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O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NAS SALAS DE AULA DA EJA FOCO NOS GÊNEROS TEXTUAIS

Por:   •  13/8/2018  •  Artigo  •  4.811 Palavras (20 Páginas)  •  252 Visualizações

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O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NAS SALAS DE AULA DA EJA: FOCO NOS GÊNEROS TEXTUAIS

Aurineide Profírio Barros Correia[1]

Valéria Campos Cavalcante[2]

Eixo Temático: 15. Estudos da linguagem

RESUMO

Este artigo é um recorte de uma pesquisa realizada em 2013 que teve como objetivo analisar o ensino de Língua Portuguesa (LP) em duas salas de aula das turmas de pós-alfabetização da Educação de Jovens e Adultos (EJA), é um estudo de natureza qualitativa envolvendo diferentes abordagens metodológicas, tendo a preocupação em ampliar os estudos sobre Linguagem na EJA. Fundamentaram este artigo Kleiman (1989), Marcuschi (2001, 2002, 2005), Ribeiro (2002, 2003), entre outros. Analisando o ambiente escolar investigado, constatamos que o ensino de LP está sendo limitado, uma vez que nas atividades de leitura e escrita realizadas nas salas de aula observadas, poucos foram os gêneros textuais utilizados, assim, negou-se aos educandos da EJA o contato com uma maior diversidade de gêneros textuais oriundos das diversas situações e fatos sociais, mais próximos dos estudantes.

Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos, Língua Portuguesa, gêneros textuais

                                       ABSTRACT

This article is an excerpt from a survey conducted in 2013 that aimed to examine the teaching of Portuguese language classrooms in two classes of post-literacy Education for Youths and Adults (EJA), is a qualitative study involving different approaches metodológicas. Tendo concern in expanding this mode of teaching, studies on language in the EJA. Some authors justifying this article were Kleiman (1989), Marcuschi (2001, 2002, 2005), Ribeiro (2002, 2003), among others. Analyzing the school environment investigated, we found that the teaching of Portuguese language is being limited, since in reading writing activities conducted in the classrooms observed were few textual genres used in this way refused learners EJA contact with a wider range of textual genres arising from different situations and social facts, closer to the students.

Keywords: Youth and Adults, Portuguese, textual genres

1.Considerações Iniciais

A partir do final dos anos de 1970 e início da década de 1980, observa-se um deslocamento dos princípios orientadores do ensino, não só de língua, mas das disciplinas em geral. Deflagra-se um vigoroso processo de questionamento e revisão do ensino vigente, é a gênese de um movimento que se propõe reconceitualizar os objetos de ensino, juntamente com os pressupostos e procedimentos didáticos, superando a perspectiva do ensino de gramática descontextualizada, a partir de frases soltas, tomando o texto como referência para o ensino de Língua Portuguesa.

Toda essa discussão está sendo garantida em alguns documentos oficiais do Ministério da Educação voltados para o ensino da língua portuguesa, sobretudo para a EJA. Esses documentos não indicam apenas mudanças curriculares, apontam, fundamentalmente, para um novo paradigma educacional. Isso de fato foi um avanço para a prática do Ensino de Língua Portuguesa na EJA, já que durante muito tempo a análise de frases e palavras soltas era o procedimento mais adotado no desenvolvimento de capacidades de linguagem nas aulas de língua portuguesa para esse público.

Surge, assim, uma nova perspectiva de ensino da língua para o público da EJA, pautada numa visão centrada na noção de interação, na qual a linguagem verbal constitui-se numa atividade e não num mero instrumento. Em consequência desta concepção de língua, o texto adquire um papel relevante no ensino, tanto da leitura quanto da escrita.

A perspectiva de ensino da língua na EJA baseada no texto está pautada num conceito de língua como interação, compreendendo a escrita como prática social e reconhece que todo texto (oral ou escrito) realiza um propósito particular em uma situação específica, uma vez que todo texto se organiza dentro de um determinado gênero, segundo Marcuschi (2000) usa-se a expressão gênero textual como uma noção propositalmente vaga para referi aos textos materializados que encontramos em nossa vida diária e que apresentam características sócio-comunicativas  definidas por conteúdos, propriedades funcionais, estilo e composição característica.

Nesse sentido, o Ensino de Língua Portuguesa na EJA que visa o domínio textual requer uma intervenção ativa do professor e o desenvolvimento de uma didática específica. Estando o gênero textual no centro do ensino de língua, a gramática passa a ter um papel secundário e posterior ao domínio e ao uso da linguagem.

        Por esse motivo, ressaltamos a importância de se oportunizar aos estudantes da EJA situações de leitura e escrita baseadas em situações autênticas de produção de texto e leitura no interior da escola. É preciso que os textos reais, frutos de situações reais de uso, passem a fazer parte do cotidiano nas salas de aula da EJA e não mais sejam considerados apenas como modelos escolares tradicionais baseados nos textos clássicos.

O cenário da investigação da prática de leitura foram duas salas de aula de pós-alfabetização[3] de uma escola pública municipal com todos os seus elementos constitutivos. Concebemos esse espaço como um macroevento, no qual acontecem microeventos de letramento. Ou seja, situações de interação face a face que são constituídas principalmente pelas ações e reações de professores e alunos, quase sempre mediadas por textos escritos. Dependendo da forma como esses eventos são organizados dentro da sala de aula poderá ou não haver o desenvolvimento de várias habilidades linguísticas.

        Partindo desses pressupostos, este artigo traz algumas reflexões, sem a intenção de esgotá-las, sobre a Identidade dos estudantes da EJA em Maceió, bem como a prática do professor da EJA nas aulas de leitura a partir do uso dos diversos gêneros na sala de aula. Nessa discussão, metodologicamente, organizamos o artigo em  dois eixos discursivos: 1. Identidade dos estudantes da EJA em Alagoas, 2. A sala de aula da EJA: Um olhar sobre os gêneros textuais no Ensino de Língua Portuguesa

1. Identidade dos estudantes da EJA em Alagoas

Os Jovens e Adultos que frequentam as turmas da EJA, em Alagoas, são pessoas que possuem conhecimentos adquiridos na vida cotidiana, através das experiências com familiares, comunidade, mundo do trabalho, e em saídas e entradas da escola. Podem ser caracterizados de acordo com a visão de Freire (2001), como pessoas que possuem uma leitura de mundo que antecede a leitura da palavra. Entretanto, muitas vezes, as experiências anteriores e os conhecimentos prévios desses alunos são simplesmente apagados ao chegarem à escola.

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