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Artigo Um olhar sociológico sobre a tradução, de Araújo e Martins

Por:   •  8/3/2023  •  Resenha  •  2.069 Palavras (9 Páginas)  •  100 Visualizações

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Universidade Federal do Rio Grande do Sul  -   Instituto de Letras

Departamento de Linguística e Teoria Literária

Disciplina: LET 03339 - Literatura Comparada  - Turma B - 2022/2

Doscente: Prof.ª Dra Márcia Ivana de Lima e Silva

Discente: Adriane Regina Braga de Espíndula  

RESENHA:

Um olhar sociológico sobre a tradução, de Araújo e Martins

RFERÊNCIAS

ARAÚJO, L. B. A. F.; MARTINS, M. A. P.. Um olhar sociológico sobre a tradução. Revista Brasileira de Literatura Comparada, v.20, n.34, p. 2-11, 2018.

Esta é uma resenha do artigo intitulado “Um Olhar Sociológico sobre a Tradução". Este artigo é de autoria de Lana Beth Ayres Franco de Araújo graduada em licenciatura em Português-Literaturas pela UFRJ, bacharela em Inglês-Literaturas pela UERJ, mestre em Literaturas de Língua Inglesa pela UERJ e também doutora em Estudos da Linguagem pela PUC-RJ. Possui ênfase em Literaturas de Língua Inglesa, Literatura Brasileira e Linguística Aplicada (Estudos da Tradução). A segunda autora é Marcia Amaral Peixoto Martins, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, mestre e bacharela em Letras pela PUC-RJ. O artigo aqui resenhado foi publicado na "Revista Brasileira de Literatura Comparada", vol.20, n.34, p.2-11,  em 2018.

Este artigo é dividido nos seguintes capítulos: resumo, palavras-chave, abstract, keywords, introdução entitulada "Por uma sociologia da tradução: do texto ao contexto", o desenvolvimento apresenta dois subtítulos: "A ponte entre sociologia e tradução: pilares teóricos" e "A sociologia do traduzir: a cadeia produtiva da tradução", ao final do desenvolvimento as autoras apresentam as considerações finais e referências.

 No resumo do artigo consta:

 A proposta deste artigo é fazer uma breve apresentação de algumas das principais ideias e teóricos que embasam a vertente sociológica dos Estudos da Tradução, a qual entende a tradução como prática social. As traduções estão sempre situadas em contextos sociais, uma vez que os indivíduos que as realizam não só pertencem a um sistema social, como também respondem a instituições sociais dos mais variados tipos, em grande parte responsáveis por selecionar, produzir e distribuir as traduções (WOLF, 2007). Consequentemente, vislumbra-se um diálogo bastante frutífero entre a tradução e a sociologia, disciplina que estuda as interações humanas e as sociedades e pode, portanto, ajudar a compreender de que modo fatos, crenças e práticas, como a tradução, são socialmente construídos (BUZELIN, 2013).

        A leitura revela que o objetivo do artigo é apresentar algumas ideias que embasam uma sucessão de mudanças nas perspectivas epistemológicas durante as últimas quatro décadas a partir de 1970, que até então prevalecia um enfoque de orientação estruturalista e  formalista restrito a prescrever como se deveria fazer traduções, e que de modo geral focavam os aspectos gramaticais envolvidos na transposição dos textos poéticos de uma língua para outra. Porém, através do espectro analítico ampliado, a atenção na época voltou-se para os múltiplos aspectos extratextuais que rodeiam a tradução, entre eles, o processo de elaboração do texto traduzido. Surgiu então, a dicotomia no tocante à estratégia tradutória: traduzir ''palavra por palavra'', ou ''sentido por sentido''. Nesse interim, as reflexões sobre tradução elaborados à época voltaram-se  para como manter a fidelidade ao original, conferindo fluência ao texto traduzido e empregando a melhor estratégia para transpor os obstáculos tradutórios, criados por elementos textuais (linguístico-culturais) muitas vezes considerados intraduzíveis.

