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Relação entre “conteúdo e expressão” em um texto não verbal, em termos do percurso do olhar.

Por:   •  22/3/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.263 Palavras (6 Páginas)  •  879 Visualizações

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Considere a relação entre “conteúdo e expressão” em um texto não verbal, em termos do percurso do olhar.

ANÁLISE DO QUADRO ANUNCIAÇÃO, DE LEONARDO DA VINCI (1452 -

1519)

        Iniciamos nosso trabalho com uma pesquisa sobre a teoria semiótica francesa de Julien Algirdas Greimas (1917-1992). Através dela pudemos compreender que existem textos verbais, não verbais e sincréticos. Texto verbal é toda ocorrência sociocomunicativa que remete a uma unidade verbal concreta oral ou escrita, usada pelos falantes de uma língua, em uma situação discursiva, com sentido e função interativa e texto não verbal pode ser constituído de outras linguagens diferentes da verbal (escrita ou falada), como a visual (vídeo, fotografia, desenho, escultura e pintura); a musical (música e sons); ou a corporal (dança, mímica). Já o texto sincrético utiliza-se de mais de um recurso de expressão, uma peça teatral, uma canção, uma história em quadrinhos. Segundo Greimas qualquer tipo de texto é formado por um “plano de conteúdo” e um “plano de expressão”.

A análise da imagem tem por finalidade verificar como são construídos os sentidos, ou seja, o processo de significação no quadro. Dentre outros conceitos, verifica-se a junção e/ou disjunção entre aquilo que a semiótica discursiva greimasiana denomina Plano de Conteúdo e Plano de Expressão. 

No plano de conteúdo, há as estruturas da significação organizadas em um “percurso gerativo de sentido”, enquanto que no plano de expressão, no caso da pintura, inclui a cor, a espacialidade, a luz e a forma.

Nesse trabalho, analisamos o quadro de  Leonardo da Vinci,  Anunciação, que consiste em uma representação do anjo Gabriel no momento que anunciava a Maria que ela fora escolhida pelo Senhor para ser a mãe de Jesus, seu filho.

O quadro "Anunciação" (figura abaixo), de Leonardo Da Vinci, foi escolhido por revelar sistematicamente os elementos de sentido caros à mentalidade renascentista e corrente clássica de expressão visual (WÖLLFLIN apud FLOCH, 1986).

Nele, o autor procurou ressaltar a importância do homem por meio de técnicas e elementos expressivos, dos quais pode-se observar, no plano da expressão, os seguintes: no quesito da luminosidade, o autor trabalha com oposições entre claro e escuro, no intercurso da perspectiva e da oposição entre os planos que se depreendem dela.

Anunciação. Leonardo da Vinci.

Pintura a óleo. 98,4 X 217 cm. Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

Fonte:

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No plano do conteúdo, os elementos manifestam-se como partes do sentido, isto é, da significação. As figuras são modeladas por meio de elementos dispostos de maneira espaçada, ritmada, escandida. Sugere-se, pela interação dessas figuras, planos, pinceladas e cores, o equilíbrio entre o elemento angelical e o do ser humano. Ou seja, o autor sugere a complementação entre a fé e a racionalidade; entre a natureza e a civilização, entre a divindade e a humanidade.                    

Há uma oposição entre a luminosidade dos elementos figurativos e de cenário nos distintos planos da perspectiva, e essa oposição se dá também entre o lado esquerdo e o lado direito do quadro.

Ocorre intercalação de luminosidade em cada lado, ou seja, em primeiro plano, à esquerda, predominam tonalidades claras, no anjo que anuncia, em suas asas e em suas roupas. No personagem que recebe a mensagem, por sua vez, predominam tons escuros em suas roupas e auréola.

Nos cabelos das duas figuras, no entanto, ocorre o oposto: o cabelo do anjo que anuncia é escuro, em meio às tonalidades claras. Na outra figura, o cabelo é claro e a indumentária é escura.  No fundo da imagem, tem espaço uma claridade forte, que se opõe à escuridão do canto direito da tela, o que, por sua vez sugere o mistério, o desconhecido.

Em termos de espacialidade, a sensação de distância subjacente ao fundo, composto por uma natureza inabitada, sugere um ambiente distanciado, um ambiente idílico, qual no paraíso – cenário provável, uma vez que combina elementos de realidade e irrealidade – como houvesse uma simbiose entre o elemento divino e a própria natureza.

A disposição das figuras em relação ao fundo é bastante marcada por meio da perspectiva, em diversos níveis de disposição dos elementos na tela: as árvores são dispostas mais ao fundo do que as figuras, e as montanhas mais ao fundo do que as árvores. Há dois blocos maciços de pedra entre as árvores e as figuras angelicais. Isso reforça a divisão do quadro em vários planos, o que aponta também para um ritmo marcado.

No quesito da temporalidade, tem-se que, por intermédio de desenhos bem torneados em pinceladas firmes, precisas e harmoniosas, cria-se uma impressão de calma, tranquilidade, compassibilidade, certeza e doçura, características da maternidade idealizada.

Os gestos realizados pelas duas figuras parecem medidos, repletos de sentidos cifrados, específicos para a decodificação de alguma mensagem celestial. Esses gestos traduzem a impressão de serem realizados com calma e paciência infinitas. Isso gera a ideia da estaticidade, que permeou toda a concepção medieval acerca da temporalidade humana.

Leonardo di Ser Piero da Vinci , ou simplesmente Leonardo da Vinci (Anchiano15 de abril de 1452 — Amboise2 de maio de1519), foi um polímata italiano, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento que se destacou como cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico, poeta e músico. É ainda conhecido como o percursor da aviação e da balística. Leonardo frequentemente foi descrito como o arquétipo do homem do Renascimento, alguém cuja curiosidade insaciável era igualada apenas pela sua capacidade de invenção. É considerado um dos maiores pintores de todos os tempos e como possivelmente a pessoa dotada de talentos mais diversos a ter vivido. Segundo a historiadora de arte Helen Gardner, a profundidade e o alcance de seus interesses não tiveram precedentes e sua mente e personalidade parecem sobre-humanos para nós, e o homem em si [nos parece] misterioso e distante.

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