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Resenha Para Conhecer Morfologia

Por:   •  1/7/2017  •  Resenha  •  1.211 Palavras (5 Páginas)  •  1.586 Visualizações

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Figueiredo Silva, M. C; Medeiros, A. Uma breve introdução dos problemas clássicos da morfologia. In _____ Para conhecer Morfologia. São Paulo. Contexto, 2016, p. 9-25

Alessandro Boechat de Medeiros é doutor em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2008) e, atualmente trabalha com Teoria e Análise Linguística. Maria Cristina Figueiredo Silva possui doutorado na universidade de Genève (1994), atua em Teoria e Análise Linguística, na área de Gramática Gerativa. O capítulo a ser resenhado tem como objetivo abordar um conjunto de problemas clássicos da Morfologia e as diferentes respostas dadas por teóricos ao longo dos anos. Os problemas escolhidos no capítulo foram: a noção de palavras, classes de palavras e flexão e derivação.

A morfologia é uma das áreas mais recorrentes dos estudos gramaticais. É a parte mais avançada das gramáticas normativas e seu estudo remodela os primeiros conceitos da gramática tradicional. No decorrer do capítulo uma série de problemas morfológicos clássicos foram analisados, e devem ser estudados pois recebem tratamento superficial e incoerente nas gramáticas tradicionais.

Na maioria das vezes, os estudos tradicionais se voltam para a palavra, tema central da morfologia. Tais estudos tratam de problemas que merecem atenção. O primeiro problema é: o que é uma palavra? A gramática tradicional de Cunha e Cintra (2001: 75), por exemplo, define palavra como “uma unidade maior do que o fonema e menor do que a frase”. A definição de frases dos mesmos autores é diferente de nossa definição intuitiva. Para eles, frase é a menor unidade comunicativa. Contudo, uma frase pode ser composta por uma única palavra, o que afeta em partes o significado de palavra.

O problema de definição de palavra é ainda mais sério. Apesar de a maior parte das palavras da língua serem formadas por mais de um fonema, também existem palavras constituídas por apenas um fonema, como o artigo definido a ou o verbo ser na 3ª pessoa do singular do presente do indicativo, que tem a forma é, por exemplo. Este último exemplo mostra que uma palavra pode ser formada por apenas um fonema e consistir em uma unidade comunicativa completa.

Uma palavra pode ser formada de apena um fonema e valer por uma frase. O problema pode ser inserido nas seguintes proposições: ainda que a gramática tradicional determine uma ordenação com base no tamanho das unidades “frase”, “palavra” e “fonema” para chegar à definição de palavra, o que os fatos da língua exibem é que em termos de tamanho tais unidades não se diferenciam, uma vez que podem ser idênticas, ou seja, um mesmo elemento da língua pode representar diferentes unidades.

Assim sendo, os autores apontam, de forma enfática e necessária, que a definição de palavra exposta por esses gramáticos é inadequada, pois não diferencia de outras unidades variadas a unidade que deveria ser definida, abarcando as que fazem parte da definição.

Ainda sobre noção de palavra, é possível observar que existem na língua unidades intermediárias entre as unidades intituladas pela gramática tradicional, que seriam, no caso, frase e palavra, como grupos nominais e expressões idiomáticas. E entre palavra e fonema há, por exemplo, as sílabas e determinados formativos morfológicos. Os autores afirmam que o problema não é especificamente só dessa gramática normativa, as gramáticas de Carlos Henrique da Rocha ou Cegalla, por exemplo, trazem definições similares a essa, às vezes usando o critério de escrita; é possível identificar a palavra na escrita porque é o termo que aparece cercada por espaços em branco.

O texto diz que o problema não é corriqueiro, apesar de sermos capazes de dizer o que é uma palavra do português e o que não é, os conhecimentos morfológicos tradicionais encontram dificuldade para definir com precisão esse objeto gramatical. Efetivamente, as definições das gramáticas tradicionais nos parecem satisfatórias porque já sabemos intuitivamente o que são palavras.

A definição do que é palavra depende do quadro teórico em que se está tentando articular tal definição, pois é possível acontecer de a unidade “palavra” não ser a unidade mais relevante para determinada teoria. A questão de saber se os processos morfológicos se aplicam sobre palavras, sobre pedaços de palavras (afixos, radicais etc.), ou se em ambos, dependendo do processo morfológico, está indiretamente ligada o problema de definição de palavra.

É possível notar que a gramática tradicional não questiona se a unidade significativa da Morfologia realmente é a palavra, começando pelo fato da palavra pertencer à alguma classe, exigência que não pesa sobre os pedaços de palavra.

O segundo problema é a classificação de palavras, melhor dizendo, a divisão das palavras em diferentes grupos segundo determinadas propriedades da sua interpretação e/ou forma.

De início, as classes de palavra nos parecem irrefutáveis e necessárias. A primeira pergunta que deve ser feita é: será que é realmente necessário dividir as palavras em diferentes classes? Os estudiosos reconhecem como incontestável a necessidade de colocar as palavras em diferentes classes, uma vez que têm propriedades morfológicas diferentes. A NGB propõe uma divisão em dez classes, mas a principal questão não é sobre o número de classes. O ponto central é: que critérios conduz essa classificação? Não é possível identificar uma resposta para tal questão, mas é possível observar um conjunto de problemas para tal classificação adotada pela gramática tradicional: ela não é precisa, ela é pouco útil e ela não é homogênea.

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