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Resumo "A lava a jato como purgação e maldição"

Por:   •  18/8/2017  •  Resenha  •  1.457 Palavras (6 Páginas)  •  292 Visualizações

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A Lava Jato como purgação e maldição

Coluna escrita por Eliane Brum, publicada no site do jornal El País. No primeiro instante a escritora já é precisa ao dizer que para combater a corrupção é preciso produzir justiça através de memórias dos crimes já cometidos. As raízes da atual crise estão no próprio processo de retomada da democracia após 21 anos de ditadura civil-militar, milhares de pessoas morta e torturadas, o principal motivo da nossa crise está no apagamento dos crimes e na impunidade dos torturadores, seguimos a diante sem punir os escrupulosos torturadores e com o trauma vivido por quem foi torturado. O Brasil é um país que para retomar a democracia precisou esconder os esqueletos no armário por este motivo é um país com a democracia deformada. Tudo que recomeçamos sem ter resolvido o que ficou lá atrás , acaba não dando certo e causando efeito contrário.

Verificamos o uso da palavra "purgação" que se refere não a purgação pelo ser humano mas precisamente pelo dinheiro, pois o mobiliza são os bens materias , a ganância , enquanto que a vida segue se ferindo mortalmente todos os dias. A "maldição" é a deformação da nossa democracia, e isso não é somente culpa dos agentes da operação e sim do povo brasileiro que deixa cair no esquecimento as tristezas vividas.

Em um determinado momento foi pedida a revisão da Lei da Anistia que servia para punir torturadores, portanto a Comissão da Verdade pouco mobilizou a população , e o STF decidiu não rever a Lei. O ministro Carlos Ayres Britto afirmou em 2010 que " ... a humanidade tem o dever de odiar seus ofensores porque o perdão coletivo é falta de mémoria e de vergonha". A melhor e mais verdadeira frase dita nos últimos tempos.

O descaso e a falta de competência por exemplo, vem quando um deputado federal chamado Jair Bolsonaro (PSC) durante o impeachment da Presidenta Dilma Roussef (PT), homenageou um torturador e assassino, o coronel Carlos Alberto Ustra. O mais assustador é que o fato não causou horror na população.

Voltando a ditadura é bastante claro que a escolha pela conciliação e pelo apagamento da mesma, para além das circunstâncias do momento , tem raízes mais profundas do que imaginamos. O objetivo deste trabalho é trazer para a atual crise o significado dela existir, e que se continuarmos com estes apagões de memória vai nos levar cada vez mais para o fundo do poço, depois de tudo o que aconteceu deveríamos trazer a tona tudo o que se viveu na ditadura e fazer marca do vivido, em um país isto se faz com investigação, julgamento e punição, promovendo mémoria, debatendo e refletindo a todo momento incansavelmente.

Infelizmente a sociedade não se sente responsável pela história de atrocidades cometidas desde o “descobrimento” do Brasil. Temos exemplos claros, quem vai a Berlin por exemplo pode contar com vários monumentos e museus que mostram a história sobre o Holocausto, que afligiu milhões de judeus, homossexuais, ciganos e pessoas com deficiência, os alemães mantiveram as marcas de seu passado viva, as crianças já nascem com a lembrança do que aconteceu mesmo sem tendo vividas diretamente, lembradas a todo momento, nas escolas, nas ruas , um passo dado já serve para não esquecer o que houve, pois estão em todos os lugares das cidades.

Tem uma frase da escritora que diz : "não se vai a futuro nenhum negando o passado", a mais pura verdade .A reflexão na coletividade serve para evitar que os mesmos erros sejam cometidos novamente. A escritora cita a filósofa Hannah Arendt com a visão dela sobre responsabilidade coletiva e culpa : ela chama atenção pelo seguinte fato " quando somos todos culpados, ninguém o é. A culpa, ao contrário da responsabilidade, sempre seleciona, é estrintamente pessoal". " Somos coletivamente responsáveis pelo que é feito em nosso nome". Arendt explicita: “somos sempre considerados responsáveis pelos pecados do nosso país [...]”.

Seria engraçado se não fosse trágico , o brasileiro tem o dom de naturalizar os benefícios que foram executados pelos antepassados; resistem em tomar a responsabilidade pelas trocidades cometidas anteriormente pela nação. Então em um país de esquecimentos , justiça é confundida com vingança.

Familiares e oprimidos lutam sozinhos, buscando justiça, porém são cada vez menos ouvidos. Elaine traz em seu texto o exemplo da Argentina, país que também teve uma Ditadura Civil-militar. Em 02 de maio a Corte Suprema argentina aprovou a aplicação do " 2x1"- cada dia de prisão conta como dois para quem teve prisão preventiva por mais de dois anos sem condenação- para Luis Muiña, condenado por tortura e sequestro durante a ditadura. Esse ocorrido reuniu milhares de argentinos, que foram as ruas protestar, fazendo com que a Corte votasse impedindo a regalia do 2x1. Esse ato de protesto argentino foi o grito que o Brasil deveria ter dado lá atrás para não cair no esquecimento do que houve

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