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MACHADO DE ASSIS E SHAKESPEARE: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE “A CARTOMANTE” E “OTELO

Por:   •  22/6/2017  •  Artigo  •  3.689 Palavras (15 Páginas)  •  645 Visualizações

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MACHADO DE ASSIS E SHAKESPEARE: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE “A CARTOMANTE” E “OTELO”

MACHADO DE ASSIS AND SHAKESPEARE: A COMPARATIVE STUDY BETWEEN "THE CARTOGRAPHER" AND "OTELO"

RESUMO: Este artigo tem por objetivo discorrer sobre a Literatura Comparada. Busca entender como se dá a relação entre conceitos como influência, mimese e originalidade presentes na obra de Machado de Assis, e como o estrangeiro, a literatura inglesa, mais especificamente a do escritor William Shakespeare contribuiu para a formação literária de um dos maiores escritores da Literatura Brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Literatura Comparada. Machado de Assis. William Shakespeare.  

ABSTRACT: This article has with purpose ckeck up the characteristics of the Comparative Litterature. But for this, seeks to understand how come about the relation between concepts of influence, mimese, originarity  on the Machado de Assis work. And how the english litterature, in particular, the works of the writer William Shakespeare, contributed for the literacy formation of the one of the graters writers of national literature.

KEYWORDS: Comparative literature, Machado de Assis, William Shakespeare.

Introdução

De acordo com Henry H.H. Remak (1980, p. 429-437), a literatura comparada pode ser compreendida como o estudo da literatura para além das fronteiras de um país particular; e o estudo das relações entre literatura, de um lado; e de outras áreas do conhecimento - as artes, a filosofia, a sociologia - de outro. Dessa maneira, pode-se afirmar que se trata de uma disciplina que não possui um campo específico de estudo, e sim a que busca estabelecer entre campos de saber e conhecimento.

O autor René Welleck (1994) viu a Literatura Comparada como uma multiplicidade de saberes e resultante de um posicionamento fronteiriço surgida de uma reação às histórias literárias isoladas. Nos estudos literários, a teoria, a crítica e a história colaboram para atingir seu objetivo principal: a descrição, a interpretação e a avaliação de uma obra ou de qualquer conjunto.

É assim que a Literatura Comparada se apresenta como uma espécie de estudo da Literatura além das fronteiras de um país específico, além do estudo das relações entre literaturas e diferentes áreas. A Literatura Comparada permite fazer a síntese, tornar significativas a conclusões sobre estudos literários, bem como tornar disponíveis para outras disciplinas, nações e o sistema mundial de saber e conhecimento essa síntese resultante das comparações.

A tarefa da Literatura Comparada é dar aos professores, estudiosos, estudantes e leitores uma compreensão melhor e mais completa da Literatura como um todo em vez de um segmento departamental, que seria a Literatura Geral. E sobre essa questão, Remak (1980) faz a distinção entre Literatura Comparada e Literatura Mundial a afirmar que nesta última há o objetivo de medir o “reconhecimento” em todo o mundo do que seria a Literatura consagrada, com diferenças de grau, como espaço, tempo, qualidade e intensidade.

Já a Literatura Comparada não compreende somente a Literatura consagrada, engloba autores considerados de segunda linha, literaturas menores, de terceiro mundo, literatura colonizada, pós-colonial etc. A Literatura Comparada tem um método, a mundial não. Obras, autores, tendências, temas, são realmente comparados para justamente trazer uma melhor compreensão da literatura e suas muitas realizações.

Dessa maneira, é valido afirmar que a Literatura Comparada desenvolveu-se em contraposição aos estudos de literaturas nacionais?

Coutinho (2006) explica:

Surgiu em contraposição aos estudos de literaturas nacionais ou produzidas em um mesmo idioma, a Literatura Comparada traz como marca fundamental, desde os seus primórdios, a noção da transversalidade, ao assegurar à disciplina um caráter de amplitude, confere-lhe ao mesmo tempo um sentido de inadequação à compartimentação do saber que, como afirma Wlad Godzich em seu The Culture of Lteracy, dominou as instituições e ensino no Ocidente a partir do Iluminismo, e projeta a Literatura Comparada em um terreno pantanoso, cujas fronteiras, frequentemente esgarçadas, tornam difíceis quaisquer delimitações. Assim, desde a época de sua configuração e consolidação como disciplina acadêmica, as tentativas de defini-la estende-se desde aos que, iludidos pela ideia da comparação, a veem como um simples método de abordagem do fenômeno literário, até os que a tomam, no sentido amplo, como área do conhecimento.  (COUTINHO, 2006. p.41).

É possível afirmar que a Literatura Comparada, dentre outras características, possui a da intertextualidade. É também por conta deste fato que esta disciplina bebe de outras fontes para construir-se. A intertextualidade aparece como constituinte do texto literário. Esta intertextualidade faz parte do exercício que a Literatura Comparada permite fazer. Um exemplo disto é a relação que se estabelece entre uma obra contemporânea e outra escrita há séculos atrás.

Concordamos com Nitrini (1991):

A intertextualidade introduz um novo modo de leitura que solapa a linearidade do texto. Cada referência textual é o lugar que oferece uma alternativa: seguir a leitura encarando-se como fragmento qualquer que faz parte da sintagmática do texto ou, então, voltar ao texto de origem, operando uma espécie de anamnésia, isto é, uma invocação voluntária do passado, em que a referência intertextual aparece como elemento paradigmático “deslocado” e provindo de uma sintagmática esquecida. Estes dois processos operando simultaneamente semeiam o texto com bifurcações que ampliam o seu espaço semântico. (NITRINI, 1991. p. 164-165).

É o que acontece com os escritos de Machado de Assis, nos quais se pode notar grande uma presença de traços característicos da literatura de William Shakespeare. Em que a intertextualidade vence séculos, fronteiras linguísticas e diferenças culturais para reverberar entre textos. Com relação a isso, outras categorias importantes, como conceitos de influência, imitação e originalidade, acabam sendo recorrentes quando trata se de Literatura Comparada.

Sobre tais categorias, Sandra Nitrini (1991) comenta:

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