respeito à sua extensão, alguns autores classificam-no como relativamente pequeno; no entanto, os artigos se apresentam em vários tamanhos;

O artigo faz uso, comumente, da primeira pessoa do singular e/ou do plural, o que caracteriza a assunção da idéia, do discurso ali colocado. Alguns autores, no entanto, escrevem artigos de opinião na terceira pessoa do plural.

Existem dois tipos de artigo: Científico e de Opinião. O primeiro normalmente apresenta extensão maior que o segundo, pois é o resultado não somente da idéia do autor em relação a um tema, mas também de uma investigação mais apurada, cujo processo é revelado no texto. No artigo científico, as idéias e fatos relativos a um tema são expostos de modo sistematizado. A redação deve explicitar, objetivamente, o ponto de vista teórico adotado, evitando repetições, redundâncias e a exposição de idéias alheias ao tema. A pesquisa deve ser útil e relevante para a área específica, assim como para o desenvolvimento da ciência, de maneira geral; identifica as fontes dos dados utilizados na pesquisa, explica os procedimentos metodológicos utilizados e apresenta a referência bibliográfica utilizada.

O artigo de opinião é um texto comum nos meios jornalístico, artístico e cultural,

em geral; normalmente publicado em jornais, revistas e outros tipos de periódicos. Ao contrário do artigo científico, revela de modo mais intenso a subjetividade do autor, por meio de argumentos que não exigem, necessariamente, comprovação científica. Predomina a linguagem persuasiva, a manipulação de fatos, idéias e argumentos, com o objetivo de convencer o leitor. Os argumentos podem se basear em dados colhidos da realidade, em citações de autoridades (opiniões de pessoas reconhecidas no campo das idéias que envolvem o tema abordado) e/ou em fatos, exemplos e ilustrações que podem ser observados na realidade.

COMO ELABORAR O ARTIGO DE OPINIÃO

Confusões acerca da distinção entre o artigo de opinião e o texto dissertativo típico de vestibular são muito comuns. Mesmo quando se tem em mente a concepção sobre o gênero artigo e as suas marcas textuais, é necessário se lembrar de um elemento-chave antes de iniciá-lo. Esse elemento-chave é o pressuposto (tese). Não há possibilidade de se produzir artigo de opinião senão pelo estabelecimento de uma TESE, uma vez que esse gênero de texto se caracteriza exatamente pela defesa de um pressuposto, de uma idéia específica, eleita pelo autor, a respeito de um tema (algo em que ele acredita e com que se identifica). Nesse aspecto encontramos a diferença entre o artigo de opinião e o texto de vestibular, no qual o autor apenas discorre sobre um assunto, expõe idéias a respeito dele, sem elaborar a defesa de uma idéia específica, sem ‘levantar uma bandeira’. Obviamente que as idéias aí expostas partem da experiência de quem escreve, das informações, impressões e sentimentos que tem a respeito. Por isso mesmo, há de estar presente a subjetividade do autor; mas é importante deixar claro que isso ocorre de forma indireta, implícita, a partir do uso que se faz da terceira pessoa e, às vezes, da primeira pessoa do plural.

Já o artigo de opinião nasce a partir da reflexão acerca de determinado assunto, quando esse assunto incomoda/provoca o autor, incitando, para além de uma análise crítica, o estabelecimento de uma posição própria. O autor, a partir de informações, do conhecimento, do que ouviu e leu a respeito do tema, começa a elaborar uma idéia particular. Nesse contexto, aparece a subjetividade como elemento marcante e decisivo, revelada pelo uso da primeira pessoa, o que garante ao leitor a existência de um sujeito-autor que firma uma postura diante de um assunto, que acredita piamente nessa postura e que a defende com veemência, a partir de argumentos sólidos. São os seguintes os componentes do artigo:

OBJETO: representa o tema sobre o qual se desenvolve a argumentação;

TESE/PRESSUPOSTO: ponto-de-vista do autor sobre o tema a ser desenvolvido. Ponto de partida da argumentação. É a idéia que será defendida pelo autor.

ARGUMENTOS: razões que fundamentam o ponto-de-vista do autor. Devem relacionar-se diretamente com o tema da argumentação e, logicamente, com o ponto-de-vista defendido.

Tomemos um tema como exemplo, para analisar a possibilidade de seproduzir um artigo de opinião – o tema trabalhado na disciplina Oficina de Leitura e Escrita no primeiro semestre dos cursos das Faculdades Jorge Amado: À MARGEM; fazemos uma discussão, a partir de leituras diversas sobre pessoas/grupos de pessoas que sofrem exclusão/discriminação social, quais sejam: meninos de rua, pessoas com deficiência física, pessoas com transtornos mentais, homossexuais, idosos, negros e pessoas de baixa renda.

Se houver a seguinte sugestão: “elabore um artigo de opinião sobre o tema À MARGEM”, certamente o texto escrito não será um artigo de

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