        Araújo e Martins chamaram a atenção para o que circunda o fenômeno tradutório: a transformação de um texto escrito na língua A para a língua B, sendo executado para atender a uma necessidade específica de um indivíduo ou de um grupo, e provocando a atuação de alguém capaz de mediar essa transformação interlingual, além de acarretar também a intervenção de um outro alguém – indivíduo ou instituição – que intermediasse e promovesse essa metamorfose textual. Constituindo-se assim uma rede de agentes (indivíduos e grupos), cada qual com uma tarefa própria. Portanto, pode-se afirmar que a tradução, vista predominantemente como uma prática textual, pode ser entendida como uma prática social de acordo com a afirmação de Michaela Wolf:

[...] o ato tradutório é, em todos os seus estágios, inegavelmente praticado por indivíduos que pertencem a um sistema social; [...] o fenômeno tradutório está inevitavelmente vinculado a instituições que, em grande parte, determinam a seleção, a produção e a distribuição da tradução e, por conseguinte, as estratégias adotadas na tradução em si.  (WOLF, 2007, p. 1)

        

        Dessa forma, as autoras afirmam que, por trás de um texto traduzido existe toda uma cadeia operacional formada por indivíduos e entidades, cadeia esta movida a partir de demandas específicas. E uma vez manifestada essa necessidade, articula-se toda uma rede de agentes e tarefas com o objetivo de produzir a tradução, contemplados aí todos e quaisquer elementos textuais, contextuais e extratextuais. De acordo com Araújo e Martins, a ponte entre sociologia e tradução são pilares teóricos e identificam James Holmes e Itamar Even-Zohar como pioneiros dessa abordagem contextual. Em reflexões sobre a natureza dos Estudos da Tradução, Holmes alertou para a existência de aspectos pertinentes à área, mas que não se referiam estritamente ao âmbito textual/gramatical e ao tentar delinear o escopo da disciplina, Holmes menciona “o complexo de problemas em torno do traduzir e das traduções”.(HOLMES,1988,p.67)          Alguns anos após, o teórico israelense Itamar Even-Zohar desenvolve um modelo teórico em que concebe a cultura como um sistema macro contendo outros sistemas, dentre estes a literatura. Ressalta que, cada cultura tem a sua literatura, produzida em seu vernáculo, que forma, segundo Even-Zohar, um sistema composto por um repertório, incluindo aí autores e suas respectivas obras. E afirma que literatura traduzida abriga obras e autores pertencentes a outras culturas, em traduções para a língua do sistema importador. A seguir vieram Gideon Toury que, a partir da teoria de polissistemas de Even-Zohar, desenvolveu os estudos descritivos da tradução, abraçados por estudiosos que ficaram associados à chamada manipulation school e os proponentes da “virada cultural”, entre os quais se destacam André Lefevere e Susan Bassnett. No entanto, alguns aspectos e ângulos de observação do fenômeno tradutório ainda não eram devidamente contemplados, como, por exemplo, o papel dos agentes, dos quais o mais visível é o próprio tradutor. A partir de uma perspectiva sociológica, adotada por estudiosos como Theo Hermans, Jean-Marc Gouanvic, Michaela Wolf, Hélène Buzelin, Anthony Pym, Daniel Simeoni, Andrew Chesterman, Pascale Casanova, Johan Heilbron e Gisèle Sapiro e assim, é possível falar de uma “virada sociológica” nos Estudos da Tradução a partir dos anos 2000. Segundo Wolf (2014), essa virada logrou aguçar um 'olhar sociológico sobre as diversas agentividades e agentes envolvidos em qualquer procedimento tradutório, e mais especificamente sobre os fatores textuais que operam no processo da tradução'. Através do termo ''sociologia da tradução'' é possível identificar subáreas: uma voltada para os agentes envolvidos no processo tradutório (sociologia dos agentes), outra que tem como foco o processo em si, investigando, por exemplo, normas institucionalmente relevantes e regularidades nas decisões tradutórias de determinados profissionais (sociologia do traduzir), e uma terceira, cujo objeto de análise é o produto cultural resultante do processo de tradução (sociologia do produto). No que tange à tradução especificamente, Munday (2012, p. 234) considera o editor, o tradutor e o revisor, as figuras do autor do texto de origem e o leitor da obra traduzida, estando aquele no início e este no final do processo de elaboração de uma obra traduzida. É sobre essa rede de agentes envolvidos no processo tradutório que o pesquisador tem que voltar a sua atenção. Isso implica, lançar mão de uma perspectiva etnográfica, visto que o ato de traduzir envolve inescapavelmente questões de natureza cultural. E considerando-se que a rede formada pelo entrecruzamento de tarefas executadas por agentes, faz-se necessário que cada um  precise ‘traduzir’ significados nos seus próprios termos a fim de se fazer entender (CHESTERMAN, 2017, p. 319).

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