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Resenha do texto de Laan Mendes de Barros intitulado Cântico dos Quânticos: ciência e arte nas canções de Gilberto Gil. Revista Fronteiras

Por:   •  27/9/2016  •  Resenha  •  818 Palavras (4 Páginas)  •  346 Visualizações

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RESENHA[1]

BARROS, Laan Mendes de. Cântico dos Quânticos: ciência e arte nas canções de Gilberto Gil. Revista Fronteiras – estudos midiáticos X(1): 14-22, jan/abr 2008.

Claudia de Souza Mota da Paz*

Utilizando-se de conceitos, por vezes, opostos o autor se propõe a descortinar dois ramos do conhecimento humano: ciência e arte, desdobrando seus encontros e desencontros tendo como “pano de fundo” a “poética e a estética” das músicas de Gilberto Gil, notadamente, referenciadas no álbum Quanta, sem, contudo se resumir a esse trabalho do artista. Para tanto, usa como referenciais teóricos princípios sobre estética elaborados pelo filósofo alemão do século XIX Friedrich Hegel. Outrossim, intenta articular tempo e espaço, razão e emoção, intelecto e sensibilidade, cultura e tecnologia nas composições do compositor baiano. Para dar conta dessa tarefa, concilia à perspectiva de Jean Caune, acerca dos conceitos sobre comunicação e cultura, a proposta de análise sobre técnica, espaço e tempo do geógrafo baiano e de Milton Santos.

Finalmente, dessa interação conceitual sua apreciação perpassa pela compreensão da canção popular, enquanto manifestação do que ele chama de “cultura midiática da sociedade contemporânea”. Arrazoa, portanto, que a canção popular é um discurso midiático criador de cultura. Assim, para alinhavar sua argumentação, tem como pressuposto a comunicação, que conceitua como prática social, construída e consumida no “contexto de mediações culturais”. Segundo, o autor essas mediações nas sociedades contemporâneas ocorrem em “dinâmicas de relativização temporal e espacial”.

“Esteticamente”, organiza o artigo em três momentos distintos que se complementam e dialogam levando o leitor a identificar naturalmente essa fluência. Destarte, no primeiro momento, centraliza a discussão entre os ramos do conhecimento ciência e arte. Chama a atenção, por sua vez, a partir do trabalho de Gilberto Gil no álbum Quantum, acerca de questões epistemológicas, onde o artista, segundo ao autor, relacionam conceitos supostamente opostos, como razão e emoção, sentimento e pensamento. Assim, extrai de algumas músicas que evidenciam essa relação que o artista vai construindo, por vezes poética, mas numa linguagem contextualizados aos avanços tecnológicos e mesmo de conceitos e teorias que estavam em vogas no momento histórico vivido, notadamente, no que concerne a relatividade entre tempo e espaço. Para apoiar seus argumentos, convoca Milton Santos e suas concepções sobre diacronia e sincronia do tempo histórico para demonstrar que na contemporaneidade, a tecnologia permite as pessoas estarem submetida simultaneamente a vários meios e mensagens. Isto levaria, a uma intensificação da simultaneidade do tempo. Por fim, ressalta que Gilberto Gil estava ciente do seu tempo: contemporaneidade, sem se afastar do entendimento que a tecnologia afeta a vida do homem, discutindo questões profundas a respeito da humanidade entrelaçando com as “coisas simples do cotidiano”.

“A arte é irmã da ciência”, neste subtítulo, ao que parece, faz uma provocação. Assim, a partir da própria estruturação da música, demonstra a sua aproximação de conceitos tão caros à ciência: objetividade e subjetividade. Deste modo, mais uma vez, a concepção de Hegel sobre a estética, particularmente, sobre a música é seu lastro teórico para conciliar arte e ciência, portanto, simetria e assimetria. Arrazoa, ao que tudo indica, que essas formas de conhecimentos se complementam, se intercruzam, pois, ressalta a “falsa” ideia de que a verdade seria exclusiva da ciência, bem como seus métodos seriam insuficientes para intender a “integralidade” do ser humano. Assim, a objetividade e subjetividade seriam conceitos complementares para entender o homem dentro de suas relações sociais e culturais como um todo.  Somando-se a isso, salienta que a estética está ligada à fruição. Esta, por sua vez, refugiando-se, novamente, em Hegel, permitiria um diálogo entre o contemplador e a arte, a partir de seu local cultural. Destarte, a produção de sentidos se daria “no campo da vivência, tempo espaço no qual se localiza o fruidor”. Deste modo, na contemporaneidade, a música como arte intimista, possibilitaria a pluralidade de sentidos concernentes às posições de quem as escutam, alimentando, por conseguinte, nossa condição humana. Correlacionando-a, ao fenômeno midiático, disserta que a música moderniza a oposição entre cultura e mundo natural, traduzido agora, na “interface cultura/tecnologia.”

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