Funcionalismo: Algumas considerações

Serviço Público Federal[pic 1][pic 2]

Ministério da Educação

Fundação Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Programa de Pós-Graduação em Letras – Mestrado/Doutorado

Disciplina: Teorias da Linguagem

Docente: Prof. Dr. Michel Gustavo Fontes

Discente: Arielly Ferreira Berlandi

Data de entrega: 29/06/2018

FUNCIONALISMO LINGUÍSTICO: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

A abordagem funcionalista concebe a língua como um instrumento de comunicação, e defende que esta não pode ser considerada como um objeto autônomo, mas uma estrutura submetida às pressões provenientes das situações comunicativas, que exercem grande influência sobre sua estrutura linguística. A visão da linguagem como um instrumento de interação social objetiva mostrar a instrumentalidade da linguagem em situações sociais. Segundo Dik (1989) o compromisso principal do enfoque funcionalista é descrever a linguagem não como um fim em si mesmo mas como um requisito pragmático da interação verbal. (cf. Dik, 1989, p.2). Assim, o funcionalismo analisa a estrutura gramatical tendo como referência a situação comunicativa inteira: o propósito do ato de fala, seus participantes e seu contexto discursivo. Uma vez que essa abordagem é focada na instrumentalidade da língua, a concepção de língua/linguagem é relacionada à como os usuários fazem para alcançar seus objetivos comunicativos. Segundo Dik a visão de língua no funcionalismo é, “instrumento de interação social entre seres humanos, usada com o intuito de estabelecer relações comunicativas.” (DIK, 1997, p.3).

Diante do exposto podemos entender que o interesse de investigação linguística dessa abordagem, seu objeto de estudo, é analisado além da estrutura gramatical. O formalista busca na situação comunicativa, que abrange as partes aqui já mencionadas – os interlocutores, seus objetivos e o contexto – a motivação para os fatos da língua. Ele busca a explicação das regularidades verificadas no uso da língua no momento da interação e analisa as condições discursivas em que esse uso ocorre. Podemos dizer que o objeto de análise vai além da sintaxe.

O funcionalismo, entretanto, não despreza a forma, nem lhe atribui papel secundário, ele a valoriza e analisa seus aspectos manifestados a partir do uso. Dessa forma, consideram-se os pontos de vista semânticos, pragmáticos, dialetais, sociais, icônicos, discursivos, psicológicos, entre outros.

Importante salientar que o funcionalismo não é sinônimo de avanço, as outras abordagens têm adeptos ao redor do mundo, cada uma com seu ponto de vista, delimitação de objetos e metodologias. Como bem nos lembra Saussure em sua famosa afirmação, “[...] é o ponto de vista que cria o objeto” (CLG, p. 39), assim, entendemos que cada abordagem pode analisar, de diferentes maneiras, aquilo que delimita como objeto.

Referências Bibliográficas

NEVES, M.H.M. A gramática funcional. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

PEZATTI, E.G. O funcionalismo em linguística. In: MUSSALIN, F. BENTES, A. C. (orgs.). Introdução à linguística: fundamentos epistemológicos. Vol 3. São Paulo: Cortez, 2004. P. 165-218.  

SAUSSURE, F. Curso de linguística geral. 28ª ed. Tradução de Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein.São Paulo: Cultrix, 2012.

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